Nino Prata Hexanquídeos leitores, me desculpem o palavrão aí, mas nada a ver com equídeos, e sim peixes em que se incluem os tubarões dotados de 6 ou 7 fendas branquiais, uma única nadadeira dorsal e um palato quadrado, articulado com a parte pós-orbital do crânio. Tudo de que precisamos como símbolo do sucesso da seleção canarinho em 2014. Seis ou sete fendas simbolizam o hexa que está por vir e os 7 jogos para consegui-lo (3 na primeira fase; 1 nas oitavas; 1 nas quartas; 1 na semi; e o derradeiro do grito: hexacampeão!!!). A única nadadeira desse tubarão faz com que ele dificilmente morra na praia, mesmo porque é bicho que alia sagacidade e força, e seu palato quadrado nos remete a quadrado mágico que, se bem escolhido e preparado, nos trará o hexa!!! E, por fim, é bom saber que nos hexanquídeos o palato é articulado com a parte pós-orbital do crânio. Tudo que faltou na África do Sul: não havia articulação eficaz do meio pra frente e, muito menos, crânio – cérebro, minha gente – em boa parte do elenco. Sábia mesmo é a Meire, “quase filha adotiva” de Zeduardo, de São Paulo (SP), que prestigia a coluna. Fanática, ela disse ao “paizão”, “entre lágrimas e risos”: “Ainda bem que a próxima Copa vai ser aqui. Assim a seleção não vai ter que voltar para casa!!!”. Zeduardo é desses brasileiros que têm muito mais o que fazer do que acompanhar a Copa como loucos que nem o colunista, mas avisa: “Tenho visto sim a ótima Copa & Cozinha. Um puta abraço”. Semifinais prometem; um pouco de lógica sempre tem Jargão dos mais conhecidos do futebol, o de que esse esporte não tem lógica precisa ser apreciado com moderação, a exemplo de certas bebidas. Pois não é que, na África do Sul, entre os candidatos à artilharia da competição estão Villa, Klose, Müller, Sneijder, Forlán e Suárez? Um espanhol, dois alemães, um holandês e dois uruguaios - jogadores que disputam as semifinais e estarão, em parte, na decisão final. A campanha de cada uma das respectivas seleções também mostra certa lógica, evidentemente porque, à medida que as equipes avançam, jogam mais vezes e podem somar mais pontos, fazer mais gols. Vamos conferir, abaixo, cada uma delas e o que o colunista viu nas partidas que as 4 semifinalistas disputaram. Se valessem apenas os pontos corridos, do início da Copa até hoje, a Holanda está nas semifinais com 15; Uruguai chegou a 13 (uma vitória nos pênaltis); Alemanha e Espanha têm 12. Em gols marcados, a Alemanha soma 13; Uruguai conseguiu 7 (mais os 4 na cobrança de pênaltis); a Holanda tem apenas 9; e Espanha soma 6. As 4 seleções estão equilibradas em gols sofridos: 3 da Holanda; 2 para cada uma das outras, à exceção do Uruguai que levou mais 2 em pênaltis pós-prorrogação. As semifinais, mais do que qualquer outra fase, prometem. Torço para que a Holanda conquiste, afinal, o seu primeiro título em Copas do Mundo, mas a Alemanha anda atropelando quem lhe atravesse o caminho. Pior para o Brasil, que em caso da conquista germânica, terá mais uma seleção no seu calcanhar-de-aquiles e ainda pode ver Klose superar Ronaldo na artilharia da história da competição. Holanda – única que chega a 100% com seu futebol cerebral e bem jogado. O jogo de estreia contra a Dinamarca foi um show de talentos individuais, porém contidos, no placar de 2 a 0 para a equipe em que se destacaram Van der Vaart e Van Persie. No duelo de Vans e Sens, a laranja deu o primeiro passo para superar, como deseja Bronckhorst, a fama de jogar bem sem ganhar o Mundial. Laranjas em campo são sempre garantia de jogo bonito – se não for no gramado, pelo menos na torcida. Em seu segundo, a equipe de Bert van Marwijk confirmou que a fruta estava madura. Von Bommel-De Jong-Van Persie-Kuyt, pela esquerda; Von Bommel-Heitinga-Sneijder, pela direita, em passes precisos e pra frente, superaram a rígida disciplina tática japonesa e venceram por 1 a 0 com gol de Sneijder. Na terceira partida, Camarões custaram pra ser o prato da vez: camarão na moranga. Van Persie e Huntelaar marcaram nos 2 a 1, que garantiu a seleção com 100% na primeira fase. Eto´o diminuiu em pênalti bem cobrado. O placar de 2 a 1 para a Holanda sobre a Eslováquia, no jogo das oitavas no Estádio Moses Mabhida, em Durban, não retratou o domínio de bola e a técnica dos laranjas, bem superiores aos dos adversários. Mas teve a ver com o que é capaz de fazer uma seleção bem armada e que procura o ataque até o último segundo. A surpresa da Copa, apontada por analistas, já dissera a que veio ao despachar a tetracampeã e atual detentora do título, a Itália. Robben e Sneijder garantiram o 100% da seleção na Copa, ao marcar para os laranjas,e Vittek cobrou pênalti com categoria para diminuir o placar. Não dá para discutir números, a menos que sejam manipulados. A Holanda continua 100% na Copa, a cada partida amplia a sua invencibilidade. Jogo bonito, bonito mesmo, não existe mais, pra desespero de quem, a meu exemplo, gosta de futebol jogado com técnica, pra frente. Nas quartas, os laranjas ganharam dos soldados de Dunga, de virada: 2 a 1, gols de Robinho e Sneijder. Alemanha – se não está 100% em pontos corridos, a artilharia é pesada com seus panzers implacáveis. No jogo de estreia, num domingo (13), aplicou a primeira goleada da Copa, ao bater a Austrália por 4 a 0 com Podolski, Klose, Müller e Cacau ditando o ritmo e os gols saindo com naturalidade, nascidos de jogadas rápidas e passes precisos. Bastou vir a segunda partida, e o susto. Alemanha e Sérvia fizeram o jogo mais dramático da Copa até ali - dramático para os alemães, claro, que perderam por 1 a 0, levaram uma sacola de cartões amarelos na bagagem e um vermelho para Klose. Se não bastasse, Podolski perdeu pênalti, defendido por Stojkovic. Nem a blitzkrieger foi suficiente para romper a muralha sérvia, que mais se consolidava quando o tempo de jogo ia pros estertores. Ao fechar a participação no Grupo D, o jovem Özil, fez 1 a 0 aos 14 do segundo tempo, depois de receber passe na medida de Müller (outra revelação germânica), da direita, e acertar o pé, em finalização precisa, à meia altura, no canto direito de Kingson. Com o gol a Alemanha passou a liderar o Grupo. A Alemanha pegou a Inglaterra nas oitavas e devolveu com juros e correção monetária o título perdido, em gol duvidoso, em 1966. No domingo (27), foi 4 a 1 para a Alemanha, fora o baile. Sim, porque em alguns minutos do segundo tempo, os chucrutes puseram na roda os apreciadores do chá das cinco. Era dia de chope, que aliás deve ter acabado em Bloemfontein porque as duas torcidas são boas de copo; a Alemanha, também de Copa. Klose abriu o placar, seguido de Podolski (1) e Müller (2); Upson diminuiu para os britânicos. A Alemanha serviu o shokolade al tango, que deve ter descido quente e amargo goela abaixo dos comandados de Dieguito. Nas quartas, foi 4 a 0, fora o baile. Müller, Klose (2) e Friedrich fizeram os gols, em exibição impecável de Schweinsteiger no comando do espetáculo. Uruguai – o que sobrou dos sul-americanos, com méritos na competição, e em boa hora repõe a celeste em lugar do qual nunca deveria ter saído. No confronto dos azuis, na segunda partida da Copa, Forlán e Lugano sobressaíram no time de Óscar Tabárez, mas para quem entrara em campo sabendo que, se houvesse um vencedor, estaria líder do Grupo A, o 0 a 0 deve ter sido frustrante. No segundo jogo, a celeste não tomou conhecimento dos donos da casa e sapecou 3 a 0 nos bafana bafana de Parreira. Começavam a brilhar o talento e o faro de gol de Forlán. O camisa 10 ficou então na artilharia da Copa com seus dois gols; o terceiro foi de Álvaro Pereira. A terceira partida do Grupo A colocou a celeste em briga de hermanos com o pessoal do sombrero, para ver qual dessas seleções ficaria em primeiro, para não ter de pegar, ou ser pega, pelos comandados de Maradona nas oitavas. Quem se deu melhor foram os uruguaios, ao vencer o jogo por 1 a 0 com Suárez, que teve o trabalho de apenas escorar, de cabeça, cruzamento preciso de Forlán. Uruguai e Coreia do Sul jogaram as oitavas com empenho digno de duas equipes dispostas a decidir a partida, sem necessidade de prorrogação. Prevaleceu o melhor futebol de Forlán e Suárez. Este fez 2 a 1 para a celeste; Chung-Yong marcou o dele, em raro cabeceio em que levou a melhor sobre Lugano e Muslera, que também estava no lance. Em jogo franco e muito disputado, nos seus 120 e poucos minutos, uruguaios e ganenses, com o empate de 1 a 1, chegaram a um final eletrizante das quartas. Gana saiu na frente, com Muntari; o Uruguai empatou com Forlán. Nos pênaltis, foi 4 a 2 para a celeste. Espanha – belíssimo elenco que ainda deve futebol mais efetivo. Que o diga o jogo de estreia, em que experimentou o amargo sabor do chocolate suíço, ao perder por 1 a 0. Resultado que, se não traduz o que foram as chances de gol criadas, porém comprova que no futebol não basta ter nome; tem de jogar com objetividade. Na segunda partida, perdeu-se em preciosismos, como já acontecera na rodada inicial, com toques a mais. Fez 2 a 0 em Honduras, com David Villa, aos 17 do primeiro tempo; um golaço em lançamento de Piqué; foi dele também o segundo gol, logo aos 5 da segunda etapa. A goleada que se desenhava não aconteceu, e o camisa 7 ainda perdeu pênalti. No jogo em que a Espanha venceu o Chile por 2 a 1, a melhor notícia veio para o Brasil. Os espanhois, que a meu ver ainda não mostraram tudo de que são capazes, ao assumir a liderança do Grupo H e enfrentariam Portugal nas oitavas. Com o segundo lugar os chilenos seriam os adversários do Brasil. Villa marcou o terceiro dele, Iniesta fez o segundo, e Millar com a bola desviada em Piqué descontou. O zagueiro espanhol não está com sorte na competição. A Fúria ainda não me convenceu, ao passar das oitavas por 1 a 0 num joguinho, a meu ver, feio de lascar contra Portugal. Villa, sempre ele, salvou a pátria das touradas. Nas quartas, o Ellis Park mais parecia uma plaza de toros, com o irritante toque de bola espanhol e a fúria paraguaia na busca de uma vitória. As mexidas do técnico argentino Gerardo Martino na seleção guarani parecem ter surpreendido os toureiros de Vicente Del Bosque. Villa chegou ao quinto gol dele, está na artilharia isolada, mas ô placar magro, sem-vergonha: 1 a 0. Abres-se a caixa-preta Começa a ser aberta a caixa-preta da delegação brasileira que foi à África do Sul tentar o hexa. Peritos anônimos e declarados dizem, por exemplo, que: . Jorginho teria defendido que a equipe ficasse isolada e sem folgas; . Dunga e seu fiel escudeiro teriam exigido que parentes de atletas ficassem no Brasil, porém Jorginho levou mulher e filhos para Joanesburgo - (conforme a Folha de S. Paulo) Julinho Pernambucano chegou a comparar Dunga ao francês Domenech: . “Infelizmente eles são iguais. Como jogador, Dunga já adorava o conflito. Sua comunicação foi desastrosa, respondendo de forma agressiva. Ele trouxe energia negativa para a Seleção, disparou o ex-meia canarinho a Le Journal Du Dimanche. (nada a ver com desmanche, bem-entendido; apenas domingo) O médico José Luiz Ronco parece ter acordado do autossono e revelou a jornalistas: . “Kaká tinha 85% de condições”. A meu ver, um absurdo! Se o doutor Ronco, digo, Runco já sabia da forma física não ideal do camisa 10 para um torneio de tiro curto como a Copa do Mundo, deveria tê-lo vetado. Se sabia e comunicou isso ao técnico, Dunga que assuma a total irresponsabilidade por insistir em escalar um meia-bomba no time. Feitos do Brasil Para não dizer que os soldados de Dunga não chegaram a algum feito inédito na Copa, tenho de registrar que conseguiram tomar o único gol norte-coreano da vida dessa equipe na competição. E o carateca-de-pau Felipe Melo fez o primeiro gol brasileiro contra em Copas. Abre o olho, gente! A Fifa deu o gol pro Sneijder. Pós-Copa brasileira “A goleada alemã sobre a Argentina evidenciou o erro de Dunga ao menosprezar o talento, ao desprezar a juventude” - (Mariucha Moneró, jornalista) “A Alemanha joga à brasileira, a Holanda joga à brasileira, a Espanha joga à brasileira... só o Brasil joga a la Dunga e seus companheiros de viagem (ou melhor, de estocagem)” - (Alberto Helena, jornalista) “Futebol é uma caixinha 2 de surpresas” - (Ricardo Teixeira, segundo Agamenon Mendes Pedreira) “Ele está fazendo um grande Mundial, mas temos no nosso elenco jogador para substituí-lo” - (Joachim Löw, técnico alemão, sobre o segundo cartão amarelo de Müller) “Estarmos entre os quatro é fantástico, importante para todos nós” - (Vicente Del Bosque, técnico espanhol) “Esta seleção está resgatando uma história que o Uruguai já tinha... hoje as pessoas estão nas ruas comemorando, como ocorre no Brasil” - (Pablo Forlán, pai de Diego, o 10 uruguaio) “Jogamos de forma organizada... deveríamos ter feito quatro ou cinco gols, sobretudo na fase final” - (Bert Van Marwijk, técnico holandês) Por hoje, é isso. Mensagens para esta coluna devem ser enviadas para ninoprata@yahoo.com.br fotos: agência brasil Lembro que o texto desta coluna sai também no site www.cliqueabc.com.br fotos: aft, reuters charges: sinovaldo, edera, rico, elvis |
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