Guy Laliberté, um palhaço no espaço
De Agencia EFE – Há 1 dia
Moscou, 30 set (EFE).- O multimilionário canadense Guy Laliberté, fundador do Cirque du Soleil se tornou nesta quarta-feira o sétimo turista, e o primeiro palhaço, a pôr os pés na plataforma orbital.
"Sim, quero ser o primeiro palhaço no cosmos e também chamar a atenção do povo sobre o problema de água", afirmou Laliberté, que pagou US$ 35 milhões para realizar o sonho de viajar ao espaço.
Laliberté, 50 anos, tem poucas semelhanças com os outros seis viajantes que estiveram na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) desde 2001, quando o magnata americano Dennis Tito tornou-se o primeiro a pagar pelo passeio em uma Soyuz russa.
"Eu faço cosquinhas para que se preparem", comentou em relação aos dois companheiros de viagem, o cosmonauta russo Maxim Suráyev e o astronauta americano Jeffrey Williams, horas antes de partir à base de Baikonur, de onde será lançada a nave.
O canadense levou vários narizes de palhaço ao espaço para entreter os companheiros e não tem intenção de efetuar durante a estadia na ISS experimentos científicos que permitam contribuir à cura de doenças como o câncer.
"Não sou cientista, médico ou engenheiro. Levarei à estação meu senso de humor", assinalou Laliberté, que acredita que o riso é o melhor antídoto contra a doença e a velhice.
No entanto, nem tudo será diversão, já que o criador circense também aproveitará a aventura espacial para promover sua faceta humanitária através da fundação "One drop" (Uma gota), que tenta conscientizar o mundo sobre o problema da escassez de água e sua relação direta com a pobreza no planeta.
Laliberté coordenará em 9 de outubro a partir da ISS - situada a cerca de 350 quilômetros da Terra - o espetáculo poético-social intitulado "Da Terra às Estrelas pela Água", no qual participarão astros da música, do cinema e outras celebridades em 14 cidades nos cinco continentes.
Os cantores Bono Vox, Peter Gabriel, Shakira, a atriz Salma Hayek e o ex-vice-presidente americano Al Gore são algumas das personalidades que recitarão poemas sobre a água ou apresentarão seus próprios trabalhos artísticos em lugares como o México, Nova York, Mumbai, Paris, Rio de Janeiro, Marrakech, Tóquio e Johanesburgo.
"É algo muito grave. Se não alertarmos o mundo sobre o problema, em breve haverá uma grave crise pela escassez de água. Com ajuda da arte tentaremos chamar a atenção das pessoas sobre os problemas ecológicos, movimentar a humanidade", apontou.
Para participar dessa viagem, desde o dia 10 de maio Laliberté passa por 12 horas de treinamentos diários, na Cidade das Estrelas, nos arredores de Moscou.
"Sei como me comportar na estação. Espero não fazer nada errado. É arriscado, mas não tenho medo. Meus companheiros de viagem me disseram que meu principal objetivo será ser capaz de cuidar de mim mesmo e não ser um peso a mais para eles", contou.
Laliberté, reconhecido mundialmente por ter revolucionado a arte circense, dedicou 60% do tempo da preparação durante os últimos cinco meses para estudar como reagir em caso de qualquer dano na plataforma orbital.
Segundo o canadense, foi a sua compatriota, a astronauta Julie Payette, que despertou nele o interesse por comprar uma poltrona em uma nave espacial russa com destino à ISS, onde permanecerá durante oito dias.
Payette, que viajou à ISS em julho passado a bordo da nave americana Endeavour, acompanhará à família de Laliberté durante o lançamento em Baikonur.
Outra pessoa que apoiou os planos de Laliberté desde o início foi o cantor de U2, o irlandês Bono Vox, a quem contou logo após tomar a decisão de se transformar em um turista espacial, solicitação apresentada em 2004 e que não foi aceita até maio passado.
Laliberté reconhece que viajar ao espaço não era um sonho de criança, mas se tornou uma magnífica oportunidade de divulgar os 25 anos da criação do Cirque du Soleil.
No retorno à Terra, o circo vai fazer a sua primeira apresentação na Rússia, país com grande tradição circense que desde de 2008 tem uma filial permanente da companhia.
O sétimo turista espacial da história, cuja fortuna é estimada em US$ 2,5 bilhões, partiu hoje a bordo da Soyuz TMA-16 rumo à ISS. A chegada deve ocorrer dois dias depois da viagem, na sexta-feira.