24 de junho de 2013

SALA DE ESTAR

' à vontade' para ver as Copas no Brasil

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Deu lógica maneira

Nino Prata

24/06/2013 - No Grupo B da Copa das Confederações deu a lógica do começo ao fim. Espanha e  Nigéria jogaram no Castelão, em Fortaleza, num clima tão animado no entorno do estádio que mais lembrava festa junina ou carnaval. Uruguai e Taiti se enfrentaram na Arena Pernambuco, em Recife. 

E, como se esperava, deu a lógica: vitória da Roja por 3 a 0 e goleada da Celeste por 8 a 0. Teremos as semifinais anunciadas entre Brasil e Uruguai, na quarta-feira (26) no Mineirão; Espanha e Itália, na quinta-feira (27), no Castelão. 

Não foi, porém, um complemento de rodada que seguiu à risca o favoritismo dos mais fortes sobre os mais fracos. Antes do início do primeiro tempo entre espanhóis e nigerianos a torcida já gritava: 'Nigéria! Nigéria'!. Logo no primeiro minuto de jogo a Espanha  chegou com perigo na área adversária, em espetacular drible de Iniesta;  e aos 3, Alba finalizou com precisão uma bela troca de passes desde o meio de campo espanhol, em 8 toques de bola. 

O placar relâmpago de 1 a 0 não foi, porém, suficiente para  intimidar os africanos - mesmo com nova chance de gol aos 8 minutos, quando Xavi lançou Fàbregas no miolo da área nigeriana: goleiro e zagueiro se chocaram e ainda cederam escanteio. A partir daí até os 22 minutos, foi a Nigéria que mandou no jogo. Faltou caprichar nas finalizações.

Do lado espanhol, quem desperdiçou oportunidades de ampliar o placar foi Soldado, aos 25, talvez por displicência na conclusão das jogadas. Os nigerianos insistiram nas jogadas de ataque sem levar em conta o poderio do adversário, mas sempre pecaram no arremates. Aos 30, Soldado conclui fraco nas mãos de Enyeama. 

niger 3VALENDO A Nigéria viveu o seu melhor momento na competição, a decantada posse de bola da Espanha ficou em 59%, depois baixou para 55%, e  a Nigéria finalizou mais. Não se sabe se apenas pelo forte calor ou porque a Nigéria soube marcar a equipe de Del Bosque, sem abusar de faltas (apenas 4 nas duas seleções até os 35 minutos), mas até Iniesta deu um chute bizarro aos 41, na tentativa de encobrir o goleiro adiantado. Busquets ainda cobrou falta nos acréscimos de 2 minutos, mas a bola foi fraca pras mãos de Enyeama.  

Na volta do intervalo havia movimento no banco de reservas espanhol, sinal de que o andamento do jogo não agradava Del Bosque. Se não bastasse, a Nigéria teve momentos de Espanha ao tocar a bola em seu campo. A torcida foi à loucura aos gritos de 'Nigéria! Nigéria!. Em arrancada de Musa, que cruza para um distraído Ineye, atrás da zaga, por pouco não saiu o gol de empate. Em outro momento os africanos abusaram da própria categoria em boa trama pelo lado esquerdo da área espanhola. E Soldado até que se esforçava do outro lado, como ao sofrer falta, na medida para Xavi bater. O 8 espanhol mandou a bola por cima do goleiro, mas também do travessão, tocando a rede do lado de fora. 

A Nigéria, mesmo nesses momentos de aperto na defesa, não abria mão de atacar. Até Torres substituir Soldado e, aos 16, usar bem a cabeça em cruzamento de Pedro, que recebeu a bola de Alba. Foi o 104o. gol do 9 espanhol com a camisa da seleção, além de ser o artilheiro da competição com 5 arremates certeiros.

A Nigéria também mexeu no time, procurando reforçar as jogadas de ataque, mesmo porque a essa altura já estava em busca de um  milagre porque o Uruguai goleava o Taiti. A partida continuava, porém, em ritmo civilizado: apenas 13 faltas. E na base do lá e cá. 

Mikel enfileirou a marcação espanhola e ia livre para a conclusão até sofrer falta. A Espanha retomou o conhecido toque de bola.  Gambo, que entrou no lugar de Akpala, perdeu o gol de que a Nigéria precisava para criar mais ânimo ainda, em bela jogada de Musa, que passou por dois marcadores e cruzou na medida. Em arrancada espetacular de Iniesta, finalmente, Villa (substituto  de Pedro) arrematou firme, mas em cima da zaga.

O coro de mais de 50 mil vozes vinha das arquibancadas: "Eu sou brasileiro, como muito orgulho, com muito amor..." e cutucava a Fúria: "Espanha, pode esperar, a sua hora vai chegar...". Nos cinco minutos finais a Nigéria mostrava sinais de cansaço, a ponto de o lateral Echiejile chutar pro gol espanhol da esquerda, mas bola foi parar fora de campo do lado direito. Se no primeiro tempo, os espanhóis foram superados pelos nigerianos em chutes a gol, agora dominavam também nesse aspecto com 19 finalizações. 

Aos 42 minutos, a Nigéria ainda teve chance  de sair do zero em cobrança de  escanteio. Todo o time espanhol estava na defesa. Mas saiu em contra-ataque, fulminante, para Alba fazer o segundo gol dele na partida, em belo lance, depois de limpar o goleiro e tocar pras redes de Enyeama. O placar de 3 a 0 foi um castigo para a Nigéria.

A impressão que fica é a de que, numa característica, a Espanha é imbatível: não se perturba, aguarda o momento certo e dá a estocada final, a exemplo dos toureiros. 

Taiti enriquece o faiplay

Oscar Tabarez, el marrentito, que pensa ser Mourinho, fez algumas alterações no time do Uruguai que goleou por 8 a 0 o Taiti. Destaque para os 4 gols de Hernández, um deles com direito  a chapéu, matada no peito e conclusão inapelável. Suárez fez 2; Pérez e Lodeiro, 1 cada. Os taitianos sofreram 24 gols e marcaram apenas 1, saldo de - 23 nas três partidas disputadas.  

Mas o Taiti, para esta coluna, foi a seleção que marcou a Copa das Confederações no momento em que o Brasil viveu nas ruas tempos de tensão e, mais que isso, provocação de vândalos, desocupados e, até, bandidos, a julgar por algumas prisões anunciadas.

A seleção que representou a Oceania, não importa em que circunstâncias, mostrou que é preciso levar o fairplay a patamares inimagináveis. A passagem desse time por estádios que jamais sonhou sequer visitar fica na história, mais que pelas goleadas, pelas atitudes de cortesia e atenção para com torcedores e adversários. 

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A distribuição de colares da sorte e a visita a projetos sociais foram etapas, entre outras atitudes, de algo que culminou na despedida, no domingo: levaram pro gramado bandeiras brasileiras e a faixa com apenas duas palavras: Obrigado Brasil. 

Nós brasileiros é que deveríamos agradecer pela gentileza.   

Nino Prata é jornalista desde 1972 e apaixonado por futebol desde criança

23 de junho de 2013

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Lição de casa ainda por fazer


Nino Prata

23/06/2013 - O apelo da voz que vem das ruas que, para mim, sintetiza melhor o que vai nos corações e mentes de brasileiras e brasileiros é o que estava, na sexta (21), numa das faixas de manifestantes em Santo André: "Isto é uma Ordem, Queremos Progresso!". Estima-se em 30 mil as pessoas movidas por esse sentimento, que vem justamente de uma cidade onde se originou, em 2002, um dos casos mais nebulosos da recente política brasileira: o sequestro e assassinato do prefeito Celso Daniel. Político carismático, de rara visão administrativa, ligado ao esporte.

O ABC Paulista fica a poucas dezenas de quilômetros da capital do estado, que tem na Avenida Paulista um de seus cartões-postais e origem das manifestações que se espalharam país afora.  

Não sou daqueles que, a exemplo de Carlos Alberto Parreira, coordenador técnico da Seleção Brasileira, dizem que política e esporte não se misturam. Há exemplos históricos de que ambos estão imbricados, sim, até mesmo no  Brasil e em países vizinhos. Há infelizmente os que fazem mau uso dessa, digamos, parceria. Casos das ditaduras militares sul-americanas.

Torcedoras e torcedoras fizeram bem em driblar a segurança e ir pra dentro de estádios com mensagens expressas em cartazes, deixando claro que os protestos são contra desmandos de políticos, principalmente, e não contra os selecionados de Felipão.

A impressão que fica, nos dias de hoje, é que ainda não aprendemos a fazer a lição de  casa. Saúde, educação, transporte (incluo moradia por minha conta) estão entre as carências mais gritantes das reivindicações sociais que tomaram conta das ruas país afora. Por trás de tudo o que até hoje não foi realizado nessas áreas por governos de todas as instâncias denunciam-se a corrupção, o mau uso do dinheiro público, entre outras sem-vergonhices.

Dói, a essa altura do campeonato (mais precisamente das Copas  das Confederações e do Mundo), termos de tomar pito de pessoas daqui e de fora (ler Notas desta coluna), ligadas ao esporte, que vão do meia italiano Giaccherini ao presidente da Fifa, Joseph Blatter - sem falar do vexatório pontapé nos fundilhos, sugerido lá atrás (desculpem a redundância) por Jérôme Valcke. Dói ainda mais sabermos que os estádios já prontos e os ainda em construção tiveram orçamentos, de origem já grandiosos, ultrapassados em proporções absurdas. Custos estes, no mínimo, reveladores da falta de planejamento, do desrespeito à transparência.

Decididamente, o jeito brasileiro não bate com o jeito Fifa, por mais defeito que tenha a entidade máxima do futebol mundial. Em pronunciamento oficial na noite de sexta-feira (21), em rede nacional, a presidente Dilma Rousseff anunciou medidas numa tentativa de atender ao clamor das ruas. Entre elas: a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que privilegie o transporte coletivo; a destinação de 100% dos royalties do petróleo para a educação, proposta já em discussão no Congresso; trazer mais médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Além de se estabelecer um pacto com governadores, prefeitos e líderes das manifestações para se alcançar melhoria dos serviços públicos. O que se pretende é chamar todos esses segmentos para conversar em Brasília.

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Duelo pela liderança

Itália e Brasil se enfrentaram pelo Grupo A, em Salvador, na partida que decidiu quem ficaria em primeiro lugar - para enfrentar possivelmente o Uruguai numa das semifinais - e segundo, que encara a temida Espanha na outra semi. 

Eram 9 títulos mundiais em jogo, no estádio da Fonte Nova, colorido de verde-amarelo, na capital baiana dos acarajés, dos afoxés, do candomblé, dos orixás.

Num primeiro tempo em que predominou a pegada dos dois lados, com recorde de cartões amarelos distribuídos numa única partida, os canarinhos se deram melhor nos lances de gol, mas perdeu David Luiz, que não suportou a paulistinha que sofreu na coxa direita. 

Se o zagueiro titular precisa benzer-se, seu substituto, Dante, um dos baianos de origem no gramado, fez, já nos acréscimos, o gol, resultante de boa cobrança de escanteio por Neymar; Fred cabeceou, Buffon rebateu, e o número 13 (amuleto de Zagalo) tocou pras redes italianas em impedimento.

O segundo tempo começou no mesmo ritmo - Brasil no ataque e Itália com nove na defesa e apenas Balotelli avançado. Mas foi a Itália que fez o gol de empate, logo aos 6 minutos. Balotelli, mesmo sofrendo falta, tocou de calcanhar para Giaccherini, que avançou pela direita e bateu em diagonal tirando a bola do alcance de Júlio César. O Brasil, porém, deu o troco logo no minuto seguinte: Marcelo serviu Neymar, que foi derrubado próximo à linha da grande área e ainda sofreu pisão numa das mãos. 

O camisa 10 cobrou com perfeição, por fora da barreira, no canto esquerdo de Buffon. Mais um golaço do agora jogador do Barcelona, o terceiro dele na competição. O jogo ficou acelerado, como na arrancada de Hulk aos 13 minutos e nas sucessivas subidas da Itália. Numa delas Balotelli mandou um míssil, em cobrança de falta, que desviou na defesa e obrigou Júlio César a espalmar no seu canto esquerdo. 

A Itália ainda teve pênalti não marcado em Balotelli, aos 17, ao ser puxado por Dante. Mas dois minutos depois, em primoroso lançamento de Marcelo, Fred ajeitou a bola na coxa, venceu Chiellini na raça e mandou enviezado longe de Buffon, no canto direito.

Com 3 a 1 a partida parecia resolvida, o que nunca se deve considerar num confronto de dois times de primeiríssima linha. Bernard entrou no lugar de Neymar, o que poderia prever maior velocidade nos ataques brasileiros, mas foi a Itália quem chegou lá. Depois de cobrança de escanteio, houve outro pênalti em Balotelli, que teria sido marcado pelo árbitro, mas a bola sobrou para Chiellini arrematar rasteiro no canto esquerdo de Júlio César. Gol validado, apesar da reclamação geral dos brasileiros, e o placar de 3 a 2 colocou fogo no jogo.

Felipão substituiu Hulk por Fernando, reforçando  a marcação, mas os canarinhos recuaram em demasia. O sufoco da Azurra chegou a preocupar nos 10 minutos finais. Os brasileiros abusavam de faltas e, numa delas, o chute de Balotelli bateu no braço de um adversário; no minuto seguinte, em cobrança de escanteio, Maggio cabeceou a bola no travessão; mais três minutos, e em mais uma falta, Balotelli desperdiça a finalização em jogada ensaiada.fred!!!Mas era dia da redenção de Fred, em jejum nos dois primeiros jogos. aos 43, em jogada de Bernard pela esquerda, Marcelo chutou colocado, Buffon rebateu e o 9 brasileiro definiu o placar em 4 a 2.

Os três minutos de acréscimo também foram sufocantes para a defesa de Felipão, que precisa ser mais atenta na marcação e não confundir chegar junto com agarrões pelas costas adversárias. Teremos duas semifinais de arrepiar: Brasil x Uruguai e Espanha x Itália. Se der a lógica no futebol.

No mesmo horário do jogo do Brasil, México e Japão cumpriram tabela, no Mineirão, em jogo que acabou 2 a 1 para os rubro-verdes. Chicharito, a exemplo de Fred, desencantou e fez os dois gols da vitória, enquanto Okazaki anotou o dos samurais da bola.

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Desejo de melhora - Emanuele Giaccherini, meia da Azurra, ao ser perguntado sobre as manifestações de rua, avaliou: "O que vi no Brasil é que é um país pobre, muito pobre, e que está procurando por essas manifestações encontrar soluções. Espero que as manifestações deem a possibilidade de o Brasil melhorar".

imagesjBrasil que quis - Joseph Blatter, presidente da Fifa, mandou ver no dia herjosef!!!images  18: “O Brasil pediu essa Copa do Mundo. Nós não a impusemos ao Brasil. Eles sabiam que para ter uma boa Copa do Mundo naturalmente teriam que construir estádios. Mas nós dizemos que não é apenas para o Mundial. Junto com os estádios há outras construções: rodovias, hotéis, aeroportos... São itens do legado para o futuro".

imagesjJusto o Mané! - O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TC-DF) divulgou na sexta (21) o custo atualizado da construção do Estádio Mané Garrincha: R$ 1,78 bilhão - duas vezes e meia o que foi estipulado em 2010. O governo local questiona os valores (que  num período de apenas um mês subiram R$ 200 milhões, pois estavam em R$ 1,5 bilhão em maio) com a desculpa de que no relatório do TC-DF estão inclusas obras no entorno do estádio.

Romario-Foto-Ueslei-MarcelinoREUTERS_LANIMA20120329_0129_26  'Uma farsa' - Romário, que praticamente levou o Brasil ao Tetra em 1994,  hoje deputado federal, questiona o anunciado custo global da Copa do Mundo em 2014: "Os R$ 28 bilhões são uma farsa. Vamos passar de R$ 35 bilhões".

imagesj'Tiro no pé' - Gilvan Ribeiro, editor de  Esportes do Diário de S. Paulo, recomenda: "... As arenas já estão de pé e, goste-se ou não..., chegou a hora de o país ter o retorno dos investimentos... Hostilidades capazes de afugentar os estrangeiros serão um tiro no pé".

parrudo Cheio de pose - Parreira, coordenador técnico da Seleção, na cúpula do futebol nacional desde os anos 1970, saiu-se com essa: "Estou doido para que aconteça logo um Brasil x Espanha... estou na torcida para que esse jogo seja realizado... A Espanha precisa encontrar um time que a incomode". A conferir!

imagesj'Calotelli' - O atlético 9 italiano, Mario Balotelli, se sentiu tão em casa em Salvador que bebeu tranquilo aquela água de coco in natura, passeou ileso, se deixou fotografar, mas não teria pagado a conta. Bola fora, hem?! O prejuízo do vendedor de coco foi pequeno, porém, em relação ao que teria sido furtado de jogadores espanhóis, no Rio, dos quartos de hotel em que se hospedou a Fúria.

Nino Prata é jornalista desde 1972 e apaixonado por futebol desde criança

21 de junho de 2013

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' à vontade' para ver as Copas no Brasil

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Tudo ou nada

Nino Prata

21/06/2013 - O 'marrentito' Oscar Tabarez havia previsto que a sua equipe vencesse, ontem, a Nigéria, na Arena Fonte Nova, em Salvador, estaria garantida nas semifinais. Segundo ele, perder para a Espanha no primeiro jogo não foi nada demais. E ficou implícito que vencer o Taiti, domingo, são favas contadas. 

O técnico escalou um time reforçado com Forlán (que ficara no banco de reservas na rodada inicial do Grupo B) e foi pra cima dos nigerianos num ritmo e volume de jogo impressionantes. 

Não  demorou, e os uruguaios abriram o placar - imaginem - com Lugano, de canela, escorando cruzamento que veio da esquerda. Forlán mandou a bola, rasteiro, Cavani furou e, como  se fosse um corta-luz, sobrou para o parrudo zagueiro.  

Lugano, no entanto, esteve mais como o estabanado de sempre, abusando de faltas e do jeito violento, confundido por seus fãs com garra. 

Foi sobre  ele que aconteceu o gol de empate da Nigéria, em brilhante jogada de Mikel, depois de troca de passes com bola no chão no ataque africano. O meia-atacante recebeu na área e pedalou; por pouco, Lugano não foi pro chão. Aí foi só  colocar no ângulo e empatar a partida.forlan

O segundo tempo foi quase uma repetição do primeiro com a diferença de ser a Nigéria que tomou a iniciativa do ataque. Não durou muito, porém, a pressão africana sobre os sul-americanos. O sufoco que se anunciava não durou nem 6 minutos. 

Foi quando brilhou a estrela de Forlán, no dia em que completou 100 jogos pela Celeste. Suárez puxou um contra-ataque, mandou a bola para Cavani, que serviu o 10 uruguaio livre à esquerda;  Forlán soltou a bomba no ângulo à direita de Enyeama. Foi o 34o. gol dele na seleção do país vizinho. 

A Nigéria bem que tentou, mas não conseguiu sequer empatar a partida, resultado que de qualquer maneira não seria de todo útil para ela. Tabarez mexeu melhor na sua equipe, reforçando a marcação, que no mais das vezes é implacável. Cavani até teve a chance de ampliar o marcador, ao matar no peito, avançar livre de marcação, mas concluiu nas alturas o que poderia ser a confirmação da vitória.

Com os 2 a 1 o Uruguai é o provável segundo colocado do Grupo B, para decepção da torcida do estado mais africano no Brasil, que apoiou a Nigéria o tempo todo. Os comandados de Felipão pegariam os hermanitos nas semifinais. 

O Brasil, por sinal, já está em Salvador, onde enfrenta a Itália no sábado para decidir quem fica em primeiro lugar no Grupo A. David Luiz, com fratura no nariz, assim como Paulinho, contundido,  preocupam, mas ainda é cedo para dá-los como desfalques certos.  

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Em ritmo de treino

A Espanha não precisou mais do que um time de reservas, praticamente durante todo o tempo de jogo, toque de bola abaixo de sua média histórica e ritmo moderado na variação de jogadas, para aplicar no Taiti a maior goleada em uma competição oficial da Fifa: 10 a 0 (4 gols de Fernando Torres, 3 de David Villa, 2 de David Silva, 1 de Mata). Torres ainda desperdiçou pênalti, ao mandar a bola no travessão.

Mais uma vez os taitianos levaram o vareio no faiplay, sem apelar; apenas o goleiro, depois de levar o oitavo gol, marcado por Malta se desesperou socando o gramado. Mas estava totalmente recuperado, na entrevista depois da partida, envergando, garboso, a camisa que ganhou de Reyna.

A torcida deu espetáculo à parte, apoiando o tempo todo a equipe da Polinésia e, já no segundo tempo, com a partida quase decidida, soltou a voz no "Eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor", seguindo afinadíssima na interpretação do Hino Nacional. Sinal do clima de cidadania que varre o País e, quem sabe, um aviso aos espanhóis: no que depender da brava gente brasileira, vocês não levam essa Copa. 

O ritual de distribuição de colares da sorte, nos cumprimentos iniciais, a toda a equipe adversária - titulares, reservas, comissão técnica - e agradecimento à torcida na despedida, pelo incentivo, foi seguido à risca pelos taitianos. Gestos que, no caso deles, são mais que meramente protocolares.         neycidadao (1)

bola Seleção cidadã 1 - "Quero um Brasil mais justo, mais seguro, mais saudável e mais honesto" (Neymar, camisa e nota 10). 

bolaSeleção cidadã 2 - "Sou a favor de uma manifestação pacífica e do direito de as pessoas poderem protestar" (David Luiz, camisa 3 e nota 10). 

images Bola fora - "Vamos nos esquecer de toda essa confusão que está acontecendo no Brasil e vamos pensar que a seleção brasileira é o nosso país, o nosso sangue" (Edson Arantes do Nascimento, que já foi camisa 10 e fica de recuperação em cidadania)

Nino Prata é jornalista desde 1972 e apaixonado por futebol desde criança