1 de julho de 2010
A SELEÇÃO CHEGOU À ÁFRICA DO SUL COMO APRENDIZ
Zelosos leitores, Brasil, pátria, equipe são palavras de seis sílabas e, assim, caminhamos para o hexacampeonato, cujo nome da vez é Copa do Mundo Fifa África do Sul 2010. Football é cada vez mais business, e nesse diapasão a Fifa virou logomarca multiplicada em produtos licenciados mundo afora. Com todos os defeitos que possa ter, a vetusta entidade leva o futebol a sério e cobra de seus filiados que façam o mesmo. Prova disso são as exigências feitas a países que se candidatam a sediar uma Copa e, mais ainda, ao que é escolhido para realizar o evento. O Brasil, vencida a batalha inicial para sediar o Mundial de 2014, vai ter de ralar muito para se sair bem como anfitrião, a exemplo do que faz agora a África do Sul. Itens como segurança, transportes, rede hoteleira, rede hospitalar, atrações turísticas e gastronômicas devem ser motivo de preocupação diária que na prática resulte em idéias, projetos e ações para tornar realidade o sonho. Se nascemos para jogar futebol, como está num slogan da marca que fornece o material esportivo da seleção canarinho, temos de chegar à capacidade plena de organização da Copa do Mundo de modo excelente. Se no futebol jogado no campo somos considerados mestres, na organização do Mundial somos aprendizes. Que a lição da África do Sul seja assimilada no que revela de bom e nem tão bom, para superarmos as falhas e otimizarmos os aspectos positivos, com a máxima urgência.
Pontapé inicial é amarelo-laranja Na linha do aprendizado, vamos procurar saber mais sobre as seleções que começam a disputar as quartas de final na sexta-feira, 2 de julho. Brasil e Holanda dão o pontapé inicial, revivendo encontro que já aconteceu em três Copas. Na de 1974, depois de passar a duras penas por Iugoslávia (0 a 0), Escócia (0 a 0) e Zaire (3 a 0), diria o Zagallo, fomos surpreendidos em um grupo que tinha Alemanha Oriental, Argentina e Holanda. Ganhamos da Alemanha Oriental por 1 a 0, da Argentina por 2 a 1, perdemos para a Holanda por 2 a 0, e o zagueirão Luís Pereira perdeu a cabeça, ao ser expulso, mas não o orgulho, ao deixar o gramado mostrando à torcida, no peito, o escudo tricampeão. Depois, na decisão do 3º. lugar, a Polônia de Lato (autor do gol) nos bateu por 1 a 0. Aí vieram os confrontos de 1994 e 1998, o primeiro nas quartas de final e o segundo nas semifinais. Vitórias brazucas por 3 a 2 (com o antológico gol de Branco, a bola disparada em curva passando por entre Romário e um laranja, indo morrer no cantinho esquerdo de De Goej) e por 4 a 2, nos pênaltis, depois do empate por 1 a 1. Dessa vez brilhou a estrela de Taffarel, hoje olheiro de Dunga. Curioso é que em 1974 a Holanda foi a vice-campeã diante das donas da casa, a Alemanha Ocidental de Beckenbauer, Gerd Müller e Cia., e o Brasil ficou no 4º. lugar; em 98, nós ficamos em 2º., com a França de Zidane campeã, e os holandeses conseguiram a 4ª. posição. Mas em 1994 foi a vez do tetra verde-amarelo, com os laranjas amargando a 7ª colocação. A Holanda de 2010 está com uma invencibilidade impressionante de 23 partidas, embora só tenha pegado duas seleções de peso nessa trajetória – Itália e Inglaterra, coincidentemente as duas que foram mais cedo para o aeroporto, na viagem de volta pra casa. Esta seleção é considerada por analistas como a melhor formação laranja desde o Carrossel Holandês de 1974. Esta, sim, para mim, foi a única equipe que representou uma revolução no futebol, desde que me conheço por gente. Grosso modo, à exceção do goleiro Jongbloed, ninguém guardava posição, e todos defendiam e atacavam com a mesma eficácia. Além de contar com o talento de Johan Cruyff e ter no líbero Krol um de seus destaques. Este revelou, certa vez, usar a amarelinha por debaixo da camisa laranja. Hoje, Robben dita o ritmo, do meio para a frente os jogadores tanto são capazes de cadenciar o jogo como organizar jogadas de ataque fulminantes, mas a defesa tem seus pontos vulneráveis. Nas palavras do especialista Steven Esselink, citado no Guia Lance Copa 2010, a seleção de Bert van Marwijk segue o que havia sido iniciado por Marco van Basten. “O sistema tático é claro, e os jogadores sabem o que fazer”. Que o digam Van Bommel, Sneijder, Van Persie...
Money, money, money As contabilidades da cartolagem e do apito vão bem, obrigado! A CBF, até aqui, já faturou US$ 14 milhões na Copa 2010: US$ 5 milhões nas fases anteriores e US$ 9 milhões do prêmio pela classificação às quartas de final. Se ganhar este Mundial de Futebol, o prêmio chegará a US$ 30 milhões. Valor a ser pago pela Fifa depois da competição. Por sua vez, cada árbitro que está na África do Sul, pela simples presença na Copa, já embolsa US$ 50 mil. Tem até um sueco que ainda nem apitou e já engodou a conta bancária com benvindo dinheirinho. Fora custeio de hospedagem e transportes, tudo pago pela Fifa.
Geopolítica da bola Ancelmo Gois, como sempre muito bem informado, em sua coluna no Diário SP, lembra o que disse Edmar Bacha: “... na Copa do Mundo, só dá Mercosul. Mais uma razão para não deixar a Venezuela entrar”. Como diria o próprio Gois: faz sentido. O pior é que Venezuela dá uma rima... Eliminados do apito O uruguaio Jorge Larrionda e o italiano Roberto Rosetti, árbitros responsáveis pelas lambanças nos jogos Inglaterra X Alemanha e México X Argentina, estão fora do Mundial. Blatter até pediu desculpas pelos erros crasos dos dois e mais todo o trio de arbitragem. Tem outro nome pra isso: quadrilha.Sul-americanos e europeus no quesito melhor apito na mão do que vuvuzela na orelha empatam, até aqui, na competição. Só pra lembrar: Larrionda simplesmente não validou belo gol de Lampard, que empataria o jogo em que a Alemanha eliminou a Inglaterra nas oitavas. Rosetti, para ser diferente, mas nem tanto, viu que Tevez empurrou a jabulani pras redes mexicanas, mas não viu que o 11 argentino estava em fragrante impedimento quando recebeu a bola de Messi. Dois apitaços desafinados, que se não tivessem acontecido, poderiam ter mudado a história das duas partidas. Vuvuzela neles!!!
Há craque e Fenômeno
Por hoje, é isso. Lembro que o texto desta coluna sai também no site www.cliqueabc.com.br charge: sinovaldo; paixão; jbosco; dálcio |
30 de junho de 2010
Estatística de Cristiano Ronaldo na Copa
22 passes 4 faltas 2 finalizações 1 gol 342 olhadinhas no telão para conferir o penteado deu no kibe |
29 de junho de 2010
A SELEÇÃO CHEGOU AO ESTADO DE GRAÇA
Nino Prata Wagnerianos leitores, o Abre desta coluna vem da correção e sugestão do maestro Norberto Sorato, que estranhou o colunista ter pulado a 23a. letra do alfabeto na sequência dos jogos. Observação aceita, correção feita, fiquei contente ao saber que entre vocês está um de meus colegas de estudo, desde o ginásio ao ensino superior. Aí cada um seguiu o seu tino profissional, sem perder vínculos de amizade. Por que wagnerianos? Pelo estilo vigoroso da obra do compositor alemão Richard Wagner (1813-1883), gênio da música, mas execrável pelo seu antissemitismo. Eu disse alemão? Pois faz mais sentido ainda porque os alemães estão com a gente na missão de não deixar os hermanos chegarem ao terceiro título deles em Copas. Além do que, em seu nome - Carlos Caetano Bledorn Verri -, Dunga traz a origem teuto-italiana de seus pais. Que os soldados de Bledorn Verri, em estado de graça depois de despachar o Chile, com folga (a primeira goleada canarinho na Copa), incorporem toda a força, a técnica e o estilo que fazem de Brasil, Itália e Alemanha o trio de ferro das conquistas dos mundiais de futebol. Lembro que o alfabeto português, conforme decisão unânime da Academia Brasileira de Letras, em 12/08/1943, consta de 23 letras fundamentais (a-b-c-d-e-f-g-h-i-j-l-m-n-o-p-q-r-s-t-u-v-x-z) e mais 3 para uso em casos especiais (k-w-y). Não há evento mais especial que Copa do Mundo, convenhamos. E não me venham dizer que sou hexagerado!!!
Com gosto de quero mais Paraguai e Japão fizeram nesta terça (29), no Loftus Versfeld, em Pretória, o jogo que deixaria os paraguaios na melhor colocação de uma seleção do país em Copas: entre as 8 forças do futebol mundial. O Paraguai venceu, nos pênaltis, por 5 a 3, e com ele são 4 sul-americanos na hegemonia ludopédica. O feito deve motivar a equipe guarani a querer mais. Quem não queria ter um sul-americano pela frente foi o nipo-brasileiro Tulio Tanaka. Não sei por quê. Para mim, este era o confronto mais imprevisível nesta Copa, para saber quem sairia vencedor. A campanha das duas seleções na fase inicial foi muito parecida: em 3 jogos, 6 pontos para o Japão (segundo no Grupo em que tinha a Holanda), 5 para o Paraguai (líder do Grupo em que a Itália pisou literalmente na bola); e empate no saldo de gols: 2 para cada lado. Ataques um tanto econômicos, é verdade, com 4 gols marcados pelos nipônicos e 3 pelos guaranis; e defesas sólidas, com 2 e 1 gols sofridos respectivamente. Era a hora de o cavalo paraguaio mostrar que pode atropelar numa reta final, com sua técnica superior, ou de os robôs asiáticos provarem que também têm faro de gol, que é o que garante a emoção no futebol. O jogo foi caracterizado pela forte marcação no meio de campo, sobretudo nos primeiros 20 minutos, com apenas uma real chance de gol criada: em bola cruzada da esquerda, Barrios recebeu na área japonesa, passou por dois e não teve pernas para chutar forte; apenas tocou de leve para as mãos de Kawashima. Foi o suficiente para acordar o Japão. Matsui, de primeira, chutou de longe, e a jabulani explodiu no travessão de Villar. Aos 27, na segunda cobrança de escanteio paraguaia, Santa Cruz ficou com a bola no pé esquerdo, fuzilou, mas para fora. O centroavante é mais um jogador que falta dizer a que veio na Copa, por ser um matador, até aqui apenas de tempo. É dada como certa a despedida dele da seleção. No mais das vezes muito disputada, a partida teve lances de craque, como a caneta aplicada por Barrios em Hasebe ou o toque de calcanhar de Santa Cruz, ao perceber que Bonet iria passar ali pela direita do ataque. No duelo da aplicação tática dos japoneses com a técnica dos paraguaios sobrou para o futebol. A Copa do Mundo de 2010 já não se encerrará sem a famigerada disputa nos pênaltis. Os dois técnicos até que tentaram, ao reforçar o ataque em suas substituições, mas nada de arriscar muito, hem rapaziada! O Japão pressionou mesmo foi nos 10 minutos finais do segundo tempo, não sei se para evitar a prorrogação ou desgastar ainda mais o adversário do que a si mesmo. De nada adiantou. Os 30 minutos de prorrogação também não serviram para mudar o panorama da partida, e me pareceu que os dois times apostavam em seus goleiros, bons de fato. O Paraguai chegou mais inteiro nas cobranças de pênalti, dois deles batidos por quem havia entrado depois no jogo: Barreto, que abriu a contagem; e Cardozo, que fechou o placar, sem necessidade da última participação japonesa. O Japão, por sua vez, utilizou jogadores que estiveram em campo o tempo todo. Kawashima, em duas cobranças, acertou certinho o canto, mas não conseguiu evitar a fatura; Villar acertou uma vez por onde a bola passaria. Decidida a vaga nos pênaltis, os gols foram, pela ordem das cobranças, de Barreto e Endo (1 a 1); Barrios e Hasebe (2 a 2); Riveros e Komano - este mandou a bola no travessão (3 a 2); Valdez e Honda (4 a 3); Cardozo (5 a 3). A equipe paraguaia que já fez história na Copa é esta:
Com gosto de nunca mais Sinceramente, de onde a gente mais espera daí é que vem nada mesmo é a frase que melhor ilustra o que (não) jogaram Espanha e Portugal, para ver a quem caberia a honra de ir pras quartas de final. Esquisita a expressão clássico ibérico, não é mesmo? Se há dois países na região, que raios de clássico se apenas uma peleja pode ser disputada entre ambos... É ao mesmo tempo clássico, segunda e terceira divisão, dá no mesmo e dá nos nervos. Espanhois ainda estão devendo uma exibição à altura do que seja Copa do Mundo, onde deveria apresentar-se a nata do futebol dos países classificados. Portugal bateu na Coreia do Norte, e foi só, naquela chave – lembram-se? Aquilo sim foi clássico: um asiático que não joga nada, nem peteca, se bobear; e um europeu que pensa que joga futebol. Cristiano Runaldo, que deveria comandaire os gajos, voltou a me lembrar aquele comercial da bola, e devolvo-lhe a pergunta: “Ond´istá tua?” Os portugueses mandaram as tamancas mais nas canelas inimigas do que na jabulani. Quando cansavam das tamancas era tapa no peito, soco na cara e por aí vai... Os espanhois apanharam quietos até onde puderam. Xavi Alonso recebeu o cartão amarelo, se não me engano o primeiro da equipe até agora na Copa, e o luso praticante de luta-livre, Ricardo Costa, recebeu direto vermelho por agressão na área inimiga, nos estertores da porfia. Este zagueiro já tinha merecido tomar amarelo há muito tempo. Ah, sim, num raro momento de futebol, Villa, sempre ele, recebeu passe açucarado, de bola ajeitada no bico da chuteira e passada de calcanhar, em posição duvidosa. A meu ver, o cotovelo de um portuga, do outro lado da linha burra (aí já é pleonasmo), dava-lhe condições. E foi o que o 7 da Fúria fez: tocou pro canto direito, Eduardo rebateu no chão; Villa pegou o rebote e mandou nas alturas estufando as redes. Classificada por 1 a 0 num joguinho feio de lascar, não duvido que a Fúria caia do cavalo paraguaio nas quartas de final. Coice, já tomou muito nesta terça. Espero nunca mais assistir a um clássico desse nível. A seleção espanhola que avançou na competição é esta:
De guru pra vudu
Clique da Copa
Mais uma de Juanito
Frases da Copa
Por hoje, é isso. Lembro que o texto desta coluna sai também no site www.cliqueabc.com.br fotos: aft, reuters charge: aroeira; amarildo |