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Sombras Ancestrais no Blues de Otis TaylorWhite African (2001), o oitavo álbum de Otis Taylor, o mago de Denver que transforma dor em grooves hipnóticos. Influenciado pelo gênio cru de John Lee Hooker, Taylor tece um som temperamental e inquietante: banjo elétrico zumbindo como um lamento ancestral, guitarra slide cortante de Eddie Turner e teclados etéreos de Kenny Passarelli, tudo ancorado na voz rouca e na gaita soulful do mestre. É blues acústico-eletrificado, denso como névoa sulista, sem concessões a melodias leves – puro humor negro blueseiro, ecoando as injustiças raciais com inteligência afiada."Saint Martha Blues" questiona linchamentos no Sul profundo em um riff lancinante; "3 Days And 3 Nights" corta o coração com o desespero de uma família sem plano de saúde; e "Hungry People" clama pelos sem-teto em um shuffle devorador. Cassie Taylor, filha do artista, adiciona vocais de fundo que elevam a intimidade familiar.Gravado em sessões minimalistas em estúdio caseiro de Denver, Taylor improvisou linhas de banjo sobre fitas antigas de Hooker para capturar a "ressurreição blues" – um processo que durou apenas semanas, priorizando a espontaneidade sombria. Historicamente, o disco dialoga com a diáspora africana no blues, homenageando griots modernos que narram o trauma negro americano desde os anos 1920.




