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29 de setembro de 2015

It's Only Rock And Roll - 13 lições financeiras do rock para os negócios




Este não é mais um texto com analogias forçadas sobre obviedades. Seria fácil dizer que as harmonias do The Beach Boys deveriam estar presentes no trabalho em equipe ou que Madonna e David Bowie são exemplos de reinvenção; não é este o objetivo aqui.
Esta é uma lista de casos em que se sobressaem aspectos financeiros, extraídos do mundo da música pop, rock e gêneros próximos; só indiretamente se vinculam a elementos artísticos.
Se você tiver interesse, poderá considerá-los mais detalhadamente consultando os links abaixo. Eles mostram que o domínio de certos fundamentos da gestão é algo a buscar, aprimorar e aprofundar em qualquer negócio.
1. Beatles, a Apple e o olho do dono. Extrema desorganização contábil, falta de um plano de negócio, ignorância de finanças e administração, contratações absurdas de pessoal e a ausência total de controle de gastos quase levaram os Beatles à falência nos anos 60.

2. Kiss e a expressão da ética capitalista. Uma das bandas que mais espelha o conceito de negócio empresarial organizado, duradouro e coerentemente orientado é a banda Kiss. Concedeu licença para cerca de 3.000 itens, entre automóveis, caixões, papel higiênico, produtos infantis, picolés, cerveja e histórias em quadrinhos. O grupo é proprietário de uma cafeteria temática e um time de futebol americano, além dos itens tradicionais que qualquer grupo de rock tem.
 3. Emerson, Lake and Palmer e a gestão de custos. Em 1977, o grupo de rock progressivo se lançou em uma turnê de 11 meses, planejada para ser a maior excursão de rock da história até então. Faziam parte dela 63 roadies, uma orquestra com 70 pessoas e coro, dois contadores, um médico, um cabeleireiro, um instrutor de caratê, 7 caminhões com equipamento e três ônibus. O resultado foi uma notável proximidade da ruína financeira e, depois, a dissolução do conjunto.
 4. Twisted Sister: sobrevivendo à ruína financeira. Dee Snider é o líder da popular banda de heavy metal Twisted Sister. Sua marca é o enorme cabelo loiro, maquiagem pesada e batom. Depois do grande sucesso comercial com seu terceiro álbum, relações difíceis com o empresário do conjunto levaram a sucessivas perdas, até que em 1990 o grupo requereu falência por não ter como pagar as dívidas acumuladas com seus produtores. A recuperação se deu sob a forma de um programa de rádio (The Dee Snider Show), vendido e reproduzido em diversos países; e com o recebimento de direitos pela canção "We're Gonna Take It", pagos por grupos de ativistas políticos que a usam como hino.
 5. Isley Brothers, os gastos e os impostos. Ron Isley foi o fundador e vocalista dos Isley Brothers, um grupo de longo e duradouro sucesso desde 1959 com um repertório de R&B, soul, funk e rock and roll. Extravagâncias pessoais com mansões e iates, e falta de controle dos gastos levaram-no à bancarrota nos anos 80, mostrando que seria bom não ter deixado as finanças pessoais ultrapassarem certos limites. Recuperou-se na década seguinte mas foi condenado em 2006 a três anos de prisão por sonegação fiscal, dando mostras também da diferença que poderia ter feito uma boa gestão tributária.
 6. Jerry Lee Lewis e a sensibilidade da demanda. Um dos pioneiros do rock and roll e um dos maiores artistas de todos os tempos, Lewis observou um fenômeno importante com suas receitas nos anos 60. Depois que se casou com sua prima bem mais jovem do que ele, suas receitas de US$ 10 mil por show passaram a US$ 250. Nos anos 80, suas dívidas com impostos chegavam aos três milhões de dólares. Nunca conseguiu se recuperar financeiramente.
 7. Iron Maiden e o mix de receitas. Bruce Dickinson, vocalista da banda Iron Maiden, afirmou que a redução das receitas com CDs levou à estratégia de criar músicas para conquistar novos fãs, para lucrar com outros produtos como camisetas, cerveja e outros itens licenciados. Antes de lançar a cerveja Trooper, havia recebido a proposta de criar um vinho tinto associado ao Iron Maiden mas entendeu que o produto não tinha afinidade com a banda nem com seus fãs. Passou seis meses preparando e escolhendo a cerveja, que hoje é uma das marcas mais bem sucedidas da Grã-Bretanha.
 8. A engenharia financeira dos Rolling Stones. Nos anos 60, os impostos pagos pelos Rolling Stones chegavam a representar entre 83% e 98% de suas receitas. Um especialista em finanças recomendou que mudassem seu domicílio tributário para a França. O grupo passou a ter um serviço permanente de aconselhamento em engenharia financeira, que envolveu a assinatura de novos contratos com gravadoras, a reestruturação das finanças, o melhor planejamento financeiro das turnês e a assinatura de contratos de propaganda com grandes empresas, que tornaram global o alcance da marca Rolling Stones. Em 2005 os impostos representavam 1,6% das receitas dos três membros da formação original (Mick Jagger, Keith Richards e Charlie Watts).
 9. U2, Rod Stewart, David Bowie e a questão tributária. Além do caso mais conhecido dos Rolling Stones, vários outros artistas buscaram exílios tributários que lhes permitissem pagar menos impostos. David Bowie e Marc Bolan se mudaram para a Suíça. Rod Stewart e o Bad Company, para a Califórnia. Ringo Starr passou a viver em Monte Carlo. Sting se mudou para a Irlanda. Em 2006 o U2 mudou sua base empresarial para a Holanda. Keith Richards resume a situação, dizendo sobre o governo inglês: "Fomos embora, e eles perderam tudo. Nenhum imposto, afinal de contas".

10. David Bowie e a securitização de receitas. Em 1997, David Bowie lançou títulos do mercado de capitais que antecipavam o recebimento das receitas de 25 álbuns (287 canções) gravados antes de 1990. Eles foram comprados por US$ 55 milhões pela Prudential Insurance Company of America e pagaram uma taxa de 7,9%, superior à das notas do tesouro na época (6,37%). Atualmente são conhecidos por celebrity bonds os títulos que antecipam direitos relacionados com direitos sobre propriedade intelectual de artistas conhecidos. James Brown e The Isleys Brothers fizeram a mesma coisa depois.
 11. Grateful Dead e o modelo freemium. O grupo lida bem com a existência de produtos piratas oferecendo vantagens suplementares para quem adquire seus produtos "Premium" e conferindo direitos adicionais de compra combinada a quem já tenha adquirido alguns de seus produtos e serviços.

12. Garbage e a pressão dos custos. Em abril de 2015, o grupo Garbage pretendia usar fotos produzidas pelo fotógrafo Pat Pope em um novo livro destinado aos fãs. Esperava que elas fossem cedidas gratuitamente mas não recebeu a necessária autorização. Os quatro membros do conjunto declararam no Facebook estar aprendendo rápida e dolorosamente a necessidade de cobrir certos custos de produção para poder viabilizar um projeto.

13. Hermeto Pascoal e a importância de ser flexível. Assim como outros artistas, o multi-instrumentista, compositor e arranjador Hermeto Pascoal faz uso de diferentes formatos em suas apresentações. Atualmente faz shows com cinco formações: junto com seu grupo, juntamente com a cantora e instrumentista Aline Morena, em shows solo, com uma Big Band e com uma Orquestra Sinfônica. Não raro apresenta workshops junto com músicos locais das cidades que visita. 
www.sescsp.org.br
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José Luís Neves é profissional da área de planejamento e finanças. Administrador  e economista, tem mestrado em Administração pela USP. Possui mais de 25 anos de experiência em empresas de consultoria e serviços como gestor de finanças coordenando processos de controladoria, financeiro e contábil. Reside em São Paulo, SP.