20 de junho de 2013

SALA DE ESTAR

' à vontade' para ver as Copas no Brasil

abre sete!!! (1)mnb

Fortaleza verde-amarela

Nino Prata

20/06/2013 -  A capital cearense viveu momentos de euforia desde a chegada da Seleção Brasileira para o jogo com o México no Castelão, inaugurando oficialmente a belíssima arena e a segunda rodada do Grupo A na competição. Se os mexicanos estão atravessados em gargantas de nossos jogadores, devido a resultados recentes favoráveis à equipe rubro-verde,  todavia o carinho da torcida local pelos canarinhos desceu bem - a ponto de ser permitida a entrada de cerca de 3 mil torcedores ao treino da equipe verde-amarela, dois dias antes do confronto.

Próximo ao Castelão, um dos mexicanos a caráter, em seu sombrero cheio de adereços e com um acordeón, cantou empolgado "La Cucaracha" e "Cielito Lindo". Jogadores canarinhos passaram pelo túnel de acesso aos vestiários batucando um dos sambas que exalta as belezas nacionais, enquanto cantavam "... estava no Ceará, terra de Irapuã, de Iracema e Tupã...".

Com a bola rolando, estádio lotado, o que se viu foi o Brasil conquistar sua segunda vitória na Copa das Confederações ao vencer o México por 2 a 0, com mais um golaço de Neymar, ainda nos primeiros 10 minutos de jogo. Em jogada de Daniel Alves, pela direita, o lateral cruzou no miolo da zaga a bola, desviada pelo zagueiro que marcava Fred; o camisa 10 brasileiro acertou belo chute de primeira, a meia altura, no canto direito de Corona. 

A impressão que dava era que Neymar estava em dia de decidir a partida não só pelo belo gol, mas também porque eram dele as jogadas mais agudas pra cima da defesa mexicana. O Brasil comandava as ações ofensivas, e o México usava de todo seu poder defensivo, com uma retaguarda reforçada pelas alterações feitas pelo técnico De la Torre. Isso até os primeiros 15 minutos.

Para alguém esperava, como este colunista, uma goleada redentora de maus presságios, o placar dilatado não aconteceu. Os mexicanos não tinham o que perder, se quisessem se redimir da derrota no primeiro jogo do Grupo A, e tinham poder de contra-ataques, puxados por Giovanni dos Santos, Torrado e Chicarito. A pressão do selecionado rubro-verde foi bem suportada pela retaguarda brasileira, com a situação ficando um pouco mais complicada com o sangramento que o zagueir David Luiz sofreu no nariz: foi um tal de deixar o gramado, voltar e ter de sair de novo, que parecia não ter fim. 

marioalberto No segundo tempo, a seleção mexicana colocou jogadores de maior poder ofensivo (Herrera e Barrera, em momentos diferentes), partindo desde o seu meio de campo, e o sufoco brasileiro parecia que iria permitir o gol de empate.  Apenas nos minutos finais, em jogada antológica de Neymar, pela esquerda, o 10 canarinho passou em meio a dois marcadores,  percebeu o avanço de um terceiro pra cima dele e serviu Jô (substituto de Fred), que só teve o trabalho de colocar a bola fora do alcance de Corona.

Os comandados de Felipão tiveram nos mexicanos um adversário mais perigoso que os japoneses, e não fosse o talento e o brilho de Neymar a classificação às semifinais da competição poderia não estar garantida.

Solidários

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Neymar marcou golaço também fora de  campo, e nisso teve a companhia de  David Luiz. Os dois se manifestaram favoráveis às legítimas manifestações que acontecem País afora, sobretudo em grandes centros urbanos, com as pessoas reivindicando que se adote o padrão Fifa nos gastos com educação, saúde e transporte, e não apenas como foi feito até agora para viabilizar a construção de estádios de Primeiro Mundo.

Do lado de fora do Castelão, por exemplo, número estimado de 15 mil manifestantes era mais uma demonstração do grau de insatisfação que existe em segmentos sociais com casos de corrupção não apurada e devidamente punida, entre outros desmandos sobretudo da  classe política. 

Em Fortaleza, o protesto, que engrossou as manifestações iniciadas em São Paulo pela redução das tarifas de transporte coletivo, foi chamado+Pão-Circo. Entre seus alvos a remoção de famílias para a construção de obras da Copa do Mundo e a reivindicação de recursos para o semiárido nordestino.

Mesmo no momento da execução dos hinos, dentro do estádio, alguns torcedores ergueram cartazes de apoio às manifestações. Um deles tinha a frase: “Este protesto não é contra a seleção, mas sim contra a corrupção!#ogiganteacordou”. 

Cena inesquecível, por sinal, foi que pós o término da execução do hino, segundo o protocolo da Fifa, a torcida e os jogadores brasileiros continuaram a cantar o Hino Nacional.

Equipes ofensivas

A partida que fechou a segunda rodada do Grupo A foi marcada pelo duelo tático orquestrado pelos italianos Cesare Prandelli e Alberto Zaccheroni,  técnicos que escalaram equipes ofensivas nas alterações feitas, respectivamente, na Itália e no Japão. 

Quem ganhou com isso foi o futebol e os apreciadores do esporte. No meu entender, foi a partidaça da Copa das Confederações até aqui, e o placar de 4 a 3 mostra do que é capaz um confronto. Não tem graça quando apenas uma equipe manda no jogo, a menos que seja o time pelo qual torcemos. 

Italianos e  japoneses, não exatamente nessa ordem, fizeram do jogo na Arena Pernambuco uma sucessão de jogadas rápidas, oportunidades de finalização e trocas de passe, às vezes desconcertantes, como poucas vezes se vê em partidas de competições desse nível.

A pressão nipônica sobre a Azurra parecia obra de ficção, mas era pura necessidade de quem não tinha outro resultado, que não a vitória, para manter-se com chances de classificação. O Japão fez 2 a 0, com Honda cobrando pênalti de Buffon sobre Okazaki, aos 21 minutos do primeiro tempo. Aos 33, numa incrível bobeada de marcação da zaga italiana, Kagawa antecipou-se e cabeceou bola  cruzada da direita em cobrança de falta.

A torcida, que desde a saída inicial da bola estava ao lado dos japoneses, começou a pedir 'olé', e em alguns momentos os azurri ficaram mesmo na roda. Pirlo estava apagado, a bola não chegava no jeito para Balotelli, o técnico Prandelli tirou Aquilani, para colocar Giovinco. De Rossi tomou cartão amarelo por falta em Honda. Não era tão visível assim, mas estaria a experiente squadra azurra acometida de algum ataque de nervos? Como explicar, entre outros lances críticos, dois bate-roupas num mesmo lance, de Buffon, aos 36 minutos. 

Mas, aos 40, a Itália respirou, em cobrança de falta de Pirlo da direita até o cabeceio preciso de De Rossi, que parece não ter-se abatido pelo cartão que recebera. Até o zagueiro Chiellini se animou a ir pro ataque, e ainda no minuto de acréscimo a  trave salvou a meta defendida por Kawashima.

O que estava empolgante ficou eletrizante no segundo tempo. Aos 5 minutos, em jogada da esquerda, a bola cruzada iria certeira para Balotelli, e na tentativa de cortar, a zaga empurrou a bola pras próprias redes. Passado um minuto, Hazebe corta a jogada italiana com a mão - pênalti; Balotelli faz pose, avança, espera Kawashima escolher o canto e bate à esquerda do goleiro.

A experiente Itália, guerreira, 4 vezes campeã do mundo, ressurgia das cinzas. Nada, porém, que abalasse a garra samurai. Giovinco contribuía para dar outro alento às jogadas de ataque e obrigou Kawashima a fazer defesa milagrosa, ainda nos primeiros 15 minutos; o Japão, por sua vez, tinha na habilidade de Honda um de seus pontos fortes, a ponto de o camisa 4 aplicar um 'rolinho na pizza' em seu marcador. E veio o empate: Okazaki aprontou pra cima de De Sciglio, o jovem lateral fez falta; na cobrança de Endo, a bola chega redonda para o próprio Okazaki empatar.

Honda ainda teve a oportunidade de brindar a torcida com jogada de craque, ao driblar a zaga italiana, invadir a área e por pouco não fez um golaço de encher os olhos. A pressão nipônica  sobre os azurri foi massacrante nos 10 minutos finais; migueljchouve momento de o time todo - de Balotelli a Buffon - se espremer nos limites de sua área até o gol, e o  

bombardeio kamikaze prosseguia. O empate não era de todo bom pra Itália, e péssimo pro Japão. 

Dizem que em futebol não existe o impossível. Pois o inacreditável aconteceu: num lampejo de craques, De Rossi deu belo passe para Marchisio, à direita da área japonesa, e o meia cruzou rasteiro para Giovinco, livre na área, apenas empurrar para o gol aberto e fazer 4 a 3: a Itália se garante nas semifinais e decide com o Brasil quem fica com o primeiro lugar no Grupo A.

 

jovens!!! Tirou de letra - A presidente Dilma Rousseff,  em compromisso de sua agenda na terça (18), falou da onda de protestos em vários pontos do País, no dia anterior. Disse a presidente: "O Brasil, hoje, acordou mais forte. A grandeza das manifestações de ontem comprova a energia da nossa democracia, a força da voz da rua e o civismo da nossa população". 

brasi Orgulho de ser brasileiro - Dilma entende que "é bom ver tantos jovens e adultos, o neto, o pai, o avô, juntos, com a bandeira do Brasil cantando o hino nacional dizendo com orgulho 'sou brasileiro' e defendendo um país melhor. O Brasil tem orgulho deles". 

1016639_397436013707611_608454860_n Ouvir vozes - Na avaliação da presidente, deve-se louvar o "caráter pacífico" dos atos da segunda-feira, que, segundo ela, evidenciaram o "correto tratamento pela segurança pública" no que diz respeito à forma de lidar com a manifestação popular. Para Dilma, "essas vozes das ruas precisam ser ouvidas" e ultrapassam os "mecanismos tradicionais das instituições, dos partidos políticos, das entidades de classe e da própria mídia". 

casame Jovens quase maduros - Não deve ser mera coincidência que em duas das principais capitais do País, São Paulo e Rio, os governos tenham decidido baixar as tarifas de transporte público aos patamares anteriores. Esta coluna entende que toda manifestação é legítima, e que bom ver jovens à frente dos gritos nas ruas. Que esses jovens amadureçam rápido, o que vale também na condução das manifestações porque sempre se corre o risco de aproveitadores fazerem mau uso da legitimidade a duras penas conquistadas.

Nino Prata é jornalista desde 1972 e apaixonado por futebol desde criança

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