' à vontade' para ver as Copas no Brasil Jesus decide pra Espanha Nino Prata Espanhóis e italianos reviveram no Castelão, em Fortaleza, de forma dramática, a final da Eurocopa 2012, ao disputar a semifinal do Grupo B da Copa das Confederações. A Espanha precisou da ajuda de Jesus Navas (que fechou a série de cobranças de pênaltis) para vencer o confronto por 7 a 6. Foram 90 minutos de tempo normal, mais acréscimos, prorrogação (também com acréscimo no seu primeiro tempo), num grau de calor e umidade que extenuaram os atletas e fizeram o placar ficar em 0 a 0. Jesus Navas foi uma das substituições que Del Bosque fez, para ver se abria a retranca italiana pelos flancos. Foram dele alguns lances mais agudos, desperdiçados nas finalizações, que não saíram de acordo com a categoria que a Roja costuma mostrar. Mesmo as estrelas Xavi e Iniesta não conseguiram repetir atuações que fazem a seleção espanhola ser ainda a melhor do mundo. E mais temida. Temor não foi, porém, o que demonstrou a Itália de Cesare Prandelli, mas antes a cautela. A torcida era nitidamente italiana, apoiando a Azurra em sucessivos gritos de Itália! Itália e 'olé!'. Não se sabe se por achar que a Azurra pudesse ser adversário mais fácil para o Brasil na final de domingo (30) ou se por alguma bronca com membros da delegação espanhola que não teriam sabido se comportar nos momentos de folga. Os dois motivos, na verdade, carecem de sustentação, mesmo porque se a Itália deu trabalho - e muito - para a Espanha, imagina se seria presa fácil do Brasil. Os italianos, historicamente, valem bem mais que os espanhóis no futebol. Afinal, são 4 vezes campeões do mundo, contra apenas um título espanhol. Mas, nos últimos cinco anos, a Espanha se tornou o papa-tudo: duas Eurocopas (2008 e 2012) e o Mundial na África do Sul. Prandelli, dessa vez, ao contrário do que aconteceu na final da Eurocopa (quando ousou encarar a Roja por igual), ressuscitou o catenaccio, escalando três zagueiros, um lateral direito, cinco meio-campistas e apenas um atacante de ofício. O máximo que conseguiu foi conter o toque de bola espanhol e criar mais situações de gol a seu favor, principalmente no primeiro tempo. A Itália soube marcar as peças-chaves da Espanha e chutar mais a gol, não com muita pontaria. Pecar nas finalizações, aliás, foi algo comum às duas seleções. Até em bolas mandadas na trave italianos e espanhóis foram iguais: 1 a 1. Quando as conclusões teriam endereço certo, os cabeceios e chutes saíram fracos, nas mãos dos goleiros, com raras exceções. Embora muito pegado, o jogo se desenvolveu num total de faltas civilizado. O desgaste físico de lado a lado contribuiu também para que a partida não fosse a esperada em gols. Torres, David Silva e Pedro não brilharam, enquanto que o solitário Gilardino pouco pôde fazer para balançar as redes de Casillas. Pirlo também não brilhou em cobranças de falta, mas foi mais eficiente nos passes que Iniesta. Esses contrapontos todos podem servir de espelho para Felipão armar a sua seleção de modo a aproveitar o que os italianos fizeram de melhor e os espanhóis ficaram devendo. Parreira é um dos que não vê a hora de encarar a Espanha. Acredita que a equipe, da qual é coordenador técnico, está em condições de incomodar a Roja. Incomodar só não basta; tem de se fazer gols. Que Deus o escute, e que Jesus não jogue no time adversário. Banho de garrafinha - Jogadores das duas seleções tomaram o que se pode chamar de banho de garrafinhas de água, tal o nível de desgaste físico. Dentro e fora do gramado era comum ver também massagens, aplicação de bolsas de gelo em todo o corpo: da cabeça às pernas de alguns atletas. Isso é que é chegar junto - Itália e Espanha chegaram juntos antes mesmo de a partida começar. Os ônibus e os comboios que conduziram as duas seleções à Arena Castelão por pouco não congestionaram o acesso ao portão destinado ao acesso das delegações. Foi questão de minutos. Trabalho facilitado - Montar uma seleção espanhola não deve ser tarefa das mais difíceis. É só observar Barcelona e Real Madri, para escolher titulares e reservas, acrescentando um ou outro espanhol que atua no exterior. Quem diz é Marcos Senna, que atuou pela Fúria. Perguntar não ofende - Em sucessivos boletins noticiosos que pude ver na telinha, correspondentes brasileiros diretamente de Madri informavam que a temperatura na capital espanhola estava nos 30 graus. A mesma registrada em Fortaleza, na hora do jogo. Por que tanto desgaste, então, de espanhóis em campo - só pela excessiva umidade? E pensar que para a Copa do Mundo estão previstos jogos com início às 13 horas daqui. |