Nino Prata Honrosos leitores, Daniel Alves (1m71, 64 kg) deu entrada mais dura em Júlio Baptista (1m87, 86 kg), que ficou no chão sem gostar nem um pouco do que sentiu. É o que se chama de trombada, duelo de gladiadores ou, até, briga do baixinho Davi contra o gigante Golias. Haja disposição, não: pegar o Julião e, ainda, depois bater boca com ele. Não deve ser por falta de pão porque, aí, ninguém teria razão. A fome de vaga de Daniel Alves fez outra vítima, ao derrubar o meia Elano, que se queixou de dor no tornozelo. Pelo jeito, o lateral não gosta de meias ou quer tirar alguém da posição para aumentar suas chances de ser escalado. Aliás, Julião é meia-atacante (nunca entendi direito o que isso significa). Pra mim, tá mais pra meio atacante... É salutar o empenho dos atletas que se preparam para a competição, mas que o estoque de faltas mais pesadas se esgote antes da estréia do Brasil contra a Coréia do Norte porque os cartões amarelos (e até um vermelho, logo no primeiro dia - e tinha de ser prum uruguaio) estão à solta, por recomendação da Fifa. Ainda bem que acordo cedo. Dizem que, com a idade, a pessoa precisa de menos horas de sono. Comigo é assim, mas estava preocupado com o nosso (con)fuso horário em relação ao relógio da Copa. Ter de assistir Coréia do Norte e Grécia, às 8h30, seria arriscado por ser jogo que poderia dar sono, mas não. E se eu voltasse a dormir e perdesse a chance de secar a Argentina contra a Nigéria, logo mais? Os sul-coreanos lideram o Grupo B, depois de vencer por 2 a 0 os gregos, sem deixar dúvidas de quem foi o melhor time na partida. Nem a minha esperança de gols, o Gekas (lembram-se dele?!), no ataque heleno, se saiu bem. Enquanto os asiáticos tocavam a bola, os gregos se enroscavam nela. Com 10 minutos de jogo, a Coréia do Sul já havia conseguido 3 escanteios e, num deles, aos 6, saiu o gol de Lee Jung-Soo. Aos 14, Chun-Yong aplicou um chapéu na área adversária, foi derrubado por Torosidis, e poderia ter liquidado a fatura logo ali. Mas o pênalti não foi marcado. Disputado no estádio Nelson Mandela Bay, m Porto Elizabeth, o jogo confirmou porque a Grécia até hoje não marcou um golzinho sequer em Copas do Mundo. A seleção grega, em 1994, foi a última colocada da competição. Se não se acertar em campo, corre risco de repetir a proeza. Mesmo com as alterações para o segundo tempo, a partida continuou tão igual que até o segundo gol sul-coreano saiu aos 6 minutos, mesmo tempo de jogo da abertura do placar. Park Ji-Sung, depois de receber mais um dos presentes da defesa adversária (e tem gente que ainda diz que presente de grego é coisa ruim), fez um golaço, invadido a área e tocando, de leve, na saída do goleiro. No segundo tempo, para completar a igualdade, teve outro pênalti não marcado a favor da Coréia do Sul. Fonoaudiologia do jogo Para quem necessita fazer exercícios de fonoaudiologia, aconselho repetir em voz alta as escalações de Grécia e Coréia do Sul. Podem gravar e mandar o vídeo para nós reproduzirmos no blog. Será um serviço de alta utilidade pública. Coréia do Sul - Jung Sung-Ryong; Cha Doo-Ri, Cho Yong-Hyung, Lee Jung-Soo, Lee Young-Pyo; Lee Chung-Yong, Ki Sung-Yueng, Kim Jung-Woo, Park Ji-Sung; Park Chu-Young, Yeom Ki-Hun. Grécia - Alexandros Tzorvas; Giorgos Seitaridis, Loukas Vintra, Avraam Papadopoulos, Vassilis Torosidis; Kostas Katsouranis, Alexandros Tziolis, Giorgios Karagounis, Georgios Samaras; Theofanis Gekas, Angelos Charisteas. Para intensificar os exercícios, seguem os nomes dos reservas: Sul-coreanos - Kim Jae-Sung, Lee Seung-Yeoul, Kim Nam-Il, Kang Min-Soo, Kim Young-Kwang, Lee Dong-Gook, Kim Dong-Jin, Ahn Jung-Hwan, Kim Bo-Kyung, Kim Hyung-Il, Oh Beom-Seok. Gregos - Pantelis Kapetanos, Dimitrios Salpigidis, Christos Patsatzoglou, Athanasios Prittas, Stilianos Malezas, Sokratis Papastathopoulos, Sotirios Ninis, Sotiris Kyrgiakos, Michail Sifakis, Nikos Spiropoulos, Kostas Chalkias Presença de grego Um pedacinho da Grécia no Brasil é o que pretende mostrar o livro da jornalista Vassiliki Thomas Constantinidou. Os Guardiões das Lembranças - Memórias e Histórias dos Imigrantes Gregos no Brasil, da Editora Gráfica Vida & Consciência, traz depoimentos e 380 fotos. Estima-se que 40 mil gregos e descendentes até a quarta geração vivam no Brasil. Eu mesmo tive, entre meus padrinhos de casamento, o saudoso Demétrio Papaiordanou.
Cabala Já que futebol não tem lógica mesmo, a Coreia do Sul ganhou a minha simpatia por ser a 47a. no ranking da Fifa. Número que é o do meu ano de nascimento e cuja soma (11) bate com o do mês em que recebi de presente a chegada do meu neto Gabriel, o anjo da boa-nova, patrono da Comunicação. Vá entender esse ranking da Fifa: a Grécia, 12a., participa em 2010 pela segunda vez da competição; a Coreia do Sul está com 7 participações seguidas e até já sediou a Copa de 2002 em parceria com o Japão. Tango morno Os hermanos parece que entraram no Ellis Park, em Joanesburgo, dispostos a golear a Nigéria. O placar de 1 a 0, com o gol feito aos 6 minutos do primeiro tempo, em cabeceio acrobático do camisa 6, Heinze (olha a cabala aí, gente!!!), não confirma a escrita. O gol saiu da cobrança de escanteio. Timaço, a Argentina tem; tocar a bola, a seleção de Maradona sabe; criar jogadas, idem. Mas, ao chutar a gol, esbarrou na barreira chamada Enyeama, numa das jogadas tendo Messi cara a cara para finalizar, aos 36 do segundo tempo, depois de troca de passes com Milito, que substituiu Higuaín. O que vi de positivo nos argentinos, em campo, e os adversários que prestem atenção, é que eles jogam sério: quando a coisa aperta, "pelota al bosque que el juego es de cuepa" (versão do nosso bola pro mato que o jogo é de campeonato); quando um nigeriano estava com a bola no ataque, chegavam juntos, às vezes com mais de um na marcação. Outra aposta dos hermanos são as jogadas ensaiadas. E cobrança de escanteio, por exemplo, Messi cobra pro lado, Mascherano ou Di María ajeitam e cruzam na área ou Messi cobra pra trás, na intermediária, para Verón ou alguém finalizar de primeira. A Nigéria, no segundo tempo, passou a acreditar que poderia tentar pelo menos o gol de empate, em vez de só se defender. Numa das jogadas Romero teve de se virar para rebater o chute forte de Martins; em outra, Kaita viu o goleiro argentino adiantado, tentou marcar por cobertura, mas chutou muito forte, com a bola passando longe do travessão; e Uche, já aos 37, em resposta ao gol perdido por Messi, um minuto antes, quis bater de primeira, dentro da área, na bola à meia altura, e não foi feliz. Os sul-coreanos devem estar de olhos arregalados de tanto rir. Frases da Copa O amor é lindo e nem custa muito a quem pode. Confiram o que jogadores brasileiros mandaram, de Joanesburgo, como mensagem a suas amadas, no Dia dos Namorados: ________________________________________________________________________ "Te amo. Estou com saudade." (De Robinho para Viviane, que está em Paris) "Estou morrendo de saudade. Te amo!" (De Kaká para Caroline, em Milão) "Te amo demais. Queria estar ao seu lado." (De Daniel Alves para Dinorah) "Te quero para sempre!" (De Julio Baptista para Silvia, na Espanha) "Saudade. Te amo, minha loira!" (De Felipe Melo para Roberta, em Porto Alegre) "Te amo!" (De Elano para Alexandra) "Eu te amo!" (De Lúcio para Dione) "Feliz Dia dos Namorados. Te amo!" (De Julio Cesar para Susana) "Feliz Dia dos Namorados! Te amo. Apesar de estar longe, meu coração está com você." (De Gomes para Flavia, em Londres) "Te amo. Estou com saudade. Falo isso para você toda hora!" (De Ramires para Islana, em Joinville) "Estou com saudade. Te amo." (De Luisão para Brenda, Passos, MG) "Um beijão! Te amo muito. Este é o segundo Dia dos Namorados longe. Quando eu chegar, vamos comemorar." (De Michel Bastos para: Letícia, em Curitiba) "Te amo muito e estarei para sempre junto de você." (De Maicon para Simone, em Milão) "Te amo sempre. Obrigado por tudo!" (De Thiago Silva para Isabele, Rio de Janeiro) "Te amo para sempre!" (De Grafite para: Kelly, Recife) "Estou com saudade!" (De Juan para Monick, Rio de Janeiro) "'Te amo. Estou com muita saudade!" (De Doni para Camila, Ribeirão Preto, SP) _______________________________________________________________________ Que eles não se percam pela criatividade quando estiverem em campo... Matriz e filial No jogo de abertura do Grupo C, Inglaterra e Estados Unidos foram a campo no Royal Bafokeng Stadium, em Rustemburgo, com o respeito que matriz e filial devem ter, nem tanto pelo que cada uma das seleções representa no futebol, mas por laços históricos. A elegância britânica nos uniformes impecáveis – dá para sair às ruas com aquelas camisas polo, sem passar aperto - ofuscou um pouco o gosto duvidoso das usadas pelos jogadores dos Estados Unidos. A preocupação com segurança desse país é tanta que a Nike resolveu – ou será que eles pediram – colocar uma faixa atravessada de alto abaixo na camisa, que mais parece cinto de segurança. No jogo, o capitão inglês Gerrard, que joga na defesa, organiza o meio, cobra escanteio, marca e ataca com a mesma disposição, foi premiado com o gol logo aos 3 minutos (se não me falha a memória, o mais rápido da Copa até agora), numa troca precisa de passes que se seguiu a cobrança de lateral. Tocou com categoria no canto esquerdo de Howard. Prenunciava-se a goleada (será que, afinal, ela viria a acontecer?), mas a partida foi em parte o que se viu entre argentinos e nigerianos, guardadas as proporções. O English Team tem muito mais futebol que o do tio Sam, mas os súditos da rainha não souberam fazer prevalecer o domínio da bola, a criação de jogadas. Mesmo assim poderia ao menos ter saído com uma vitória, não fosse o frangaço (este, sim, o primeiro da Copa, difícil de ser superado) de Green, que deve estar com as penas galináceas ainda grudadas nas luvas molhadas. Dempsey girou pra esquerda, voltou pra direita, enganou seu marcador e chutou fraco, para enganar também o goleiro britânico. A diferença do jogo está nos donos das camisas 1 (na teoria, porque a de Green é a 12): enquanto Howard segurou tudo o que pode, na meta estado-unidense, o britânico deixou passar o que não podia. A blitz britância, nos 10 minutos finais da partida, teve o reforço do grandalhão Crouch, que foi insuficiente. No mais, os dois times foram iguais até nos cartões amarelos, bem aplicados pelo brasileiro Simon, que a meu ver lá na Copa não decepcionou. Por hoje, é isso. Lembro que o texto desta coluna sai também no site www.cliqueabc.com.br fotos: ebc |
12 de junho de 2010
A SELEÇÃO CHEGOU A SE ESTRANHAR
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