' à vontade' para ver as Copas no Brasil Jogo pra história: defesa impecável... ... meio de campo soberano... ... ataque matador: 4 vezes campeão! 'Roja' de raiva
Nino Prata 1o./07/2013 - Esta 13a. coluna que escrevo não foi planejada para ter este número, amuleto de Zagalo: 13. E não é que deu Brasil 3 a 0 contra a Espanha na final dos sonhos?! Muito se falou, antes da partida, às vezes com pitadas de autoconfiança e até com uso de metáforas (cereja no bolo de uns; Fusca vendido caro por outros - ver Notas), e o que se viu de fato no remoçado Maracanã foi que a razão - mesmo nem sempre tendo lógica no futebol - estava do nosso lado. Eu me arrisco a dizer que foi exibição impecável, histórica. Não entendi, por exemplo, por que Del Bosque escalou Mata, com a 13 - mais um amuleto zagalino. Gracias! Com Mata ou sem, com Iniesta, Xavi, Busquets, Piqué, Sergio Ramos e Casillas; Alba, Aberloa (gracias!), Pedro (?!) e Torres (depois entraram Azpilicueta, Navas e Villa), a melhor seleção do mundo não foi páreo para os brasucas. Cabalisticamente, Fred abriu o placar aos 2 do primeiro tempo, raçudo, estatelado no chão mas encobrindo Casillas, em arremate de direita, e fechou aos 2 do segundo, metendo a bola entre as pernas de Azpilicueta (isso lá é nome de jogador?) e longe do alcance do goleiro; Neymar fez o segundo da partida, aos 44 do primeiro tempo, outro golaço num tirambaço de canhota por cima do experienteportero, depois de bela troca de passes com Oscar. O time de Felipão foi bem do goleiro ao ponta-esquerda (como se dizia lá nos anos a perder de vista), salvo o vacilo de Marcelo no pênalti sobre Navas, que Sergio Ramos desperdiçou. Piqué, então, bem que tentou impressionar Shakyra, mas foi expulso por pegada feia em Neymar, que partiria pra dentro da área espanhola. Eles terão tempo pra se desculpar, se entender no Barça... Iniesta, a meu ver, foi quem mais tentou fazer algo pra mudar a história do jogo, mas jogo histórico sempre se conta do lado vencedor. O Brasil poderia ter feito um ou dois gols a mais. Já a Espanha, se ameaçou, foi uma ou outra vez, porém encontrou Júlio César em mais uma excelente jornada e, quando poderia ter marcado, David Luiz tirou a bola a meio metro (se tanto) da risca do gol. O 4 brasileiro, de nariz quebrado e tudo, não baixou a crista. Empurrada pela torcida - desde o hino cantado a plenos pulmões com os jogadores, nos pedidos de 'Olé!', ao grito de "O campeão voltou" -, a equipe brasileira mostrou estar no caminho certo. Por enquanto, ganhar a quarta Copa das Confederações, invicta, vencendo na final a ainda toda-poderosa Roja, passando pelos campeões mundiais Itália e Uruguai, sem a baba do Taiti (que os espanhóis experimentaram), por enquanto, repito, está de bom tamanho. Há muito caminho ainda a percorrer, por isso que venham amistosos de peso - contra Alemanha, Holanda, de novo França, Inglaterra, Itália, quem sabe a própria Espanha (duvido que topem) -, que se mantenha e se reforce o grupo. E que os gritos das ruas sejam ouvidos o quanto antes. Aí, sim, teríamos brasileiras e brasileiros contentes, muito mais do que com a seleção, com as conquistas de suas legítimas reivindicações. Aqui a coluna se despede, prometendo voltar na Copa Fifa 2014, quando certamente o País terá mudado para melhor. Preliminar de luxo Uruguai e Itália fizeram na Fonte Nova, em Salvador, o que considero uma preliminar de luxo do jogo principal do dia. O início, às 13 horas, me fez lembrar os tempos de criança, em São José dos Campos (Vale do Paraíba), no bairro dos mineiros: era missa às 11 da manhã e o futebol em seguida, nos campos de várzea, em que clássicos memoráveis foram disputados. Guardadas todas as proporções, foi como senti o clima ludopédico deste domingo (30). No confronto dos reclamões da competição (os uruguaios se queixaram da falta de local adequado para treinar, de dificuldades em se locomover nas cidades, de intransigência da Fifa quanto a horário de reconhecimento de gramado e, até mesmo, houve quem ficasse preso em elevador; os italianos, por sua vez, também reclamaram da falta de local de treino adequado, das viagens e jogos em cidades distantes umas das outras e, até mesmo, de lesões), para decidir quem seria terceiro e quarto colocados dentre oito seleções, a Itália escalou una squadra de muitos reservas, enquanto o Uruguai foi de força máxima. Força, aliás, que nem sempre é característica elogiável nos hermanitos. Deu 3 a 2 para a Itália - gols de Aquilani, El Shaarawy, Giaccherini; e Cavani, Suárez, na cobrança de pênaltis. Buffon salvou a Azurra na primeira cobrança, caindo certo no chute de Forlán, e também no quarto e quinto chutes de Cáceres e Gargano. Muslera ainda defendeu a cobrança do lateral De Sciglio, mas insuficiente para tirar a diferença. Teve de tudo um pouco na partida, até vira-casaca da torcida, que começou pela Itália e terminou do lado uruguaio; valeu principalmente a superação das duas equipes, que empataram por 2 a 2 no tempo normal de jogo (placar que se repetiu durante a prorrogação), com direito a dois golaços de falta, respectivamente de Diamanti e Cavani - jogadores que foram os destaques de suas equipes. Os dois também fizeram as jogadas quando o placar esteve igual por 1 a 1. Diamanti cobrou falta da direita enganando Muslera, que esperava cruzamento; a bola bateu na trave direita, no cangote do goleiro e sobrou para Astori empurrar de leve em cima da linha; já Cavani se aproveitou de bobeira da zaga italiana, que perdeu a bola em sua intermediária; o atacante uruguaio recebeu, dentro da área, cortou e mandou de pé direito, tirando Buffon da linha da bola, que morreu mansinha no canto esquerdo. O resultado, parelho, fez jus a duas seleções que têm história no futebol - seis títulos mundiais -, contam com elencos de respeito em clubes europeus (a Itália, aliás, veio com uma seleção quase 100% feita em casa) e, terminada a Copa das Confederações, precisam ça se ocupar das eliminatórias para a Copa do Mundo 2014. Os 43.382 torcedores assistiram a uma partida honesta, que certamente entrou na história da renovada Fonte Nova como marco dos eventos oficiais de sua inauguração. Não é a todo momento que se tem a oportunidade de ver preliminar de luxo desse nível. Pena que decidida nos pênaltis. Taiti não conta - Felipão, em entrevista antes do jogo: "Sabemos que a Espanha, nesta Copa das Confederações, praticamente teve um jogo a menos, porque no jogo contra o Taiti todos foram trocados. Os jogadores, então, se recuperaram, estão em perfeitas condições para o nosso jogo", disse, cheio de confiança em que seria possível derrotar o rival, com todo o respeito. Irônico - Vicente Del Bosque, técnico da Roja, disse depois da classificação espanhola para a final: "Agora, é Espanha e Brasil. Vamos ver se estamos à altura desse jogo para dar uma resposta aos brasileiros", provavelmente ironizando as vaias que sua equipe recebeu em cada partida realizada na competição. Desejo atendido - Jesus Navas, que decidiu a semifinal ao marcar o 7o. gol espanhol, nos pênaltis, ao interpretar o que rola entre os jogadores: "Nós queríamos estar na final, queríamos jogar contra o Brasil e vamos desfrutar essa situação". Xavi também havia manifestado estar perto de realizar sonho de menino: jogar um dia na Maracanã contra os donos da casa. Azedou o bolo - "Vencer o Brasil numa final em sua casa e fazer um novo Maracanazo é a cereja que falta no bolo desta seleção." Arbeloa, lateral direito, dando a entender como o confronto era visto no elenco espanhol. Na Roja desde 2007, o jogador não via como ignorar o atual favoritismo da sua equipe: "Vamos para o jogo com a cabeça bastante erguida e o peito cheio". Neymar e o Fusca - Mais solto que de costume numa entrevista coletiva, Neymar usou de metáfora para falar do estado de espírito entre os canarinhos antes da partida: "Quando eu era pequeno, meu pai me disse... que eu tinha de vender meu Fusca caro. Tem de suar... A gente tem de vender o Fusca caro. Foi o que a Itália fez. Vendeu o Fusca caro". Fred pegador - "Agora que as minhas bolas começaram a entrar, estou com a confiança lá em cima." O 9 brasileiro, 3 gols em 2 jogos, tá podendo... Mais um na conta - Até o confronto deste domingo (30), Espanha e Brasil haviam se enfrentado 8 vezes (5 delas em Copas do Mundo e 3 amistosos), com 4 vitórias brasileiras, 2 empates e 2 vitórias espanholas, num total de 11 gols brasileiros e 8 espanhóis. Confira placar e ano de cada jogo: Copas do Mundo - Brasil 1 x 3 Espanha (1934); Brasil 6 x 1 Espanha (1950); Brasil 2 x 1 Espanha (1962); Brasil 0 x 0 Espanha (1978); Brasil 1 x 0 Espanha (1986). Amistosos - Brasil 1 x 0 Espanha (1981); Brasil 0 x 3 Espanha (1990); Brasil 0 x 0 Espanha (1999). Com o resultado da final desta Copa das Confederações botamos mais um resultado expressivo em nossa conta. Afinal, a Espanha não perdia há 29 jogos, e sabe-se lá quando tomou um vareio de 3 a 0. |