Vibrantes leitores, como sói acontecer nesta coluna, dou um dia de folga aos soldados do Dunga, que assim podem preparar-se melhor para pegar o Chile na segunda (28), na penúltima rodada das oitavas. Não podem é ser pegos pelos comandados de Napoléon Bielsa, el loco. Mas não dá para deixar de falar que a seleção canarinho está mais perto do hexa do que nunca. Em tese. Na comparação com os hermanos, até a final, teremos depois do Chile, pela frente, ao vencer cada mata-mata, Holanda e Uruguai. Os pibes de Maradona terão de quebrar pedras, a começar pelo México, no domingo (27), passando por Alemanha ou Inglaterra, mais Espanha ou Portugal no caminho. Em tese. Na bola, em campo, a Argentina está, até agora, 100%: só vitórias, 7 gols marcados, apenas 1 sofrido; Brasil somou 7 pontos, marcou 5 e levou 2. Quem mata-mata mais daqui pra frente? Eis a questão.
Celeste, suor e chuva As oitavas começariam, a meu ver, no sábado (26) com dois confrontos meia-boca: um pela diferença de tradição entre os oponentes, Uruguai e Coréia do Sul; outro pela incógnita do que poderiam fazer Estados Unidos e Gana. Ainda bem que me enganei. Uruguai e Coréia do Sul jogaram com empenho digno de duas equipes dispostas a decidir a partida, sem necessidade de prorrogação. E conseguiram. No primeiro tempo, os uruguaios foram melhores e chegaram ao gol, aos 7 minutos, com jogada pela esquerda. Forlán recebeu a bola lançada por Cavani, ajeitou e cortou pro meio, para lançar do outro lado em que vinha Suárez de trás. O centroavante concluiu com precisão no canto direito sul-coreano. Antes, a Coréia do Sul havia chegado com perigo, no primeiro minuto de jogo, em falta cobrada na trave esquerda de Muslera. Esses primeiros minutos foram o retrato da partida. Lugano comandava a defesa, segurando os avanços, sobretudo de Pyo pela esquerda, e os atacantes uruguaios trocavam de posição constantemente. Se a defesa uruguaia era precisa nas tomadas de bola era porque a pressão sul-coreana se fez sentir ainda nos primeiros 45 minutos. No segundo tempo, Óscar Tabárez trouxe Victorino no lugar de Godin, e a fortaleza celeste continuaria inexpugnável até os 22 minutos. A pressão dos asiáticos sobre os sul-americanos foi bem mais intensa na etapa final, disputadíssima sob forte chuva. Chung-Yong marcou, em raro cabeceio em que levou a melhor sobre Lugano, com Muslera também na jogada. A bola chegou até ele desviada para trás pela zaga, na área congestionada de atacantes e defensores das duas equipes. Mais um retrato do que foi a partida. Teve até pedalada de Pyo, que sempre foi um perigo com seus avanços pela esquerda. Mas prevaleceu a raça uruguaia, na partida em que os sul-coreanos não ficaram atrás na disposição ofensiva. Aos 35, depois de cobrança de escanteio da direita, a bola sobrou no rebote para Suárez, na área, limpar para o meio e chutar no canto esquerdo de Sung-Ryong. Daí até os 3 minutos de acréscimo, a disposição das duas equipes em campo não arrefeceu, e a Coréia do Sul teve chance de empatar de novo, com Dong-Gook, e por pouco Muslera não engole frango molhado. O chute saiu fraco, a bola passou sob o goleiro, passeou próxima à linha do gol, e Lugano saiu pro jogo. Lance que também retrata o que foi a primeira partida das oitavas que prometem mais emoção. A equipe que levou o Uruguai às quartas de final jogou assim:
O Uruguai, não se pode esquecer, é bicampeão mundial (em 1930, na primeira vez em que se realizou a competição; em 1950, na nossa casa com o Maracanã, novinho em concreto e superlotado), participou de 10 Copas com esta agora. De uns tempos para cá, o futebol no país vizinho não tem brilhado tanto. Mas na África do Sul, Lugano, Forlán & Cia se saíram bem no Grupo B, em primeiro lugar, sem levar um golzinho sequer. A celeste somou 7 pontos e balançou por 4 vezes as redes adversárias. Lugano simboliza a raça uruguaia, às vezes beirando os limites do irracional. Sugestivo que tenha nascido no distrito de Canelones. Forlán, o 10 deles, só falta cobrar escanteio (o que faz sempre bem) e ir cabecear; bola parada é com ele mesmo, assim como as que ficam ali na intermediária inimiga pedindo "me chuta, me chuta". Além disso, organiza as jogadas de ataque e finaliza as que competem a ele fazê-lo. A Coréia do Sul esteve em 8 Copas, incluindo a da África do Sul, numa sequência que vem desde 1986 (a primeira do país asiático foi em 1954). O máximo que conseguiu foi o 4o. lugar na de 2002, que sediou com o Japão. Nas demais esteve entre 16o. e 30o. Na África do Sul, seu desempenho até agora foi digno de nota por ter deixado para trás Nigéria e Grécia, mas alcançou o segundo lugar com 4 pontos, 5 a menos do que a Argentina, no topo; fez 5 gols e levou 6 (- 1).
África teve Gana Nem elefantes nem as Super Águias; Camarões também foram comida fácil. Gana tem no nome o que todo africano, acredito, esperava da seleção que enfrentou a dos Estados Unidos no segundo jogo de abertura das oitavas. Os 2 a 1 para o "time da casa" representam bem o que foi a batalha de Royal Bafokeng, em Rustembugo, definida na prorrogação. Batalha digna de heróis da bola, esta de sábado. Entre outros, Dempsey e Donovan, pelos Estados Unidos. Do outro lado, Gyan e Gana são dois nomes que se confundem, na diferença de apenas uma letra em lugar diferente. O número 3 comanda o time e provou isso na prorrogação, a primeira da Copa. Durante os 90 minutos, mais os acréscimos, foi o mesmo diapasão, e quando mais os Estados Unidos pressionaram e chegaram ao gol de empate, mais os ganenses se desdobraram para salvar a honra africana. Ayew e Boateng foram dois outros guerreiros, que chegaram ao limite de suas forças físicas. Foi de Ayew o passe para o gol da vitória, marcado por Gyan aos 2 minutos da prorrogação. Boateng foi quem abriu o placar, aos 5 do primeiro tempo de jogo, ao aproveitar a tomada de bola no círculo central e sair em arrancada pela esquerda, para colocar no canto esquerdo de Howard, mesmo acossado por um marcador. Do lado dos Estados Unidos, a mão do técnico pesou ao promover mudanças que deram mais ritmo no ataque, mas quem soube decidir foram Dempsey, em finta de muita categoria em Mensah, na área africana, sendo derrubado na sequência. Coube a Donovan cobrar com precisão o pênalti que deu o gol de empate aos Estados Unidos, aos 16 do segundo tempo. Gana chegou às quartas de final com:
Na primeira fase, ganenses, no Grupo D, e estado-unidenses, no C, fizeram campanha bem parecida, em que pese o segundo lugar dos africanos para o primeiro dos americanos do Norte, numa conquista dramática, nos acréscimos. EUA somaram 5 pontos; Gana chegou a 4; uma vitória pra cada lado; dois empates dos norte-americanos, um empate e uma derrota dos africanos; mas, em gols marcados e sofridos com o consequente saldo, Gana se saiu melhor: 5 a 1 (+ 4); Estados Unidos, 4 a 3 (+ 1). Frases da Copa
Por hoje, é isso. Lembro que o texto desta coluna sai também no site www.cliqueabc.com.br fotos: getty images, aft, reuters
Bolão da solidariedade Quem quiser bater um bolão em solidariedade, pode procurar a Defesa Civil em seu município e informar-se sobre a melhor maneira de ajudar as vítimas das enchentes no Nordeste. Pode também procurar a linha 08007260101, criada pela Caixa para receber doações. Artistas e atletas iniciaram campanha com o mesmo objetivo. Branquinha, que se tornou o símbolo máximo dessa catástrofe, virou o Haiti brasileiro, como descreve o jornalista Mauro Graeff, no Lance: "Vi na paupérrima cidade alagoana cenas iguais às do país da América Central arrasado por um terremoto. Chocante. Uma cidade sem água, sem luz, sem comida. E, pior, as pessoas sem casa para morar, revirando os escombros atrás de mortos ou de algo inteiro. Caos. É a única palavra que define a situação aqui". A Universidade Federal de Alagoas, por meio de Anamelea de Campos Pinto, avisa que organizou ajuda aos desamparados e pede para divulgar o site para colaborações: http://www.ufal.edu.br/ufal Saiba como fazer doações para vítimas da chuva no NE Os governos de Alagoas e Pernambuco criaram centrais de arrecadação de donativos para os afetados pelas chuvas que inundaram cidades e deixaram milhares de pessoas desabrigadas nos dois Estados. As maiores necessidades são de agasalhos, alimentos não perecíveis e água potável. O governo federal também lançou um blog (http://enchentenordeste.blogspot.com) para divulgar ações de ajuda aos atingidos e serviços para a população dos dois Estados. Veja como é possível ajudar as vítimas das chuvas: Em todo o País Alagoas
via: terra |
26 de junho de 2010
A SELEÇÃO CHEGOU A FICAR MAIS PERTO
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