26 de junho de 2013
24 de junho de 2013
SALA DE ESTAR
Nino Prata é jornalista desde 1972 e apaixonado por futebol desde criança
23 de junho de 2013
SALA DE ESTAR
' à vontade' para ver as Copas no Brasil Lição de casa ainda por fazer
Nino Prata 23/06/2013 - O apelo da voz que vem das ruas que, para mim, sintetiza melhor o que vai nos corações e mentes de brasileiras e brasileiros é o que estava, na sexta (21), numa das faixas de manifestantes em Santo André: "Isto é uma Ordem, Queremos Progresso!". Estima-se em 30 mil as pessoas movidas por esse sentimento, que vem justamente de uma cidade onde se originou, em 2002, um dos casos mais nebulosos da recente política brasileira: o sequestro e assassinato do prefeito Celso Daniel. Político carismático, de rara visão administrativa, ligado ao esporte. O ABC Paulista fica a poucas dezenas de quilômetros da capital do estado, que tem na Avenida Paulista um de seus cartões-postais e origem das manifestações que se espalharam país afora. Não sou daqueles que, a exemplo de Carlos Alberto Parreira, coordenador técnico da Seleção Brasileira, dizem que política e esporte não se misturam. Há exemplos históricos de que ambos estão imbricados, sim, até mesmo no Brasil e em países vizinhos. Há infelizmente os que fazem mau uso dessa, digamos, parceria. Casos das ditaduras militares sul-americanas. Torcedoras e torcedoras fizeram bem em driblar a segurança e ir pra dentro de estádios com mensagens expressas em cartazes, deixando claro que os protestos são contra desmandos de políticos, principalmente, e não contra os selecionados de Felipão. A impressão que fica, nos dias de hoje, é que ainda não aprendemos a fazer a lição de casa. Saúde, educação, transporte (incluo moradia por minha conta) estão entre as carências mais gritantes das reivindicações sociais que tomaram conta das ruas país afora. Por trás de tudo o que até hoje não foi realizado nessas áreas por governos de todas as instâncias denunciam-se a corrupção, o mau uso do dinheiro público, entre outras sem-vergonhices. Dói, a essa altura do campeonato (mais precisamente das Copas das Confederações e do Mundo), termos de tomar pito de pessoas daqui e de fora (ler Notas desta coluna), ligadas ao esporte, que vão do meia italiano Giaccherini ao presidente da Fifa, Joseph Blatter - sem falar do vexatório pontapé nos fundilhos, sugerido lá atrás (desculpem a redundância) por Jérôme Valcke. Dói ainda mais sabermos que os estádios já prontos e os ainda em construção tiveram orçamentos, de origem já grandiosos, ultrapassados em proporções absurdas. Custos estes, no mínimo, reveladores da falta de planejamento, do desrespeito à transparência. Decididamente, o jeito brasileiro não bate com o jeito Fifa, por mais defeito que tenha a entidade máxima do futebol mundial. Em pronunciamento oficial na noite de sexta-feira (21), em rede nacional, a presidente Dilma Rousseff anunciou medidas numa tentativa de atender ao clamor das ruas. Entre elas: a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que privilegie o transporte coletivo; a destinação de 100% dos royalties do petróleo para a educação, proposta já em discussão no Congresso; trazer mais médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Além de se estabelecer um pacto com governadores, prefeitos e líderes das manifestações para se alcançar melhoria dos serviços públicos. O que se pretende é chamar todos esses segmentos para conversar em Brasília. Duelo pela liderança Itália e Brasil se enfrentaram pelo Grupo A, em Salvador, na partida que decidiu quem ficaria em primeiro lugar - para enfrentar possivelmente o Uruguai numa das semifinais - e segundo, que encara a temida Espanha na outra semi. Eram 9 títulos mundiais em jogo, no estádio da Fonte Nova, colorido de verde-amarelo, na capital baiana dos acarajés, dos afoxés, do candomblé, dos orixás. Num primeiro tempo em que predominou a pegada dos dois lados, com recorde de cartões amarelos distribuídos numa única partida, os canarinhos se deram melhor nos lances de gol, mas perdeu David Luiz, que não suportou a paulistinha que sofreu na coxa direita. Se o zagueiro titular precisa benzer-se, seu substituto, Dante, um dos baianos de origem no gramado, fez, já nos acréscimos, o gol, resultante de boa cobrança de escanteio por Neymar; Fred cabeceou, Buffon rebateu, e o número 13 (amuleto de Zagalo) tocou pras redes italianas em impedimento. O segundo tempo começou no mesmo ritmo - Brasil no ataque e Itália com nove na defesa e apenas Balotelli avançado. Mas foi a Itália que fez o gol de empate, logo aos 6 minutos. Balotelli, mesmo sofrendo falta, tocou de calcanhar para Giaccherini, que avançou pela direita e bateu em diagonal tirando a bola do alcance de Júlio César. O Brasil, porém, deu o troco logo no minuto seguinte: Marcelo serviu Neymar, que foi derrubado próximo à linha da grande área e ainda sofreu pisão numa das mãos. O camisa 10 cobrou com perfeição, por fora da barreira, no canto esquerdo de Buffon. Mais um golaço do agora jogador do Barcelona, o terceiro dele na competição. O jogo ficou acelerado, como na arrancada de Hulk aos 13 minutos e nas sucessivas subidas da Itália. Numa delas Balotelli mandou um míssil, em cobrança de falta, que desviou na defesa e obrigou Júlio César a espalmar no seu canto esquerdo. A Itália ainda teve pênalti não marcado em Balotelli, aos 17, ao ser puxado por Dante. Mas dois minutos depois, em primoroso lançamento de Marcelo, Fred ajeitou a bola na coxa, venceu Chiellini na raça e mandou enviezado longe de Buffon, no canto direito. Com 3 a 1 a partida parecia resolvida, o que nunca se deve considerar num confronto de dois times de primeiríssima linha. Bernard entrou no lugar de Neymar, o que poderia prever maior velocidade nos ataques brasileiros, mas foi a Itália quem chegou lá. Depois de cobrança de escanteio, houve outro pênalti em Balotelli, que teria sido marcado pelo árbitro, mas a bola sobrou para Chiellini arrematar rasteiro no canto esquerdo de Júlio César. Gol validado, apesar da reclamação geral dos brasileiros, e o placar de 3 a 2 colocou fogo no jogo. Felipão substituiu Hulk por Fernando, reforçando a marcação, mas os canarinhos recuaram em demasia. O sufoco da Azurra chegou a preocupar nos 10 minutos finais. Os brasileiros abusavam de faltas e, numa delas, o chute de Balotelli bateu no braço de um adversário; no minuto seguinte, em cobrança de escanteio, Maggio cabeceou a bola no travessão; mais três minutos, e em mais uma falta, Balotelli desperdiça a finalização em jogada ensaiada.Mas era dia da redenção de Fred, em jejum nos dois primeiros jogos. aos 43, em jogada de Bernard pela esquerda, Marcelo chutou colocado, Buffon rebateu e o 9 brasileiro definiu o placar em 4 a 2. Os três minutos de acréscimo também foram sufocantes para a defesa de Felipão, que precisa ser mais atenta na marcação e não confundir chegar junto com agarrões pelas costas adversárias. Teremos duas semifinais de arrepiar: Brasil x Uruguai e Espanha x Itália. Se der a lógica no futebol. No mesmo horário do jogo do Brasil, México e Japão cumpriram tabela, no Mineirão, em jogo que acabou 2 a 1 para os rubro-verdes. Chicharito, a exemplo de Fred, desencantou e fez os dois gols da vitória, enquanto Okazaki anotou o dos samurais da bola. Desejo de melhora - Emanuele Giaccherini, meia da Azurra, ao ser perguntado sobre as manifestações de rua, avaliou: "O que vi no Brasil é que é um país pobre, muito pobre, e que está procurando por essas manifestações encontrar soluções. Espero que as manifestações deem a possibilidade de o Brasil melhorar". Brasil que quis - Joseph Blatter, presidente da Fifa, mandou ver no dia 18: “O Brasil pediu essa Copa do Mundo. Nós não a impusemos ao Brasil. Eles sabiam que para ter uma boa Copa do Mundo naturalmente teriam que construir estádios. Mas nós dizemos que não é apenas para o Mundial. Junto com os estádios há outras construções: rodovias, hotéis, aeroportos... São itens do legado para o futuro". Justo o Mané! - O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TC-DF) divulgou na sexta (21) o custo atualizado da construção do Estádio Mané Garrincha: R$ 1,78 bilhão - duas vezes e meia o que foi estipulado em 2010. O governo local questiona os valores (que num período de apenas um mês subiram R$ 200 milhões, pois estavam em R$ 1,5 bilhão em maio) com a desculpa de que no relatório do TC-DF estão inclusas obras no entorno do estádio. 'Uma farsa' - Romário, que praticamente levou o Brasil ao Tetra em 1994, hoje deputado federal, questiona o anunciado custo global da Copa do Mundo em 2014: "Os R$ 28 bilhões são uma farsa. Vamos passar de R$ 35 bilhões". 'Tiro no pé' - Gilvan Ribeiro, editor de Esportes do Diário de S. Paulo, recomenda: "... As arenas já estão de pé e, goste-se ou não..., chegou a hora de o país ter o retorno dos investimentos... Hostilidades capazes de afugentar os estrangeiros serão um tiro no pé". Cheio de pose - Parreira, coordenador técnico da Seleção, na cúpula do futebol nacional desde os anos 1970, saiu-se com essa: "Estou doido para que aconteça logo um Brasil x Espanha... estou na torcida para que esse jogo seja realizado... A Espanha precisa encontrar um time que a incomode". A conferir! 'Calotelli' - O atlético 9 italiano, Mario Balotelli, se sentiu tão em casa em Salvador que bebeu tranquilo aquela água de coco in natura, passeou ileso, se deixou fotografar, mas não teria pagado a conta. Bola fora, hem?! O prejuízo do vendedor de coco foi pequeno, porém, em relação ao que teria sido furtado de jogadores espanhóis, no Rio, dos quartos de hotel em que se hospedou a Fúria. |
Nino Prata é jornalista desde 1972 e apaixonado por futebol desde criança
21 de junho de 2013
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