18 de junho de 2010

O lado triste da África do Sul

Quase 20% dos adultos presentes à abertura da copa seriam HIV positivo

Se o estádio Soccer City, onde a seleção sul-africana estréia a Copa contra o México nesta sexta-feira estivesse com sua capacidade máxima de 88 mil pessoas completa por adultos, 16 mil seriam portadoras do HIV, segundo as estatísticas.

Dados do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e Aids (Unaids) indicam uma soro prevalência na África do Sul de 18.1%. Entre as mulheres grávidas, é ainda maior: 29%.

O país tem uma variação significativa na soro prevalência por província, variando de 39,1% em KwaZulu-Natal para 15,1% em Western Cape.

As parcerias sexuais múltiplas e concorrentes sem o uso constante do preservativo estão entre os principais fatores de propagação do vírus. "É muito comum na África do Sul que homens e mulheres tenham relações extraconjugais durante vários meses e anos, criando assim uma grande corrente de transmissão do vírus", explica a pesquisadora Sue Goldstein, do Instituto Soul City, um projeto multimídia de promoção da saúde.

Nas zonas rurais, onde vivem cerca de 40% da população, mitos também contribuem para o aumento da epidemia. Não são raras as falsas histórias de que a aids poderia ser curada através da relação sexual sem preservativo com uma pessoa virgem.

Em abril deste ano, o atual presidente, Jacob Zuma, lançou um audacioso plano nacional contra a epidemia, que pretende realizar, até 2011, testes de HIV em 15 milhões de pessoas, contra 2,5 milhões em 2009, e fornecer o tratamento com antirretrovirais a 1,5 milhão de pessoas, contra cerca de 1 milhão no ano passado.

Presente no lançamento dessa iniciativa, o diretor executivo da Unaids, Michel Sidibé, declarou: "A África do Sul pode destruir a trajetória da epidemia causada pelo HIV".

Com várias atividades voltadas à mudança de comportamento e o aumento de pessoas tratadas, a epidemia na África do Sul mostra uma pequena redução nos últimos anos.

Dados do Unaids apontam para um declínio significativo entre os jovens com idade inferior a 20 anos, cuja prevalência foi de 13,7% em 2006 comparado a 15,9% em 2005.

Apesar dos avanços, o país ainda tem como maior desafio a mudança de hábitos tradicionais que propagam o vírus. Zuma, o mesmo presidente que lançou o audacioso plano contra a aids e foi a público fazer o teste de HIV, admitiu em 2006 ter mantido relações sexuais sem camisinha com uma mulher com HIV e afirmou ter tomado banho depois do ato, acreditando que isso reduziria o risco de infecção.

via: isaude. agencia aids

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