27 de junho de 2013

SALA DE ESTAR

' à vontade' para ver as Copas no Brasil
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MINEIRAZO!!!

Nino Prata com Agências

27/06/2013 - O Uruguai que o Brasil venceu na semifinal da Copa das Confederações é time experiente (17 dos 23 jogadores convocados agora pelo marrentito Oscar Tabarez chegaram à semifinal da Copa do Mundo 2010) e joga no esquema que considero o mais adequado a uma equipe que se pretenda vencedora: o 4-3-3.

A potencial força no ataque só é superada pela pegada de seus zagueiros, que não brincam na marcação, às vezes chegando junto e até mesmo antes. O duelo prometido poderia descambar em faltas, digamos, abusivas porque time que sabe marcar não precisa ser necessariamente  botinudo. A Espanha é exemplo, nesse aspecto, porque sabe marcar, sabe segurar a bola e comete poucas faltas, qualquer que seja o adversário. 

Os comandados de Felipão mostraram ter evoluído bastante nos jogos disputados até ontem para um time ainda em formação, segundo o próprio treinador. Passados quase 63 anos do Maracanazo, demos aos hermanitos um quase troco com este Mineirazo.  Que venha a  Espanha, se a Itália deixar...

Mas nesse confronto com o Uruguai, para ver qual equipe teria o direito de ir à final, o Brasil não atuou bem, antes contou com a sorte na defesa de Júlio César na amorim2cobrança de pênalti infantil, cometido por David Luiz em Lugano - justo o zagueiro clássico em cima do zagueiro voluntarioso. Forlán tentou achar o canto esquerdo do  goleiro canarinho, mas a defesa foi precisa, espalmando para escanteio.

Alguns jogadores brasileiros estiveram irreconhecíveis e, por outro lado, os uruguaios fizeram marcação implacável tanto na sua defesa como no meio de campo e no nosso ataque, dificultando o toque de bola, uma raridade na partida. Os comandados de Felipão erraram passes além da conta, até que Paulinho acertasse, nos instantes finais do primeiro tempo, um lançamento à Gerson. Neymar dominou a bola, passou com categoria pelos zagueiros e tentou encobrir Muslera com leve toque; o goleiro desviou com uma das mãos, a bola sobrou para Fred estufar as redes, batendo de canela mas de jeito a desviar a bola de três uruguaios diante dele. Já estávamos nos 41 minutos da primeira etapa.paixao

Os uruguaios vieram com mais força ainda para o segundo tempo, e logo aos 3 minutos Cavani - que fez uma partidaça multiplicando-se em todos os setores de campo - empatou em bobeira generalizada na área brasileira. Foi aquela ducha de água fria.

O jogo ficou ainda mais pegado, o Brasil não se achava, alguns jogadores se estranharam - Fred e Lugano; González e Neymar -, e tudo levava a prever uma dramática prorrogação, disputa na cobrança de pênaltis.  Aos 15, Felipão atende ao clamor da torcida e põe Bernard no lugar de Hulk.

semitres (1)Acertou porque a entrada do atleticano, jogando em casa, deu novo ritmo às jogadas de ataque. A troca de posição entre os  jogadores brasileiros se intensificou, Hernanes também foi pro jogo, no lugar de Oscar, o que liberou Paulinho para arriscar-se mais no ataque. 

O Uruguai também mexeu no time, mais para compensar o cansaço de alguns de seus jogadores, e nos 10 minutos finais já se arriscava menos. Godin era um dos mais debilitados, mas mantinha a eficiência da zaga. Gargano substituiu González, que, ao sair de campo pela linha de fundo, passou próximo de Neymar (que cobraria escanteio) e provocou-o protagonizando cena digna de pelada. Neymar retribuiu com alguma gentileza, González ainda retrucou e recebeu de volta beijinhos a distância do 10 brasileiro.

Estávamos nos 36 minutos. Aos 41, cabalisticamente, em mais uma cobrança de escanteio, Neymar cobrou com perfeição no segundo pau, para Paulinho saltar mais que Cáceres e cabecear sem chances de defesa para Muslera.

Num jogo sofrível o placar foi apertado, mas a galera cantou firme e forte o "Eu sou brasileiro...". Felipão, em entrevista às vésperas da partida, parecia preparar os ânimos ao avaliar: "Às vezes a vitória mascara.  A derrota pode te dar um caminho". Ao falar depois da partida, o técnico reconheceu: "... time não esteve bem, os jogadores sabem que não jogaram bem".

1034724037  Nem é  preciso dizer mais nada. A seleção tem poucas horas para se acertar e fazer partida impecável na final. Por enquanto, o Mineirazo é nosso!  

   


Embate Fenomenal

fenomenUM (1) Ronaldo, membro do Comitê Organizador Local (COL), e Romário, deputado federal (PSB-RJ), já não se entendem nesses tempos de Copas como nos tempos em que atuaram juntos pela Seleção  Brasileira. O Fenômeno já estava na berlinda pelo cargo que ocupa no COL e, na semana de manifestações populares em todo o Brasil, passou de herói a vilão. Tudo por conta de um antigo vídeo, repicado nas redes sociais, em que diz que "Copa se faz com estádio, e não com hospitais". 

Nos protestos sobraram para o (ainda) ídolo nacional frases como "Mais Romário, Menos Ronaldo". 

Além de ser vítima de memes na internet, chamando-o Debi e Loide, o maior artilheiro de todas as Copas foi 'cornetado' pelo baixinho.

Numa tentativa de driblar a situação vexatória, com a categoria que demonstrou em gramados pelo mundo, Ronaldo deu a entender que não compactua com sua antiga declaração e ser um "homem do povo". "Não senti medo porque sou do povo FenomenDOIS e reivindico as mesmas coisas que o povo está reivindicando. Não tenho medo de sofrer qualquer tipo de represália. Meu sentimento é igual ao do povo. Quero um Brasil mais justo com o povo. Ele quer dar fim à corrupção, aos desvios de dinheiro. O povo quer hospitais. E eu estou com o povo. O Brasil não tem falta de dinheiro. O que falta é investimento certo. Temos de responsabilizar os culpados pelos desvios", afirmou.
Perguntando se iria às manifestações, Ronaldo mostrou ter vontade de participar, mas receio do que poderia acontecer: "Eu iria. Mas não sei se ia dar certo. Ia ser um pouco confuso, ia atrapalhar a manifestação. Mas estou vendo uma grande maioria fazer um protesto pacífico", disse.

Sobre o deputado federal fluminense Ronaldo afirmou: "Não tenho absolutamente nada para falar do Romário. Eu vejo, não só o Romário, vejo muita gente se aproveitando para ganhar uma medalhinha. Vivemos um momento de reflexão. Precisamos de soluções para melhorar o Brasil e não só ficar apontando o dedo para fulano e sicrano, sendo que o Brasil precisa de mudanças. Gostaria de mudar, mas não tenho cargo público e político, ele tem", cutucou.

A resposta do ex-atacante de Vasco, Flamengo, Fluminense foi enfática: "Se tem alguém se aproveitando dessa situação de indignação popular, certamente, não sou eu. Desde 2011, quando assumi meu mandato, tenho me informado sobre tudo que acontece no Brasil na área de esporte para contribuir com minha experiência".

"Para finalizar, parceiro, não é só governo que contribui com o bem da população de seu país, empresários e cidadãos bem intencionados também compartilham desta inestimável generosidade", afirmou.

O baixinho chegou a divulgar carta aberta ao ex-companheromario3 iro de Seleção no domingo (23), garantindo que faz seu papel de deputado federal, cobrando ainda ingressos prometidos aos portadores de deficiência para o Mundial. Em um dos trechos da carta se lê:

"Uma coisa que você não deve saber, é que uma das funções de deputado é fiscalizar, além da CBF, entidades como a que você faz parte (o COL). E ninguém pode dizer que não tenho feito isso", argumenta o Baixinho.
O campeão mundial em 1994, em seguida, lista ações que já realizou, definidas por Ronaldo como "apontar o dedo": "São incontáveis os relatórios divulgados por mim sobre o excesso de gastos. Visitei todas as cidades-sedes para fiscalizar obras de mobilidade, aeroportos, estádios e acessibilidade".

Romário ainda lembrou a Ronaldo que como deputado federal pode apenas fiscalizar, mas que a "canetada final", como ele próprio definiu, cabe ao poder Executivo. Entre as ações que ele afirma estar tomando está a proposição para que seja instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para investigar as ações da Fifa no país.

A carta aberta diz ainda: "Como você (Ronaldo) também deve saber, estou tentando instalar um CPI da CBF na Câmara, para que possamos por fim aos desmandos daquela instituição e resgatar a verdadeira função do futebol, que é fortalecer este esporte tão amado por mim, por você e por milhões de brasileiros".

Romário também escreveu: "O primeiro impacto negativo que tive foi a Lei Geral da Copa, que dava poderes excessivos à Fifa. Trabalhei junto com outros deputados para tornar aquele texto mais favorável ao Brasil. Sugeri que a Fifa deixasse no Brasil 10% do seu lucro, de R$ 4 bilhões, para investimento no futebol de base e outros esportes praticados por pessoas com deficiência. Entre outros projetos que você, certamente, pode conferir posteriormente".

O deputado federal pelo PSB fluminense aproveitou ainda para cobrar uma antiga concessão que seria feita a seu pedido. "Nós da Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa com Deficiência ainda esperamos os 32 mil ingressos para a Copa do Mundo prometidos publicamente por você, em nome do COL, para as pessoas com deficiência de baixa renda".

bolaadidas (1) Balotelli a 30 centavos - Para quem ama colecionar figurinhas, do mesmo jeito que Edson Castelli, atenção! Em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, é possível negociar o 9  italiano, bem como outros craques de todas as seleções que estão na Copa das Confederações em condições especiais mediante troca ou compra. Cada figurinha custa Cr$ 0,30. Bem melhor que ir a uma banca de jornal e desembolsar três vezes mais por um pacote de 4 figurinhas repetidas. Quem curte colecionar álbuns sabe que o bom mesmo é trocar as que tem a mais por outras que ainda não tem.

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bolaadidas (1)Álbum histórico - Esta Copa das Confederações já entrou pra história pelo contexto sociopolítico em que se desenrola a competição. Não perca tempo: faça um bom negócio e complete o seu álbum, os dos filhos e dos netos. Antes que seja tarde!   

bolaadidas (1)Prantelli -  O técnico italiano tem nome de imperatore, Cesare. Mas o prantelli Prandelli do sobrenome merece ter o dê trocado por tê: Prantelli. Na segunda-feira (24), ele quase foi aos prantos ao reclamar da organização da Copa das Confederações, que faz seleções viajarem longas distâncias e atuarem em regiões de climas diferentes. Ora, Colombo e Cabral já sabiam das dimensões continentais do Brasil bem antes de o calccio ser inventado. Se faltou organização, foi na preparação da Azurra para venire qui.  

bolaadidas (1)Falha nossa! - Em uma das notas publicadas nesta coluna, escrevi erroneamente que jogadores espanhóis foram vítimas de furto em hotel no Rio. Na verdade, a ação criminosa teria acontecido em hotel de Recife. E o caso ganhou toques picantes com revelações mais recentes, depois de minuciosa análise de imagens de câmeras de segurança do estabelecimento. O que faz supor que os lesados teriam sido vítimas de garotas que eles próprios levaram pros seus quartos, de madrugada, para jogar strip pôquer. O que teria feito com que ficassem de calças nas mãos e sem dinheiro no bolso... algo em torno de R$ 3 mil.  A Fifa confirmou o furto; a federação espanhola negou o cenário do crime.

Nino Prata é jornalista desde 1972 e apaixonado por futebol desde criança

24 de junho de 2013

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Deu lógica maneira

Nino Prata

24/06/2013 - No Grupo B da Copa das Confederações deu a lógica do começo ao fim. Espanha e  Nigéria jogaram no Castelão, em Fortaleza, num clima tão animado no entorno do estádio que mais lembrava festa junina ou carnaval. Uruguai e Taiti se enfrentaram na Arena Pernambuco, em Recife. 

E, como se esperava, deu a lógica: vitória da Roja por 3 a 0 e goleada da Celeste por 8 a 0. Teremos as semifinais anunciadas entre Brasil e Uruguai, na quarta-feira (26) no Mineirão; Espanha e Itália, na quinta-feira (27), no Castelão. 

Não foi, porém, um complemento de rodada que seguiu à risca o favoritismo dos mais fortes sobre os mais fracos. Antes do início do primeiro tempo entre espanhóis e nigerianos a torcida já gritava: 'Nigéria! Nigéria'!. Logo no primeiro minuto de jogo a Espanha  chegou com perigo na área adversária, em espetacular drible de Iniesta;  e aos 3, Alba finalizou com precisão uma bela troca de passes desde o meio de campo espanhol, em 8 toques de bola. 

O placar relâmpago de 1 a 0 não foi, porém, suficiente para  intimidar os africanos - mesmo com nova chance de gol aos 8 minutos, quando Xavi lançou Fàbregas no miolo da área nigeriana: goleiro e zagueiro se chocaram e ainda cederam escanteio. A partir daí até os 22 minutos, foi a Nigéria que mandou no jogo. Faltou caprichar nas finalizações.

Do lado espanhol, quem desperdiçou oportunidades de ampliar o placar foi Soldado, aos 25, talvez por displicência na conclusão das jogadas. Os nigerianos insistiram nas jogadas de ataque sem levar em conta o poderio do adversário, mas sempre pecaram no arremates. Aos 30, Soldado conclui fraco nas mãos de Enyeama. 

niger 3VALENDO A Nigéria viveu o seu melhor momento na competição, a decantada posse de bola da Espanha ficou em 59%, depois baixou para 55%, e  a Nigéria finalizou mais. Não se sabe se apenas pelo forte calor ou porque a Nigéria soube marcar a equipe de Del Bosque, sem abusar de faltas (apenas 4 nas duas seleções até os 35 minutos), mas até Iniesta deu um chute bizarro aos 41, na tentativa de encobrir o goleiro adiantado. Busquets ainda cobrou falta nos acréscimos de 2 minutos, mas a bola foi fraca pras mãos de Enyeama.  

Na volta do intervalo havia movimento no banco de reservas espanhol, sinal de que o andamento do jogo não agradava Del Bosque. Se não bastasse, a Nigéria teve momentos de Espanha ao tocar a bola em seu campo. A torcida foi à loucura aos gritos de 'Nigéria! Nigéria!. Em arrancada de Musa, que cruza para um distraído Ineye, atrás da zaga, por pouco não saiu o gol de empate. Em outro momento os africanos abusaram da própria categoria em boa trama pelo lado esquerdo da área espanhola. E Soldado até que se esforçava do outro lado, como ao sofrer falta, na medida para Xavi bater. O 8 espanhol mandou a bola por cima do goleiro, mas também do travessão, tocando a rede do lado de fora. 

A Nigéria, mesmo nesses momentos de aperto na defesa, não abria mão de atacar. Até Torres substituir Soldado e, aos 16, usar bem a cabeça em cruzamento de Pedro, que recebeu a bola de Alba. Foi o 104o. gol do 9 espanhol com a camisa da seleção, além de ser o artilheiro da competição com 5 arremates certeiros.

A Nigéria também mexeu no time, procurando reforçar as jogadas de ataque, mesmo porque a essa altura já estava em busca de um  milagre porque o Uruguai goleava o Taiti. A partida continuava, porém, em ritmo civilizado: apenas 13 faltas. E na base do lá e cá. 

Mikel enfileirou a marcação espanhola e ia livre para a conclusão até sofrer falta. A Espanha retomou o conhecido toque de bola.  Gambo, que entrou no lugar de Akpala, perdeu o gol de que a Nigéria precisava para criar mais ânimo ainda, em bela jogada de Musa, que passou por dois marcadores e cruzou na medida. Em arrancada espetacular de Iniesta, finalmente, Villa (substituto  de Pedro) arrematou firme, mas em cima da zaga.

O coro de mais de 50 mil vozes vinha das arquibancadas: "Eu sou brasileiro, como muito orgulho, com muito amor..." e cutucava a Fúria: "Espanha, pode esperar, a sua hora vai chegar...". Nos cinco minutos finais a Nigéria mostrava sinais de cansaço, a ponto de o lateral Echiejile chutar pro gol espanhol da esquerda, mas bola foi parar fora de campo do lado direito. Se no primeiro tempo, os espanhóis foram superados pelos nigerianos em chutes a gol, agora dominavam também nesse aspecto com 19 finalizações. 

Aos 42 minutos, a Nigéria ainda teve chance  de sair do zero em cobrança de  escanteio. Todo o time espanhol estava na defesa. Mas saiu em contra-ataque, fulminante, para Alba fazer o segundo gol dele na partida, em belo lance, depois de limpar o goleiro e tocar pras redes de Enyeama. O placar de 3 a 0 foi um castigo para a Nigéria.

A impressão que fica é a de que, numa característica, a Espanha é imbatível: não se perturba, aguarda o momento certo e dá a estocada final, a exemplo dos toureiros. 

Taiti enriquece o faiplay

Oscar Tabarez, el marrentito, que pensa ser Mourinho, fez algumas alterações no time do Uruguai que goleou por 8 a 0 o Taiti. Destaque para os 4 gols de Hernández, um deles com direito  a chapéu, matada no peito e conclusão inapelável. Suárez fez 2; Pérez e Lodeiro, 1 cada. Os taitianos sofreram 24 gols e marcaram apenas 1, saldo de - 23 nas três partidas disputadas.  

Mas o Taiti, para esta coluna, foi a seleção que marcou a Copa das Confederações no momento em que o Brasil viveu nas ruas tempos de tensão e, mais que isso, provocação de vândalos, desocupados e, até, bandidos, a julgar por algumas prisões anunciadas.

A seleção que representou a Oceania, não importa em que circunstâncias, mostrou que é preciso levar o fairplay a patamares inimagináveis. A passagem desse time por estádios que jamais sonhou sequer visitar fica na história, mais que pelas goleadas, pelas atitudes de cortesia e atenção para com torcedores e adversários. 

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A distribuição de colares da sorte e a visita a projetos sociais foram etapas, entre outras atitudes, de algo que culminou na despedida, no domingo: levaram pro gramado bandeiras brasileiras e a faixa com apenas duas palavras: Obrigado Brasil. 

Nós brasileiros é que deveríamos agradecer pela gentileza.   

Nino Prata é jornalista desde 1972 e apaixonado por futebol desde criança

23 de junho de 2013

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Lição de casa ainda por fazer


Nino Prata

23/06/2013 - O apelo da voz que vem das ruas que, para mim, sintetiza melhor o que vai nos corações e mentes de brasileiras e brasileiros é o que estava, na sexta (21), numa das faixas de manifestantes em Santo André: "Isto é uma Ordem, Queremos Progresso!". Estima-se em 30 mil as pessoas movidas por esse sentimento, que vem justamente de uma cidade onde se originou, em 2002, um dos casos mais nebulosos da recente política brasileira: o sequestro e assassinato do prefeito Celso Daniel. Político carismático, de rara visão administrativa, ligado ao esporte.

O ABC Paulista fica a poucas dezenas de quilômetros da capital do estado, que tem na Avenida Paulista um de seus cartões-postais e origem das manifestações que se espalharam país afora.  

Não sou daqueles que, a exemplo de Carlos Alberto Parreira, coordenador técnico da Seleção Brasileira, dizem que política e esporte não se misturam. Há exemplos históricos de que ambos estão imbricados, sim, até mesmo no  Brasil e em países vizinhos. Há infelizmente os que fazem mau uso dessa, digamos, parceria. Casos das ditaduras militares sul-americanas.

Torcedoras e torcedoras fizeram bem em driblar a segurança e ir pra dentro de estádios com mensagens expressas em cartazes, deixando claro que os protestos são contra desmandos de políticos, principalmente, e não contra os selecionados de Felipão.

A impressão que fica, nos dias de hoje, é que ainda não aprendemos a fazer a lição de  casa. Saúde, educação, transporte (incluo moradia por minha conta) estão entre as carências mais gritantes das reivindicações sociais que tomaram conta das ruas país afora. Por trás de tudo o que até hoje não foi realizado nessas áreas por governos de todas as instâncias denunciam-se a corrupção, o mau uso do dinheiro público, entre outras sem-vergonhices.

Dói, a essa altura do campeonato (mais precisamente das Copas  das Confederações e do Mundo), termos de tomar pito de pessoas daqui e de fora (ler Notas desta coluna), ligadas ao esporte, que vão do meia italiano Giaccherini ao presidente da Fifa, Joseph Blatter - sem falar do vexatório pontapé nos fundilhos, sugerido lá atrás (desculpem a redundância) por Jérôme Valcke. Dói ainda mais sabermos que os estádios já prontos e os ainda em construção tiveram orçamentos, de origem já grandiosos, ultrapassados em proporções absurdas. Custos estes, no mínimo, reveladores da falta de planejamento, do desrespeito à transparência.

Decididamente, o jeito brasileiro não bate com o jeito Fifa, por mais defeito que tenha a entidade máxima do futebol mundial. Em pronunciamento oficial na noite de sexta-feira (21), em rede nacional, a presidente Dilma Rousseff anunciou medidas numa tentativa de atender ao clamor das ruas. Entre elas: a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que privilegie o transporte coletivo; a destinação de 100% dos royalties do petróleo para a educação, proposta já em discussão no Congresso; trazer mais médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Além de se estabelecer um pacto com governadores, prefeitos e líderes das manifestações para se alcançar melhoria dos serviços públicos. O que se pretende é chamar todos esses segmentos para conversar em Brasília.

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Duelo pela liderança

Itália e Brasil se enfrentaram pelo Grupo A, em Salvador, na partida que decidiu quem ficaria em primeiro lugar - para enfrentar possivelmente o Uruguai numa das semifinais - e segundo, que encara a temida Espanha na outra semi. 

Eram 9 títulos mundiais em jogo, no estádio da Fonte Nova, colorido de verde-amarelo, na capital baiana dos acarajés, dos afoxés, do candomblé, dos orixás.

Num primeiro tempo em que predominou a pegada dos dois lados, com recorde de cartões amarelos distribuídos numa única partida, os canarinhos se deram melhor nos lances de gol, mas perdeu David Luiz, que não suportou a paulistinha que sofreu na coxa direita. 

Se o zagueiro titular precisa benzer-se, seu substituto, Dante, um dos baianos de origem no gramado, fez, já nos acréscimos, o gol, resultante de boa cobrança de escanteio por Neymar; Fred cabeceou, Buffon rebateu, e o número 13 (amuleto de Zagalo) tocou pras redes italianas em impedimento.

O segundo tempo começou no mesmo ritmo - Brasil no ataque e Itália com nove na defesa e apenas Balotelli avançado. Mas foi a Itália que fez o gol de empate, logo aos 6 minutos. Balotelli, mesmo sofrendo falta, tocou de calcanhar para Giaccherini, que avançou pela direita e bateu em diagonal tirando a bola do alcance de Júlio César. O Brasil, porém, deu o troco logo no minuto seguinte: Marcelo serviu Neymar, que foi derrubado próximo à linha da grande área e ainda sofreu pisão numa das mãos. 

O camisa 10 cobrou com perfeição, por fora da barreira, no canto esquerdo de Buffon. Mais um golaço do agora jogador do Barcelona, o terceiro dele na competição. O jogo ficou acelerado, como na arrancada de Hulk aos 13 minutos e nas sucessivas subidas da Itália. Numa delas Balotelli mandou um míssil, em cobrança de falta, que desviou na defesa e obrigou Júlio César a espalmar no seu canto esquerdo. 

A Itália ainda teve pênalti não marcado em Balotelli, aos 17, ao ser puxado por Dante. Mas dois minutos depois, em primoroso lançamento de Marcelo, Fred ajeitou a bola na coxa, venceu Chiellini na raça e mandou enviezado longe de Buffon, no canto direito.

Com 3 a 1 a partida parecia resolvida, o que nunca se deve considerar num confronto de dois times de primeiríssima linha. Bernard entrou no lugar de Neymar, o que poderia prever maior velocidade nos ataques brasileiros, mas foi a Itália quem chegou lá. Depois de cobrança de escanteio, houve outro pênalti em Balotelli, que teria sido marcado pelo árbitro, mas a bola sobrou para Chiellini arrematar rasteiro no canto esquerdo de Júlio César. Gol validado, apesar da reclamação geral dos brasileiros, e o placar de 3 a 2 colocou fogo no jogo.

Felipão substituiu Hulk por Fernando, reforçando  a marcação, mas os canarinhos recuaram em demasia. O sufoco da Azurra chegou a preocupar nos 10 minutos finais. Os brasileiros abusavam de faltas e, numa delas, o chute de Balotelli bateu no braço de um adversário; no minuto seguinte, em cobrança de escanteio, Maggio cabeceou a bola no travessão; mais três minutos, e em mais uma falta, Balotelli desperdiça a finalização em jogada ensaiada.fred!!!Mas era dia da redenção de Fred, em jejum nos dois primeiros jogos. aos 43, em jogada de Bernard pela esquerda, Marcelo chutou colocado, Buffon rebateu e o 9 brasileiro definiu o placar em 4 a 2.

Os três minutos de acréscimo também foram sufocantes para a defesa de Felipão, que precisa ser mais atenta na marcação e não confundir chegar junto com agarrões pelas costas adversárias. Teremos duas semifinais de arrepiar: Brasil x Uruguai e Espanha x Itália. Se der a lógica no futebol.

No mesmo horário do jogo do Brasil, México e Japão cumpriram tabela, no Mineirão, em jogo que acabou 2 a 1 para os rubro-verdes. Chicharito, a exemplo de Fred, desencantou e fez os dois gols da vitória, enquanto Okazaki anotou o dos samurais da bola.

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Desejo de melhora - Emanuele Giaccherini, meia da Azurra, ao ser perguntado sobre as manifestações de rua, avaliou: "O que vi no Brasil é que é um país pobre, muito pobre, e que está procurando por essas manifestações encontrar soluções. Espero que as manifestações deem a possibilidade de o Brasil melhorar".

imagesjBrasil que quis - Joseph Blatter, presidente da Fifa, mandou ver no dia herjosef!!!images  18: “O Brasil pediu essa Copa do Mundo. Nós não a impusemos ao Brasil. Eles sabiam que para ter uma boa Copa do Mundo naturalmente teriam que construir estádios. Mas nós dizemos que não é apenas para o Mundial. Junto com os estádios há outras construções: rodovias, hotéis, aeroportos... São itens do legado para o futuro".

imagesjJusto o Mané! - O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TC-DF) divulgou na sexta (21) o custo atualizado da construção do Estádio Mané Garrincha: R$ 1,78 bilhão - duas vezes e meia o que foi estipulado em 2010. O governo local questiona os valores (que  num período de apenas um mês subiram R$ 200 milhões, pois estavam em R$ 1,5 bilhão em maio) com a desculpa de que no relatório do TC-DF estão inclusas obras no entorno do estádio.

Romario-Foto-Ueslei-MarcelinoREUTERS_LANIMA20120329_0129_26  'Uma farsa' - Romário, que praticamente levou o Brasil ao Tetra em 1994,  hoje deputado federal, questiona o anunciado custo global da Copa do Mundo em 2014: "Os R$ 28 bilhões são uma farsa. Vamos passar de R$ 35 bilhões".

imagesj'Tiro no pé' - Gilvan Ribeiro, editor de  Esportes do Diário de S. Paulo, recomenda: "... As arenas já estão de pé e, goste-se ou não..., chegou a hora de o país ter o retorno dos investimentos... Hostilidades capazes de afugentar os estrangeiros serão um tiro no pé".

parrudo Cheio de pose - Parreira, coordenador técnico da Seleção, na cúpula do futebol nacional desde os anos 1970, saiu-se com essa: "Estou doido para que aconteça logo um Brasil x Espanha... estou na torcida para que esse jogo seja realizado... A Espanha precisa encontrar um time que a incomode". A conferir!

imagesj'Calotelli' - O atlético 9 italiano, Mario Balotelli, se sentiu tão em casa em Salvador que bebeu tranquilo aquela água de coco in natura, passeou ileso, se deixou fotografar, mas não teria pagado a conta. Bola fora, hem?! O prejuízo do vendedor de coco foi pequeno, porém, em relação ao que teria sido furtado de jogadores espanhóis, no Rio, dos quartos de hotel em que se hospedou a Fúria.

Nino Prata é jornalista desde 1972 e apaixonado por futebol desde criança

21 de junho de 2013

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' à vontade' para ver as Copas no Brasil

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Tudo ou nada

Nino Prata

21/06/2013 - O 'marrentito' Oscar Tabarez havia previsto que a sua equipe vencesse, ontem, a Nigéria, na Arena Fonte Nova, em Salvador, estaria garantida nas semifinais. Segundo ele, perder para a Espanha no primeiro jogo não foi nada demais. E ficou implícito que vencer o Taiti, domingo, são favas contadas. 

O técnico escalou um time reforçado com Forlán (que ficara no banco de reservas na rodada inicial do Grupo B) e foi pra cima dos nigerianos num ritmo e volume de jogo impressionantes. 

Não  demorou, e os uruguaios abriram o placar - imaginem - com Lugano, de canela, escorando cruzamento que veio da esquerda. Forlán mandou a bola, rasteiro, Cavani furou e, como  se fosse um corta-luz, sobrou para o parrudo zagueiro.  

Lugano, no entanto, esteve mais como o estabanado de sempre, abusando de faltas e do jeito violento, confundido por seus fãs com garra. 

Foi sobre  ele que aconteceu o gol de empate da Nigéria, em brilhante jogada de Mikel, depois de troca de passes com bola no chão no ataque africano. O meia-atacante recebeu na área e pedalou; por pouco, Lugano não foi pro chão. Aí foi só  colocar no ângulo e empatar a partida.forlan

O segundo tempo foi quase uma repetição do primeiro com a diferença de ser a Nigéria que tomou a iniciativa do ataque. Não durou muito, porém, a pressão africana sobre os sul-americanos. O sufoco que se anunciava não durou nem 6 minutos. 

Foi quando brilhou a estrela de Forlán, no dia em que completou 100 jogos pela Celeste. Suárez puxou um contra-ataque, mandou a bola para Cavani, que serviu o 10 uruguaio livre à esquerda;  Forlán soltou a bomba no ângulo à direita de Enyeama. Foi o 34o. gol dele na seleção do país vizinho. 

A Nigéria bem que tentou, mas não conseguiu sequer empatar a partida, resultado que de qualquer maneira não seria de todo útil para ela. Tabarez mexeu melhor na sua equipe, reforçando a marcação, que no mais das vezes é implacável. Cavani até teve a chance de ampliar o marcador, ao matar no peito, avançar livre de marcação, mas concluiu nas alturas o que poderia ser a confirmação da vitória.

Com os 2 a 1 o Uruguai é o provável segundo colocado do Grupo B, para decepção da torcida do estado mais africano no Brasil, que apoiou a Nigéria o tempo todo. Os comandados de Felipão pegariam os hermanitos nas semifinais. 

O Brasil, por sinal, já está em Salvador, onde enfrenta a Itália no sábado para decidir quem fica em primeiro lugar no Grupo A. David Luiz, com fratura no nariz, assim como Paulinho, contundido,  preocupam, mas ainda é cedo para dá-los como desfalques certos.  

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Em ritmo de treino

A Espanha não precisou mais do que um time de reservas, praticamente durante todo o tempo de jogo, toque de bola abaixo de sua média histórica e ritmo moderado na variação de jogadas, para aplicar no Taiti a maior goleada em uma competição oficial da Fifa: 10 a 0 (4 gols de Fernando Torres, 3 de David Villa, 2 de David Silva, 1 de Mata). Torres ainda desperdiçou pênalti, ao mandar a bola no travessão.

Mais uma vez os taitianos levaram o vareio no faiplay, sem apelar; apenas o goleiro, depois de levar o oitavo gol, marcado por Malta se desesperou socando o gramado. Mas estava totalmente recuperado, na entrevista depois da partida, envergando, garboso, a camisa que ganhou de Reyna.

A torcida deu espetáculo à parte, apoiando o tempo todo a equipe da Polinésia e, já no segundo tempo, com a partida quase decidida, soltou a voz no "Eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor", seguindo afinadíssima na interpretação do Hino Nacional. Sinal do clima de cidadania que varre o País e, quem sabe, um aviso aos espanhóis: no que depender da brava gente brasileira, vocês não levam essa Copa. 

O ritual de distribuição de colares da sorte, nos cumprimentos iniciais, a toda a equipe adversária - titulares, reservas, comissão técnica - e agradecimento à torcida na despedida, pelo incentivo, foi seguido à risca pelos taitianos. Gestos que, no caso deles, são mais que meramente protocolares.         neycidadao (1)

bola Seleção cidadã 1 - "Quero um Brasil mais justo, mais seguro, mais saudável e mais honesto" (Neymar, camisa e nota 10). 

bolaSeleção cidadã 2 - "Sou a favor de uma manifestação pacífica e do direito de as pessoas poderem protestar" (David Luiz, camisa 3 e nota 10). 

images Bola fora - "Vamos nos esquecer de toda essa confusão que está acontecendo no Brasil e vamos pensar que a seleção brasileira é o nosso país, o nosso sangue" (Edson Arantes do Nascimento, que já foi camisa 10 e fica de recuperação em cidadania)

Nino Prata é jornalista desde 1972 e apaixonado por futebol desde criança

20 de junho de 2013

SALA DE ESTAR

' à vontade' para ver as Copas no Brasil

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Fortaleza verde-amarela

Nino Prata

20/06/2013 -  A capital cearense viveu momentos de euforia desde a chegada da Seleção Brasileira para o jogo com o México no Castelão, inaugurando oficialmente a belíssima arena e a segunda rodada do Grupo A na competição. Se os mexicanos estão atravessados em gargantas de nossos jogadores, devido a resultados recentes favoráveis à equipe rubro-verde,  todavia o carinho da torcida local pelos canarinhos desceu bem - a ponto de ser permitida a entrada de cerca de 3 mil torcedores ao treino da equipe verde-amarela, dois dias antes do confronto.

Próximo ao Castelão, um dos mexicanos a caráter, em seu sombrero cheio de adereços e com um acordeón, cantou empolgado "La Cucaracha" e "Cielito Lindo". Jogadores canarinhos passaram pelo túnel de acesso aos vestiários batucando um dos sambas que exalta as belezas nacionais, enquanto cantavam "... estava no Ceará, terra de Irapuã, de Iracema e Tupã...".

Com a bola rolando, estádio lotado, o que se viu foi o Brasil conquistar sua segunda vitória na Copa das Confederações ao vencer o México por 2 a 0, com mais um golaço de Neymar, ainda nos primeiros 10 minutos de jogo. Em jogada de Daniel Alves, pela direita, o lateral cruzou no miolo da zaga a bola, desviada pelo zagueiro que marcava Fred; o camisa 10 brasileiro acertou belo chute de primeira, a meia altura, no canto direito de Corona. 

A impressão que dava era que Neymar estava em dia de decidir a partida não só pelo belo gol, mas também porque eram dele as jogadas mais agudas pra cima da defesa mexicana. O Brasil comandava as ações ofensivas, e o México usava de todo seu poder defensivo, com uma retaguarda reforçada pelas alterações feitas pelo técnico De la Torre. Isso até os primeiros 15 minutos.

Para alguém esperava, como este colunista, uma goleada redentora de maus presságios, o placar dilatado não aconteceu. Os mexicanos não tinham o que perder, se quisessem se redimir da derrota no primeiro jogo do Grupo A, e tinham poder de contra-ataques, puxados por Giovanni dos Santos, Torrado e Chicarito. A pressão do selecionado rubro-verde foi bem suportada pela retaguarda brasileira, com a situação ficando um pouco mais complicada com o sangramento que o zagueir David Luiz sofreu no nariz: foi um tal de deixar o gramado, voltar e ter de sair de novo, que parecia não ter fim. 

marioalberto No segundo tempo, a seleção mexicana colocou jogadores de maior poder ofensivo (Herrera e Barrera, em momentos diferentes), partindo desde o seu meio de campo, e o sufoco brasileiro parecia que iria permitir o gol de empate.  Apenas nos minutos finais, em jogada antológica de Neymar, pela esquerda, o 10 canarinho passou em meio a dois marcadores,  percebeu o avanço de um terceiro pra cima dele e serviu Jô (substituto de Fred), que só teve o trabalho de colocar a bola fora do alcance de Corona.

Os comandados de Felipão tiveram nos mexicanos um adversário mais perigoso que os japoneses, e não fosse o talento e o brilho de Neymar a classificação às semifinais da competição poderia não estar garantida.

Solidários

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Neymar marcou golaço também fora de  campo, e nisso teve a companhia de  David Luiz. Os dois se manifestaram favoráveis às legítimas manifestações que acontecem País afora, sobretudo em grandes centros urbanos, com as pessoas reivindicando que se adote o padrão Fifa nos gastos com educação, saúde e transporte, e não apenas como foi feito até agora para viabilizar a construção de estádios de Primeiro Mundo.

Do lado de fora do Castelão, por exemplo, número estimado de 15 mil manifestantes era mais uma demonstração do grau de insatisfação que existe em segmentos sociais com casos de corrupção não apurada e devidamente punida, entre outros desmandos sobretudo da  classe política. 

Em Fortaleza, o protesto, que engrossou as manifestações iniciadas em São Paulo pela redução das tarifas de transporte coletivo, foi chamado+Pão-Circo. Entre seus alvos a remoção de famílias para a construção de obras da Copa do Mundo e a reivindicação de recursos para o semiárido nordestino.

Mesmo no momento da execução dos hinos, dentro do estádio, alguns torcedores ergueram cartazes de apoio às manifestações. Um deles tinha a frase: “Este protesto não é contra a seleção, mas sim contra a corrupção!#ogiganteacordou”. 

Cena inesquecível, por sinal, foi que pós o término da execução do hino, segundo o protocolo da Fifa, a torcida e os jogadores brasileiros continuaram a cantar o Hino Nacional.

Equipes ofensivas

A partida que fechou a segunda rodada do Grupo A foi marcada pelo duelo tático orquestrado pelos italianos Cesare Prandelli e Alberto Zaccheroni,  técnicos que escalaram equipes ofensivas nas alterações feitas, respectivamente, na Itália e no Japão. 

Quem ganhou com isso foi o futebol e os apreciadores do esporte. No meu entender, foi a partidaça da Copa das Confederações até aqui, e o placar de 4 a 3 mostra do que é capaz um confronto. Não tem graça quando apenas uma equipe manda no jogo, a menos que seja o time pelo qual torcemos. 

Italianos e  japoneses, não exatamente nessa ordem, fizeram do jogo na Arena Pernambuco uma sucessão de jogadas rápidas, oportunidades de finalização e trocas de passe, às vezes desconcertantes, como poucas vezes se vê em partidas de competições desse nível.

A pressão nipônica sobre a Azurra parecia obra de ficção, mas era pura necessidade de quem não tinha outro resultado, que não a vitória, para manter-se com chances de classificação. O Japão fez 2 a 0, com Honda cobrando pênalti de Buffon sobre Okazaki, aos 21 minutos do primeiro tempo. Aos 33, numa incrível bobeada de marcação da zaga italiana, Kagawa antecipou-se e cabeceou bola  cruzada da direita em cobrança de falta.

A torcida, que desde a saída inicial da bola estava ao lado dos japoneses, começou a pedir 'olé', e em alguns momentos os azurri ficaram mesmo na roda. Pirlo estava apagado, a bola não chegava no jeito para Balotelli, o técnico Prandelli tirou Aquilani, para colocar Giovinco. De Rossi tomou cartão amarelo por falta em Honda. Não era tão visível assim, mas estaria a experiente squadra azurra acometida de algum ataque de nervos? Como explicar, entre outros lances críticos, dois bate-roupas num mesmo lance, de Buffon, aos 36 minutos. 

Mas, aos 40, a Itália respirou, em cobrança de falta de Pirlo da direita até o cabeceio preciso de De Rossi, que parece não ter-se abatido pelo cartão que recebera. Até o zagueiro Chiellini se animou a ir pro ataque, e ainda no minuto de acréscimo a  trave salvou a meta defendida por Kawashima.

O que estava empolgante ficou eletrizante no segundo tempo. Aos 5 minutos, em jogada da esquerda, a bola cruzada iria certeira para Balotelli, e na tentativa de cortar, a zaga empurrou a bola pras próprias redes. Passado um minuto, Hazebe corta a jogada italiana com a mão - pênalti; Balotelli faz pose, avança, espera Kawashima escolher o canto e bate à esquerda do goleiro.

A experiente Itália, guerreira, 4 vezes campeã do mundo, ressurgia das cinzas. Nada, porém, que abalasse a garra samurai. Giovinco contribuía para dar outro alento às jogadas de ataque e obrigou Kawashima a fazer defesa milagrosa, ainda nos primeiros 15 minutos; o Japão, por sua vez, tinha na habilidade de Honda um de seus pontos fortes, a ponto de o camisa 4 aplicar um 'rolinho na pizza' em seu marcador. E veio o empate: Okazaki aprontou pra cima de De Sciglio, o jovem lateral fez falta; na cobrança de Endo, a bola chega redonda para o próprio Okazaki empatar.

Honda ainda teve a oportunidade de brindar a torcida com jogada de craque, ao driblar a zaga italiana, invadir a área e por pouco não fez um golaço de encher os olhos. A pressão nipônica  sobre os azurri foi massacrante nos 10 minutos finais; migueljchouve momento de o time todo - de Balotelli a Buffon - se espremer nos limites de sua área até o gol, e o  

bombardeio kamikaze prosseguia. O empate não era de todo bom pra Itália, e péssimo pro Japão. 

Dizem que em futebol não existe o impossível. Pois o inacreditável aconteceu: num lampejo de craques, De Rossi deu belo passe para Marchisio, à direita da área japonesa, e o meia cruzou rasteiro para Giovinco, livre na área, apenas empurrar para o gol aberto e fazer 4 a 3: a Itália se garante nas semifinais e decide com o Brasil quem fica com o primeiro lugar no Grupo A.

 

jovens!!! Tirou de letra - A presidente Dilma Rousseff,  em compromisso de sua agenda na terça (18), falou da onda de protestos em vários pontos do País, no dia anterior. Disse a presidente: "O Brasil, hoje, acordou mais forte. A grandeza das manifestações de ontem comprova a energia da nossa democracia, a força da voz da rua e o civismo da nossa população". 

brasi Orgulho de ser brasileiro - Dilma entende que "é bom ver tantos jovens e adultos, o neto, o pai, o avô, juntos, com a bandeira do Brasil cantando o hino nacional dizendo com orgulho 'sou brasileiro' e defendendo um país melhor. O Brasil tem orgulho deles". 

1016639_397436013707611_608454860_n Ouvir vozes - Na avaliação da presidente, deve-se louvar o "caráter pacífico" dos atos da segunda-feira, que, segundo ela, evidenciaram o "correto tratamento pela segurança pública" no que diz respeito à forma de lidar com a manifestação popular. Para Dilma, "essas vozes das ruas precisam ser ouvidas" e ultrapassam os "mecanismos tradicionais das instituições, dos partidos políticos, das entidades de classe e da própria mídia". 

casame Jovens quase maduros - Não deve ser mera coincidência que em duas das principais capitais do País, São Paulo e Rio, os governos tenham decidido baixar as tarifas de transporte público aos patamares anteriores. Esta coluna entende que toda manifestação é legítima, e que bom ver jovens à frente dos gritos nas ruas. Que esses jovens amadureçam rápido, o que vale também na condução das manifestações porque sempre se corre o risco de aproveitadores fazerem mau uso da legitimidade a duras penas conquistadas.

Nino Prata é jornalista desde 1972 e apaixonado por futebol desde criança