1 de julho de 2010

A SELEÇÃO CHEGOU À ÁFRICA DO SUL COMO APRENDIZ

 fifa-logo Nino Prata

Zelosos leitores, Brasil, pátria, equipe são palavras de seis sílabas e, assim, caminhamos para o hexacampeonato, cujo nome da vez é Copa do Mundo Fifa África do Sul 2010. Football é cada vez mais business, e nesse diapasão a Fifa virou logomarca multiplicada em produtos licenciados mundo afora.

Com todos os defeitos que possa ter, a vetusta entidade leva o futebol a sério e cobra de seus filiados que façam o mesmo. Prova disso são as exigências feitas a países que se candidatam a sediar uma Copa e, mais ainda, ao que é escolhido para realizar o evento.

O Brasil, vencida a batalha inicial para sediar o Mundial de 2014, vai ter de ralar muito para se sair bem como anfitrião, a exemplo do que faz agora a África do Sul. Itens como segurança, transportes, rede hoteleira, rede hospitalar, atrações turísticas e gastronômicas devem ser motivo de preocupação diária que na prática resulte em idéias, projetos e ações para tornar realidade o sonho.

Se nascemos para jogar futebol, como está num slogan da marca que fornece o material esportivo da seleção canarinho, temos de chegar à capacidade plena de organização da Copa do Mundo de modo excelente.

Se no futebol jogado no campo somos considerados mestres, na organização do Mundial somos aprendizes. Que a lição da África do Sul seja assimilada no que revela de bom e nem tão bom, para superarmos as falhas e otimizarmos os aspectos positivos, com a máxima urgência.

 

Pontapé inicial é amarelo-laranja

copas Na linha do aprendizado, vamos procurar saber mais sobre as seleções que começam a disputar as quartas de final na sexta-feira, 2 de julho. Brasil e Holanda dão o pontapé inicial, revivendo encontro que já aconteceu em três Copas.

Na de 1974, depois de passar a duras penas por Iugoslávia (0 a 0), Escócia (0 a 0) e Zaire (3 a 0), diria o Zagallo, fomos surpreendidos em um grupo que tinha Alemanha Oriental, Argentina e Holanda. Ganhamos da Alemanha Oriental por 1 a 0, da Argentina por 2 a 1, perdemos para a Holanda por 2 a 0, e o zagueirão Luís Pereira perdeu a cabeça, ao ser expulso, mas não o orgulho, ao deixar o gramado mostrando à torcida, no peito, o escudo tricampeão. Depois, na decisão do 3º. lugar, a Polônia de Lato (autor do gol) nos bateu por 1 a 0.

Aí vieram os confrontos de 1994 e 1998, o primeiro nas quartas de final e o segundo nas semifinais. Vitórias brazucas por 3 a 2 (com o antológico gol de Branco, a bola disparada em curva passando por entre Romário e um laranja, indo morrer no cantinho esquerdo de De Goej) e por 4 a 2, nos pênaltis, depois do empate por 1 a 1. Dessa vez brilhou a estrela de Taffarel, hoje olheiro de Dunga.

Curioso é que em 1974 a Holanda foi a vice-campeã diante das donas da casa, a Alemanha Ocidental de Beckenbauer, Gerd Müller e Cia., e o Brasil ficou no 4º. lugar; em 98, nós ficamos em 2º., com a França de Zidane campeã, e os holandeses conseguiram a 4ª. posição. Mas em 1994 foi a vez do tetra verde-amarelo, com os laranjas amargando a 7ª colocação.

A Holanda de 2010 está com uma invencibilidadeAUTO_sinovaldo impressionante de 23 partidas,  embora só tenha pegado duas seleções de peso nessa trajetória – Itália e Inglaterra, coincidentemente as duas que foram mais cedo para o aeroporto, na viagem de volta pra casa.

Esta seleção é considerada por analistas como a melhor formação laranja desde o Carrossel Holandês de 1974. Esta, sim, para mim, foi a única equipe que representou uma revolução no futebol, desde que me conheço por gente. Grosso modo, à exceção do goleiro Jongbloed, ninguém guardava posição, e todos defendiam e atacavam com a mesma eficácia. Além de  contar com o talento de Johan Cruyff e ter no líbero Krol um de seus destaques. Este revelou, certa vez, usar a amarelinha por debaixo da camisa laranja.

paixao Hoje, Robben dita o ritmo, do meio para a frente os jogadores tanto são capazes de cadenciar o jogo como organizar jogadas de ataque fulminantes, mas a defesa tem seus pontos vulneráveis. Nas palavras do especialista Steven Esselink, citado no Guia Lance Copa 2010, a seleção de Bert van Marwijk segue o que havia sido iniciado por Marco van Basten. “O sistema tático é claro, e os jogadores sabem o que fazer”. Que o digam Van Bommel, Sneijder, Van Persie...

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Money, money, money

As contabilidades da cartolagem e do apito vão bem, obrigado! A CBF, até aqui, já faturou US$ 14 milhões na Copa 2010: US$ 5 milhões nas fases anteriores e US$ 9 milhões do prêmio pela classificação às quartas dAUTO_jbosco (1)e final. Se ganhar este Mundial de Futebol, o prêmio chegará a US$ 30 milhões. Valor a ser pago pela Fifa depois da competição.

Por sua vez, cada árbitro  que está na África do Sul, pela simples presença na Copa, já embolsa US$ 50 mil. Tem até um sueco que ainda nem apitou e já engodou a conta bancária com benvindo dinheirinho. Fora custeio de hospedagem e transportes, tudo pago pela Fifa.

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Geopolítica da bola

Ancelmo Gois, como sempre muito bem informado, em sua coluna no Diário SP, lembra o que disse Edmar Bacha: “... na Copa do Mundo, só dá Mercosul. Mais uma razão para não deixar a Venezuela entrar”. Como diria o próprio Gois: faz sentido.

O pior é que Venezuela dá uma rima...

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Eliminados do apito

O uruguaio Jorge Larrionda e o italiano Roberto Rosetti, árbitros responsáveis pelas lambanças nos jogos Inglaterra X Alemanha e México X Argentina, estão fora do Mundial. Blatter até pediu desculpas pelos erros crasos dos dois e mais todo o trio de arbitragem. AUTO_dalcioTem outro nome pra isso: quadrilha.Sul-americanos e europeus no quesito melhor apito na mão do que vuvuzela na orelha empatam, até aqui, na competição. Só pra lembrar: Larrionda simplesmente não validou belo gol de Lampard, que empataria o jogo em que a Alemanha eliminou a Inglaterra nas oitavas. Rosetti, para ser diferente, mas nem tanto, viu que Tevez empurrou a  jabulani pras redes mexicanas, mas não viu que o 11 argentino estava em fragrante impedimento quando recebeu a bola de Messi.

Dois apitaços desafinados, que se não tivessem acontecido, poderiam ter mudado a história das duas partidas. Vuvuzela neles!!!

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Há craque e Fenômeno

De John Carlin, jornalista autor do livro* que deu origem ao filme Invictus, sobre: Messi – “Tem uma extraordinária eloqüência com a bola nos pés, mas, fora isso, não tem nada a dizer”.

Ronaldo – “Se você conversar com os jogadores dos times em que ele atuou, todos só vão ter elogios

*Conquistando o Inimigo – Nelson Mandela e o jogo que uniu a África do Sul

Sonho antigo - O mesmo jornalista, na boa entrevista que concedeu ao Lance, avalia: A Seleção de 70 – “O melhor time de todos os tempos, o mais fantástico que vi em toda minha vidaA seleção de Dunga“... quase um time militar. Dunga é o antibrasileiro! Está mais para o estilo de jogo italiano, alemão, onde o objetivo é conseguir resultados

Assino embaixo e dou fé.

 

Por hoje, é isso.
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charge: sinovaldo; paixão; jbosco; dálcio

29 de junho de 2010

A SELEÇÃO CHEGOU AO ESTADO DE GRAÇA

Nino Prata

aroeira Wagnerianos leitores, o Abre desta coluna vem da correção e sugestão do maestro Norberto Sorato, que estranhou o colunista ter pulado a 23a. letra do alfabeto na sequência dos jogos.

Observação aceita, correção feita, fiquei contente ao saber que entre vocês está um de meus colegas de estudo, desde o ginásio ao ensino superior. Aí cada um seguiu o seu tino profissional, sem perder vínculos de amizade.

Por que wagnerianos? Pelo estilo vigoroso da obra do compositor alemão Richard Wagner (1813-1883), gênio da música, mas execrável pelo seu antissemitismo. Eu disse alemão? Pois faz mais sentido ainda porque os alemães estão com a gente na missão de não deixar os hermanos chegarem ao terceiro título deles em Copas. Além do que, em seu nome - Carlos Caetano Bledorn Verri -, Dunga traz a origem teuto-italiana de seus pais.

Que os soldados de Bledorn Verri, em estado de graça depois de despachar o Chile, com folga (a primeira goleada canarinho na Copa), incorporem toda a força, a técnica e o estilo que fazem de Brasil, Itália e Alemanha o trio de ferro das conquistas dos mundiais de futebol.

Lembro que o alfabeto português, conforme decisão unânime da Academia Brasileira de Letras, em 12/08/1943, consta de 23 letras fundamentais (a-b-c-d-e-f-g-h-i-j-l-m-n-o-p-q-r-s-t-u-v-x-z) e mais 3 para uso em casos especiais (k-w-y). Não há evento mais especial que Copa do Mundo, convenhamos.

E não me venham dizer que sou hexagerado!!!

 

Com gosto de quero mais

jap Paraguai e Japão fizeram nesta terça (29), no Loftus Versfeld, em Pretória, o jogo que deixaria os paraguaios na melhor colocação de uma seleção do país em Copas: entre as 8 forças do futebol mundial. O Paraguai venceu, nos pênaltis, por 5 a 3, e com ele são 4 sul-americanos na hegemonia ludopédica.

O feito deve motivar a equipe guarani a querer mais. Quem não queria ter um sul-americano pela frente foi o nipo-brasileiro Tulio Tanaka. Não sei por quê. Para mim, este era o confronto mais imprevisível nesta Copa, para saber quem sairia vencedor.

A campanha das duas seleções na fase inicial foi muito parecida: em 3 jogos, 6 pontos para o Japão (segundo no Grupo em que tinha a Holanda), 5 para o Paraguai (líder do Grupo em que a Itália pisou literalmente na bola); e empate no saldo de gols: 2 para cada lado. Ataques um tanto econômicos, é verdade, com 4 gols marcados pelos nipônicos e 3 pelos guaranis; e defesas sólidas, com 2 e 1 gols sofridos respectivamente. 

jap2 Era a hora de o cavalo paraguaio mostrar que pode atropelar numa reta final, com sua técnica superior, ou de os robôs asiáticos provarem que também têm faro de gol, que é o que garante a emoção no futebol.

O jogo foi caracterizado pela forte marcação no meio de campo, sobretudo nos primeiros 20 minutos, com apenas uma real chance de gol criada: em bola cruzada da esquerda, Barrios recebeu na área japonesa, passou por dois e não teve pernas para chutar forte; apenas tocou de leve para as mãos de Kawashima.

Foi o suficiente para acordar o Japão. Matsui, de primeira, chutou de longe, e a jabulani explodiu no travessão de Villar. Aos 27, na segunda cobrança de escanteio paraguaia, Santa Cruz ficou com a bola no pé esquerdo, fuzilou, mas para fora. O centroavante é mais um jogador que falta dizer a que veio na Copa, por ser um matador, até aqui apenas de tempo. É dada como certa a despedida dele da seleção.

No mais das vezes muito disputada, a partida teve lances de craque, como a caneta aplicada por Barrios em Hasebe ou o toque de calcanhar de Santa Cruz, ao perceber que Bonet iria passar ali pela direita do ataque.

No duelo da aplicação tática dos japoneses com a técnica dos paraguaios sobrou para o futebol. A Copa do Mundo de 2010 já não se encerrará sem a famigerada disputa nos pênaltis.

jap3 jap4 Os dois técnicos até que tentaram, ao reforçar o ataque em suas substituições, mas nada de arriscar muito, hem rapaziada! O Japão pressionou mesmo foi nos 10 minutos finais do segundo tempo, não sei se para evitar a prorrogação ou desgastar ainda mais o adversário do que a si mesmo.

De nada adiantou. Os 30 minutos de prorrogação também não serviram para mudar o panorama da partida, e me pareceu que os dois times apostavam em seus goleiros, bons de fato. O Paraguai chegou mais inteiro nas cobranças de pênalti, dois deles batidos por quem havia entrado depois no jogo: Barreto, que abriu a contagem; e Cardozo, que fechou o placar, sem necessidade japada última participação japonesa. O Japão, por sua vez, utilizou jogadores que estiveram em campo o tempo todo.

Kawashima, em duas cobranças, acertou certinho o canto, mas não conseguiu evitar a fatura; Villar acertou uma vez por onde a bola passaria.

Decidida a vaga nos pênaltis, os gols foram, pela ordem das cobranças, de Barreto e  Endo (1 a 1); Barrios e Hasebe (2 a 2); Riveros e Komano - este mandou a bola no travessão (3 a 2); Valdez e Honda (4 a 3); Cardozo (5 a 3).  

A equipe paraguaia que já fez história na Copa é esta:

Justo Villar; Carlos Bonet, Paulo da Silva, Antolín Alcaraz, Claudio Morel; Enrique Vera, Néstor Ortigoza (Edgar Barreto), Cristián Riveros; Roque Santa Cruz (Oscar Cardozo), Lucas Barrios (Nelson Valdez)

Técnico: Gerardo Martino

 

Com gosto de nunca mais

esp Sinceramente, de onde a gente mais espera daí é que vem nada mesmo é a frase que melhor ilustra o que (não) jogaram Espanha e Portugal, para ver a quem caberia a honra de ir pras quartas de final.

Esquisita a expressão clássico ibérico, não é mesmo? Se há dois países na região, que raios de clássico se apenas uma peleja pode ser disputada entre ambos... É ao mesmo tempo clássico, segunda e terceira divisão, dá no mesmo e dá nos nervos.

Espanhois ainda estão devendo uma exibição à altura do que seja Copa do Mundo, onde deveria apresentar-se a nata do futebol dos países classificados. Portugal bateu na Coreia do Norte, e foi só, naquela chave – lembram-se? Aquilo sim foi clássico: um asiático que não joga nada, nem peteca, se bobear; e espa3um europeu que pensa que joga futebol.

Cristiano Runaldo, que deveria comandaire os gajos, voltou a me lembrar aquele  comercial da bola, e devolvo-lhe a pergunta: “Ond´istá tua?” Os portugueses mandaram as tamancas mais nas canelas inimigas do que na jabulani. Quando cansavam das tamancas era tapa no peito, soco na cara e por aí vai... Os espanhois apanharam quietos até onde puderam. Xavi Alonso recebeu o cartão amarelo, se não me engano o primeiro da equipe até agora na Copa, e o luso praticante de luta-livre, Ricardo Costa, recebeu direto vermelho por agressão na área inimiga, nos estertores da porfia. Este zagueiro já tinha merecido tomar amarelo há muito tempo.

Ah, sim, nuClipboard13m raro momento de futebol, Villa, sempre ele, recebeu passe açucarado, de bola ajeitada no bico da chuteira e passada de calcanhar, em posição duvidosa. A meu ver, o cotovelo de um portuga, do outro lado da linha burra (aí já é pleonasmo), dava-lhe condições. E foi o que o 7 da Fúria fez: tocou pro canto direito, Eduardo rebateu no chão; Villa pegou o rebote e mandou nas alturas estufando as redes.

Classificada por 1 a 0 num joguinho feio de lascar, não duvido que a Fúria caia do cavalo paraguaio nas quartas de final. Coice, já tomou muito nesta terça. Espero nunca mais assistir a um clássico desse nível.

A seleção espanhola que avançou na competição é esta:

Iker Casillas, Sergio Ramos, Gerard Piqué, Carles Puyol, Joan Capdevila; Andrés Iniesta, Sergio Busquets, Xavi, Xabi Alonso (Carlos Marchena), David Villa (Pedro); Fernando Torres (Fernando Llorente)

Técnico: Vicente del Bosque

 

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De guru pra vudu

OPI-002.epsPaulo Coelho teria pedido a Mick Jagger que, pelamordedeus, se fosse assistir ao jogo Brasil X Chile, torcesse pelo time de Bielsa. Apesar de ser pai de um brasileirinho, cuja mãe é Luciana Gimenez.

O que se sabe é que o roqueiro britânico esteve no Ellis Park, em Joanesburgo, durante a partida. Deve ter seguido o conselho do guru de multidões por esse mundo afora. Xô, vudu! Satisfaction por tê-lo como testemunha ilustre de mais uma boa exibição da seleção canarinho. Já a dos súditos de sua majestade, sorry!

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Clique da Copa

gabNa foto da filha Gabriela, o colunista mostra que não é figura de ficção, ao lado da mulher Dalva e do neto Gabriel. Foi logo depois da CHINELADA NELES!!! Lembram-se?

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Mais uma de Juanito

Juanito Cochabamba, inconformado com a eliminação do México pela Argentina, torceu como ninguém para o Paraguai contra o Japão, direto de Monterrey. Para ele, os nipônicos já teriam ido longe demais na Copa com o que Juanito batizou de time HorrEndo, como se refere à dupla Honda e Endo.

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Frases da Copa

Jogador técnico é punido, o que bate é agraciado” - (Dunga, ao avaliar o cartão amarelo de Kaká contra o Chile, o terceiro do meia na Copa, além de um vermelho)

Temos uma final antecipada contra a Holanda” - (Maicon, lateral, sobre a expectativa do jogo nas quartas de final)

“Vai ser um jogo difícil, mas o Brasil é favorito como em 94 e 98” - (Rivaldo, em seu twitter)

Brasil tem a arrogância positiva de que é invencível. Também deveríamos ter” - (Bert van Marwijk, técnico holandês)

Precisamos jogar um pouco melhor” - (Robben, astro da laranja)

Ramires deu muito mais velocidade ao time” - (Romário, tuitando – pena que o meia levou o segundo amarelo dele na competição e fica fora de um jogo)

Espero a seleção com os braços abertos” - (Sebastian Piñera, presidente do Chile)

Chegamos a essa partida de forma justa e fomos eliminados de forma justa” - (Bielsa, técnico da seleção chilena)

 

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fotos: aft, reuters

charge: aroeira; amarildo

Mordillo

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28 de junho de 2010

A SELEÇÃO CHEGOU ÀS QUARTAS ENGATANDO A PRIMEIRA

xuntitled2 Nino Prata

Yágicos* leitores, o jogo é jogado, o lambari é pescado, e a gente é predestinado. De novo, Chile no caminho da seleção brasileira numa Copa e, de novo, goleada: 3 a 0 com gols de Juan (yes, nós temos zagueiro artilheiro), Luís Fabiano (em jogada benfeita de Robinho e Kaká com finalização perfeita, deixando o goleiro na saudade) e Robinho (quem sabe agora desencanta e desanda a fazer gols).

Sinceramente, esperava que os chilenos dessem mais trabalho nesta segunda (28), no Ellis Park, em Joanesburgo, mesmo porque foram deles as iniciativas de ataque, no início, contidas pela defesa canarinho. Não teve essa de um ficar estudando muito o jogo do outro.

Aos 4 minutos, Luís Fabiano tentou arremate, que passou longe da meta de Bravo. Aos 8ruan, aconteceu o primeiro escanteio a favor do Brasil e, na sequência, o segundo e o terceiro tiros-de-canto. O poderio ofensivo dos soldados de Dunga era intenso; faltava ajustar a mira.

Foi num escanteio, aos 34, que Juan cabeceou certeiro, atrás de zaga chilena e logo atrás de Luís Fabiano: 1 a 0. Estava aberta a porteira, por onde poderia passar a manada de goles.

A goleada se anunciou, três minutos depois, com Luís Fabiano recebendo a bola de Kaká, entrando na área com a bola dominada e tirando Bravo da jogada; o goleiro ainda tocou no pé do luis atacante, que preferiu ir em frente para tocar pro gol, em vez de cair e esperar que o juiz marcasse pênalti.

Aos 13 do segundo tempo, a fatura aumentou para 3, depois de Robinho receber assistência mágica de Ramires e mandar pras redes de Bravo. A essa robi altura, difícil saber quem estivesse mais bravo, se o goleiro ou Bielsa. O técnico fez o que pode, tanto que já veio dos vestiários com duas alterações, uma delas Valdivia - quem sabe, por este conhecer melhor o jeitinho brasileiro... Qual o quê!

As ausências de Elano e Felipe Melo não foram tão sentidas, mesmo porque Ramires é mais contido nos ímpetos defensivos e fez a jogada que resultou no gol de Robinho. Passe preciso, à direita. Daniel Alves se saiu bem, mas está com a pontaria descalibrada.

O ponto mais positivo na seleção desta segunda (28), para mim, foi a velocidade aliada à movimentação de quem ia pro ataque e dos quem saíam da defesa (Lúcio principalmente) para o apoio ofensivo.

O mais perto que o Chile esteve do gol de Júlio César foi em chute de Suazo, aos 32 do segundo tempo. A bola bateu na  trave e, por pouco, o "Chupete" não justifica o apelido. 

Dunga e/ou Jorginho souberam a hora certa de mexer no time, tanto que a primeira substituição, a de Luís Fabiano por Nilmar, foi para dizer aos chilenos que a seleção canarinho queria dar mais umas bicadas. Depois, com o jogo praticamente decidido, foi só garantir o placar de 3 a 0, reforçando a marcação com Kléberson no lugar de Kaká e, sobretudo na saída de Robinho, já aos 39 do segundo tempo, para não correr qualquer risco de última hora.  

O Brasil chegou às quartas e engatou a primeira. Que venham holandeses e quem mais passar de fase.

 Os jogadores que levaram o Brasil  às quartas de final são estes:sel

Júlio César; Maicon, Lúcio, Juan, Michel Bastos; Daniel Alves, Gilberto Silva, Kaká (Kléberson), Ramires, Robinho (Gilberto Melo); Luís Fabiano (Nilmar)

Técnico: Dunga

* Yágicos é uma licença jornalística para o substantivo yagi, que significa antena de ondas curtas, direcional e seletiva. Como a da torcida brasileira, que está cada vez mais antenada na direção do hexa.

 

Laranja quase vira bagaço 

3799-970x600-1 O placar de 2 a 1 para a Holanda sobre a Eslováquia, no jogo das oitavas no Estádio Moses Mabhida, em Durban, não retrata o domínio de bola e a técnica dos laranjas, bem superiores aos dos adversários. Mas tem a ver com o que é capaz de fazer uma seleção bem armada e que procura o ataque até o último segundo.

A surpresa da Copa, apontada por analistas, já dissera a que veio ao despachar a tetracampeã e atual detentora do título, a Itália. Além dessa façanha, a Eslováquia vinha credenciada pela boa campanha nas Eliminatórias (vitórias sobre a Polônia e a própria República Tcheca, sofrendo apenas duas derrotas, para a Eslovênia, que também esteve na África do Sul). E, no Grupo F, classificou-se com 4 pontos, 1 a menos apenas do que o primeiro colocado, o Paraguai.

Estreante em Copas, assim como o técnico Vladimir Weiss, que jogou a Copa de 1990 na seleção da Tchecoslováquia, a Eslováquia tomou 10 gols e teve a pior defesa entre todas as equipes da Europa nas Eliminatórias.

A Holanda, cerebral em seu planejamento e no modo de se portar em campo, tanto sabe do que é capaz a seleção eslovaca que, em nenhum momento nos dias recentes, alardeou favoritismo. E contou na partida das oitavas com o seu astro 3769-970x600-1 principal, Robben, desde o início, recuperado de lesão sofrida no músculo femoral distal da perna esquerda, logo acima do joelho. em amistoso antes da Copa.

Tratado à base de alongamento extremo, agulhas de acupuntura, curativos com espuma de borracha e outras técnicas desenvolvidas pelo seu fisioterapeuta, Dick van Toorn, Robben foi o nome do jogo.

A Holanda, que já vinha bem na competição, com 100% de aproveitamento na fase inicial, ficou melhor ainda e fez 1 a 0 exatamente numa arrancada de seu número 11, pela direita. Foi aos 17 do primeiro tempo que Robben provou o quanto um craque faz a diferença. Recebeu lançamento em rápido contra-ataque, dominou a jabulani, limpou a jogada e chutou em meio a três marcadores, de esquerda, no canto esquerdo de Mucha.

A Eslováquia começava a provar o ácido sabor da laranja, que se fechava quando atacada com até 9 em sua área, mas seus contragolpes poderiam ser mortais. Além de lanç3762-970x600-1amentos, o toque de bola holandês é uma de suas armas porque faz o tempo passar a seu favor e provoca faltas.

No segundo tempo, a Holanda já começou no ataque e manteve o domínio de bola e das iniciativas de ataque. Num deles, pela esquerda, em rápida cobrança de falta, os 38, Sneijder marcou com o gol escancarado depois de receber de Kuyt. Este aproveitou a bobeira geral da zaga e do goleiro; tomou a bola de Mucha, de cabeça, para servir o companheiro. E ainda teve cartão amarelo para o bom e nervoso Skrtel, por reclamação acintosa. 

A laranjada que poderia ser servida quente deixou a Holanda muito dona de si. A Eslováquia insistia em jogadas pela esquerda de seu ataque, e numa delas, no último minuto dos acréscimos, Vittek bateu com categoria o pênalti no canto direito de Stekelenburg. O goleirão nem saiu na foto, que merecia por ter salvado, em pelo menos duas finalizações eslovacas, a Holanda de sofrer gols que poderiam fazer da laranja apenas o bagaço.    

Dunga & Cia. já podem ir ligando o espremedor de frutas porque a laranja está no ponto de ser descascada. 

A Holanda chegou às quartas de final graças a este time:

Maarten Stekelenburg; Gregory van der Wiel, Johnny Heitinga, Joris Mathijsen, Giovanni van Bronckhorst; Arjen Robben (Eljero Elia), Mark van Bommel, Wesley Sneijder (Ibrahim Afellay), Nigel de Jong, Dirk Kuyt; Robin van Persie (Klaas-Jan Huntelaar)

Técnico: Bert van Marwijk

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Mais respeito com “Ban Ban”

Gastón, chileno dos bons, manda e-meio para lembrar que Luis "Ban Ban" Zamorano merece respeito pelo que fez no futebol e por seu engajamento sociopolítico. Eu concordo.

Mesmo porque Zamorano marcou 34 gols em 69 jogos pela seleção de seu país, passou por clubes como Real Madrid e Inter de Milão e colocou sua imagem e prestígio em campanha para ajudar vítimas de terremoto no Chile. Se não bastasse, foi tido por Madona como "símbolo sexual". Aí já não é comigo.

Mas lembro que, como vidente, "Bem Bem" deve ser um bom comentarista esportivo porque ele havia dito que o ponto fraco do Brasil era a zaga. Acho que, no caso, a zaga que deixa a desejar foi a outra.

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Boa notícia

Todos os 196 exames no antidoping realizados depois dos jogos da primeira fase deram negativos. A informação é da Fifa, por meio do seu chefe do departamento médico, Jiri Dvorak.

Do lado dos atletas, a lisura da competição está a salvo. Pena que o mesmo não se possa dizer da arbitragem. E há quem, maldosamente, sugira que se estenda o antidoping aos técnicos.

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Frases da Copa

"Você vai deixar de ganhar se eu passar três horas com o meu marido e meu filho no dia depois dos jogos?" - (Vivian, mulher de Robinho, ao questionar Dunga; a conversa teria sido por telefone)

"Bielsa sempre será protagonista"  - (Mariano Dayan, jornalista do Olé, sobre o estilo do técnico)

"Prefiro correr riscos ao invés de deixar a bola com uma equipe que sabe o que fazer com ela" - (Bielsa, às vésperas do jogo contra o Brasil)

"Se quiser ganhar deles, tem de jogar da mesma forma" - (Dunga, sobre a seleção de Bielsa)

"Bielsa pode ser louco, mas é bom técnico" - (Casagrande, em sua coluna no Diário SP)

"A vitória sempre nos faz bem... Estou orgulhoso de fazer parte do grupo" - (Maradona, que revelou às vezes ter vontade de vestir a camisa de jogador e entrar em campo)

"Os deuses do estádio nos castigaram pela vaga vergonhosa que não era para ter sido aceita, pois foi presente de grego" - (Petit, consultor de mídia, que jogou na França campeã em 1998)

"Também fomos castigados por nossa ignorância e arrogância" - (Idem)

 

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O equívo que Belo Monte!

“Belo Monte é uma resposta medíocre para o desafio de gerar energia para o país”  -  Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace no Brasil.

Reproduzo na integra o texto abaixo sobre a barbaridade que esta sendo cometido com os povos indígenas.

Nota do autor: O autor desse post esforçou-se ao máximo para não mostrar sua raiva e indignação em relação a esse projeto, proferindo tudo aquilo que ele pensa sobre governo e todos aqueles defensores de obra que já nos causou tanto sofrimento e, mesmo com todos os contras, continua em pauta.

O projeto de construção da Usina de Belo Monte não é de agora, há mais de 20 anos que esse assunto circula pelo país. Uma questão um pouca complexa, com vários lados e muitas pessoas envolvidas mas que, ao meu ver, é muito simples: interesses econômicos aliados a incompetência política. Desde o ano passado, com a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental – EIA, que intensificaram-se as discussões e o envolvimento popular, principalmente de movimentos sociais contrários à construção. Localizada no município de Altamira, Pará, a terceira maior hidrelétrica do mundo – atrás apenas da Três Gargantas na China e a Itaipu, entre Brasil e Paraguai – é uma das mais importante obras do PAC e prevê um investimento em mais de R$ 19 bilhões. Segundo especialistas, para sua construção será preciso deslocar mais de 20 mil indígenas e desmatar 50 mil hectares em zona de mata, ainda razoavelmente conservada, em pleno coração da Amazônia.

Aos protestos, vem os “benefícios” dessa grande obra: geração de empregos e, principalmente, energia.  Ao rebater os protestos do cineasta James Cameron, a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), diz [...] a represa ajudará a reduzir abismos sociais em uma região em que ‘a pobreza não é ficção científica’, como ocorre no filme Avatar.” Claro que uma obra deste tamanho vai gerar renda, mas a pergunta é: pra quem?! Pro’s ganhadores do leilão(?)? E a questão de energia… Todos sabem que energia elétrica não é como água que se pode armazenar: produziu tem de ser consumida. Todos lembram também daquelas aulas de física sobre a perda de energia no transporte. O quão longe fica o Pará dos grandes centros urbanos? Será que valerá o investimento, o desgate de mais de 20 anos, a corrupção e destinação do dinheiro, as perdas ambientais e humanas desta obra para suprir a carência energética do país nos próximos anos? Como disse o Marcelo Furtado, esse é um projeto defasado, “Ela não agrega novas tecnologias, não embica o país para o futuro. É uma obra de cimento e aço, típica do século que passou.” Me pergunto se outras formas de geração de energia não seriam menos impactantes ao meio ambiente, se não seria uma oportunidade do país pesquisar e desenvolver métodos mais eficientes, de explorar energias eólica, solar, biocombustíveis, usinas de queima de lixo, célula de hidrogênio, e por aí vai…

Todos somos cientes do potencial hidrelétrico do país, mas vamos ficar preso a ele? Em quanto tempo o projeto será realizado? A energia produzida não será suficiente. Vamos então às 54 usinas que serão construídas com o recurso do PAC 2 (sendo que o primeiro nem chegou aos 50% do total de obras previstas)? Aliás, nem caberão aqui minhas críticas a este “desenvolvimento acelerado-tardio” do país; da corrupção e falta de critérios claros de órgãos que liberam estas obras, como IBAMA e FUNAI…

O Brasil precisa ouvir seu povo, nós precisamos aprender a gritar cada vez mais alto e levar nossas questões cada vez mais longe. Cada ato deve deve ser integrado, seja de artistas, do Greenpeace, ou do E esse tal Meio Ambiente?. Não podemos só deixar o tempo passar… quando olharmos para trás, o que teremos para dizer além do “o que foi que eu não fiz?”?

via: esse tal de meio ambiente