Nino Prata Jocosos leitores, às vésperas da estréia do Brasil na Copa, o general Dunga endurece com os jornalistas por dois dias seguidos, ao fazer treinos fechados também no domingo. Brigar com a Imprensa - que ainda acredito ser o quarto poder - não faz sentido, e temos triste memória a respeito. Em 1974, os jogadores chegaram a lançar manifesto e não atendiam jornalistas brasileiros. Deu no que deu; fomos eliminados pela Polônia, num gol do veloz ponta-direita Lato, que entre outros estragos resultou na agressão do goleiro Leão ao lateral-esquerdo Marinho Chagas, que ia muito à frente e não dava conta de voltar. Contra a Holanda, a Laranja Mecânica, sensação daquela competição, tomamos um vareio, mas pelo menos não perdemos de goleada (2 a 0), a exemplo dos hermanos (4 a 0). Quem perdeu a cabeça foi Luiz Pereira, que ao ser expulso saiu mostrando o escudo brasileiro na camisa à torcida, como que exigindo respeito à amarelinha, que aliás naquele dia era azul. Respeito, no futebol, se conquista em campo. O jogo de estréia da Seleção de Dunga é nesta terça (15). Tomara que Gilmar dos Santos Neves baixe em Júlio César; Carlos Alberto Torres em Maicon; Oscar em Lúcio; Luiz Pereira em Juan; Nilton Santos em Michel Bastos; Clodoaldo em Elano; Didi em Felipe Melo; Zico em Gilberto Silva; Garrincha em Kaká; Romário em Luís Fabiano; Pelé em Robinho. Vai ter gente achando que aí já pedir demais. Na terça, ante a Coréia do Norte, que todos joguem bola, sem frescura e estrelismo, com objetividade, técnica e pontaria. Show de talentos Ao entrar no Soccer City, em Joanesburgo, Holanda e Dinamarca, que se dão melhor em Eurocopa, mas ainda não conquistaram o Mundial, poderiam fazer um jogo, como se diz, parelho. Com um ligeiro favoritismo da um dia chamada Laranja Mecânica (hoje, completou 20 jogos sem perder e, nas Eliminatórias, acumulou 8 vitórias em 8 partidas) frente à outrora Dinamáquina. Quarta e 35a. colocadas no ranking da Fifa, as duas seleções fizeram um primeiro tempo como se apresentassem um show de talentos individuais, porém contidos, porque gol, que é bom, não saiu. Van der Vaart e Van Persie, pela Holanda, Brendtner e Kahlenberg, pela Dinamarca, estão entre esses atletas que fazem dar gosto ver as jogadas de que um futebolista talentoso é capaz. No duelo de Vans e Sens, os primeiros dominaram a partida a ponto de os outros deixarem apenas um atacante fixo na frente, fechando-se para garantir a defesa e partir para contra-ataques. Mas foi a Dinamarca que chutou mais a gol, e o goleiro holandês Stekelenburg não fez feio. Quem pisou, não na bola, mas nos tornozelos adversários foi Van Bommel. Numa das pegadas mais fortes, fez por merecer o cartão amarelo. Ainda bem que Van Persie, autor de belas jogadas, chegou a colocar a bola entre as pernas de seu marcador e em outra deixou-o no chão; Van der Vaart não se fez de rogado e, numa rebatida da zaga depois de cobrança de escanteio, tratou a jabulani com carinho: ajeitou-a no peito e bateu de primeira com a perna esquerda. É o que se pode chamar de valorizar a beleza plástica de uma jogada benfeita. A Holanda fez o seu primeiro gol no início do segundo tempo, mas contou a ajuda da zaga dinamarquesa, que bateu cabeça na bola, bola nas cosas, indo morrer nas redes de Sorensen. No banco de reservas holandês, Frank de Boer é um reforço de peso na comissão técnica; e foi de lá que entraram duas revelações - Elia e Affelay - em substituição a dois destaques do primeiro tempo: Van der Vaart e Van Persie. No quesito substituições, a Holanda se deu melhor e garantiu a vitória, numa das boas jogadas do veloz Elia. Venceu seu marcador, tocou na saída do goleiro, e a bola resolveu bater na trave e voltar para a conclusão de Kuyt. Aí já eram 39 minutos, e a nova laranja por pouco não chegou ao terceiro gol, aos 42, com o zagueiro Simon Jacobsen se redimindo da bobeira geral no início da segunda etapa, dessa vez tirando de puxeta a bola de cima da linha. A Holanda foi melhor porque soube trabalhar a bola, indo ao ataque, em vez de esperar na defesa uma oportunidade de contra-ataques, como fez seu adversário o tempo todo. A Dinamarca amargou a sua primeira derrota numa estréia em Copa do Mundo. Os holandeses, como deseja Bronkhorst, ao falar numa entrevista, precisam superar a fama de jogar bem sem ganhar o Mundial. O primeiro passo foi dado. Sushi morno e camarão frio Japão (45o. no ranking da Fifa) e Camarões (16o.) protagonizaram, no Free State Stadium, em Bloemfontein, o primeiro encontro de asiáticos e africanos na Copa. Na partida que fechou a primeira rodada do Grupo E, o equilíbrio de forças poderia ser a tônica: 6 participações na competição dos leões para 4 dos samurais. Mas não precisavam exagerar nos maus-tratos à bola. Num jogo de pouca técnica e muita força física, nem Eto´o parecia querer dar jeito de fazer a bola rolar com um mínimo de algo parecido com bom futebol. Era marcação, no caso de Camarões já na saída de bola japonesa, parando com falta as jogadas, com trombada pra todo lado, para desgosto da jabulani. Muito menos o árbitro português Olegario Benquerença tinha como ajudar a elevar o nível da partida, por mais boa vontade que seu sobrenome sugira. Aos 20 minutos do primeiro tempo, o goleiro Hamidou resolveu colocar um pouco de emoção no jogo, ao tentar segurar a bola por duas vezes em sua área; acabou atropelando e enroscando-se num japonês, que insistia em recuperá-la. Um lance bisonho. Aos 30, Kawashima não quis ficar atrás do colega camaronês. Subiu bonito, não segurou a bola e deve ter cometido o primeiro caso de autocontusão da Copa, ao cair feio, de costas no chão. Eis que aos 39, Honda (velocidade não lhe falta, com esse nome) marcou aproveitando um dos inúmeros cruzamentos da direita para o segundo pau da meta africana. Ainda consegui dominar a redonda, antes da conclusão. No segundo tempo, enquanto se sucediam pernadas e obstruções de todo tipo, os técnicos mudaram os lutadores que o regulamento permite: 3 pra cada lado, e nada de o jogo melhorar. Por incrível que pareça, num jogo tão truncado, faltoso, sem criatividade, apenas de disciplina tática (?!), o primeiro cartão amarelo saiu apenas na 41a falta. falta. E teve mais, tanto faltas como outro amarelo - só pra ficar um pra cada time. Só aos 37 minutos, num lampejo de ataque, o Japão obrigou o goleiro camaronês a fazer boa defesa, no seu canto esquerdo. A bola, despachada de fora da área tinha endereço certo. Aos 40, foi a vez de Mbia (haja disposição!) tentar o golzinho de empate, mas a bola acertou apenas a trave adversária. Dois minutos depois, Hamidou por pouco não engole um frango,que seria uma opção para o prato do dia: sushi morno com camarão frio. Num espetáculo de horrores, não sei o que tanto cantava e dançava a torcida de Camarões; a do Japão, ainda vá lá, tinha o resultado a seu favor e celebrava com menos barulho e mais fantasia. MACARRONADA REQUENTADA O Green Point, na Cidade do Cabo, assistiu a uma partida muito disputada, com chuva, na abertura do Grupo F entre Itália e Paraguai. Nossos vizinhos, bem escalados pelo argentino Martino, não respeitaram em excesso a Azzurra de Lippi, tetracampeã e 5ª. no ranking da Fifa. Nem por isso Riveros precisava ter deixado a chuteira na perna de um italiano, com menos de 1 minuto de jogo, com a complacência do mexicano Benito Archundia. A Itália insistiu em cruzamentos, ora da direita com Iaquinta ou Criscito, ora da direita com o incansável Zambrotta, firme na defesa, como de resto toda a zaga, e rápido no apoio ao ataque. Faltou precisão, porém, e a bola não chegou na medida para a conclusão das jogadas. O Paraguai soube sair jogando, foi firme na marcação e, em cobrança de falta por Torres, aos 38, Alcaráz subiu mais que a implacável zaga italiana e cabeceou certeiro, no canto esquerdo de Buffon, que mal teve tempo de olhar a bola entrando, rasteira, mansa e matreira. A melhor chance de ataque da Azzurra foi com Montolivo, que se aproveitou de um vacilo da defesa paraguaia, avançou com a bola dominada, mas bateu fraco nas mãos de Villar. Isso depois de uma sequência de dois escanteios cobrados pelo Paraguai num mesmo minuto. Sinal de que o jogo era lá e cá, com apenas um senão: o veterano árbitro deixou rolar as jogadas mais ríspidas, e teve até bate-boca de De Rossi com Riveros. A Itália veio com Marchetti, no lugar de Buffon, para o segundo tempo, em que foi mais agressiva, a começar pelas canelas paraguaias, e o primeiro a sentir a diferença foi Valdez, atacante que se movimenta muito e complica a vida de qualquer defesa. Mas a Azzurra não deixava de criar chances no ataque com Montolivo e Pepe em troca de passes rápidos, porém tímidos nas conclusões. Lippi colocou Camoranesi, que logo no seu primeiro lance alçou a bola com perigo na boca do gol paraguaio. Villar que se cuidasse porque iria ter mais trabalho na partida. O Paraguai, por seu lado, não desistia de ampliar a vantagem no placar, tanto que nas substituições privilegiou o ataque, trazendo Santana e Santa Cruz para o jogo. Lippi respondeu com a entrada de Di Natale (29 gols no campeonato italiano). O jogo ficou ainda mais franco, com as pegadas de sempre, até, finalmente, Victor Cáceres inaugurar a distribuição de cartões amarelos por carrinho frontal em Montolivo. Aos 17 minutos, Pepe cobra escanteio da esquerda, a bola passa por toda a zaga e o goleiro sai mal, deixando De Rossi livre para chutar forte e estufar s redes guaranis. Daí até o final, a Itália foi mais ao ataque, enquanto o Paraguai se defendia com o reforço de seus atacantes, que vinham ajudar a defesa e já tentavam partir em contra-ataque. Numa dessas tentativas, Camoranesi derrubou Santana próximo à área paraguaia e, pelo estilo da falta, poderia ter recebido o segundo cartão amarelo. A chuva não atrapalhou nem o desempenho dos atletas nem a animação das torcidas, e a Azzurra conseguiu pelo menos esquentar a macarronada antes que azedasse de vez.
Agradeço a referência, ainda que involuntária, ao nome desta coluna no título “Copa, cozinha e dependências de empregada”, na coluna agamenonnacopa, que sai no Diario de S. Paulo. Na estrada_____________________________________________________ Aqui vão outras frases que internautas sugerem colocar nos ônibus das delegações no lugar das oficiais:
A COPA DO MUNDO É MASSA!!!
COPA DO MUNDO POR APENAS R$ 1,99
SEREMOS CAMPEÕES EM PLENA ÁSIA!
VAMOS DAR UM CHOCOLATE NELES.
entenda-se: GAÚCHO É A MÃE, TCHÊ.
Por hoje, é isso. Lembro que o texto desta coluna sai também no site www.cliqueabc.com.br fotos: ebc, getty images charge; sponholz |
14 de junho de 2010
A SELEÇÃO CHEGOU NO LIMITE DO RESPEITO
Cinema e Futebol…
Pelé Eterno - Documentário – O filme segue a vida do jogador de futebol mais famoso do mundo: O Brasileiro Pelé. Começando pela sua pobre e difícil infância, até os seus melhores momentos em campo e mostrando outros nunca vistos. E ainda indicam detalhes sobre sua vida profissional e amorosa, além, é claro, de muitos gols e imagens de suas memoráveis jogadas em campo.
Boleiros - Oito anos depois, passadas duas Copas do Mundo, o assunto na mesa do bar do Aurélio (Silvio Luiz) continua o mesmo: futebol. Recém-reformado, o boteco agora tem como sócio a estrela do pentacampeonado, Marquinhos (José Trassi), que está de passagem pelo Brasil e vai ter que suar a camisa para fugir da marcação de pessoas interesseiras, puxa-sacos, marias-chuteira e jornalistas. Sentados no mezanino, os antigos boleiros continuam lá, botando a conversa em dia, tirando sarro dos ex-companheiros e, claro, bebendo uma cervejinha.
Fuga para a Vitória - Aventura: Em um campo alemão de prisioneiros de guerra o major Karl von Steiner (Max Von Sydow), tem a ideia de fazer um jogo entre uma seleção dos prisioneiros aliados, liderados pelo capitão John Colby (Michael Caine), um inglês que era um conhecido jogador de futebol. Colby também teria a tarefa de selecionar e treinar o time, enquanto os nazistas, planejam fazer de tudo para vencer o jogo e assim usar ao máximo a propaganda de guerra nazista, os jogadores aliados planejam uma arriscada fuga durante a partida. Filme de ação, aventura, esporte e guerra ao mesmo tempo, o filme ainda conta no elenco com Sylvester Stallone e Pelé. O Casamento de Romeu e Julieta - Comédia Romântica: Alfredo Baragatti (Luís Gustavo) é um advogado descendente de italianos e palmeirense roxo, ele criou sua filha Julieta (Luana Piovani) para ser apaixonada pelo time, mas ela se apaixona por Romeu (Marco Ricca), oftalmologista e corintiano roxo. Em nome do amor, Romeu aceita se passar por palmeirense, o que gera desconfiança na família. Comédia romântica bem fraquinha que faz uma releitura da obra de Shakespeare, mas que consegue tirar umas boas risadas ao explorar a rivalidade das torcidas brasileiras
Linha de Passe - Drama: É uma empregada doméstica, Sandra Corveloni (levou o p prêmio de melhor atriz em Cannes) que cuida de seus 4 filhos e está grávida de novo, um deles sonha jogar futebol por um grande time, mas já está passando da idade das peneiras, o filme dirigido por Walter Salles é pura poesia, e relata um sonho extremamente comum nas periferias brasileiras. Outro filme com a mesma premissa é Gol!, mas este tem outras pretensões, ele realmente mostra a trajetória de um jovem pobre latino-americano que vira um ídolo do esporte indo jogar na Europa, o filme foi produzido com o apoio oficial da FIFA. Garrincha estava no auge e seus dribles desconcertantes nas Copas do Mundo de 1958 e 1962, e Botafogo FC foram levados às telas de maneira exemplar, foi o primeiro documentário esportista brasileiro e levou vários prêmios internacionais, recentemente foi feito outro filme sobre a vida dele, Garrincha - A Estrela Solitária, mas este é péssimo, passem longe. Outro documentário sobre um jogador, é Pelé Eterno, que apesar de valer a pena pela ótima compilação dos melhores gols do rei do futebol, é extremamente artificial na tentativa de dramatizar a vida do craque. Uma história de futebol - O curta conta histórias da infância do Rei do futebol. Zuza, companheiro de pelada, relembra as façanhas do menino Pelé nos campos de terra de Bauru. O filme se passa na cidade de Bauru, em 1950, quando o time "7 de Setembro" enfrenta seu maior rival, o "Barão do Noroeste". A produção está disponível para exibição online em www.portacurtas.com.br |
Mensagem de Nick Vujicic e seus pensamentos sobre futebol e a Copa do Mundo.
Vídeo motivacional patrocinado pela Hyundai, estrelado por Nicholas James Vujicic, que conta sua receita para a felicidade, como superar as derrotas em nossa vida. |
13 de junho de 2010
A SELEÇÃO CHEGOU A MERECIDO DESCANSO
Nino Prata Ínclitos leitores, "Brasil está vazio na tarde de domingo, né? Olha o sambão, aqui é o país do futebol" diz a música de Milton Nascimento e Fernando Brant, cantada por ninguém menos que Elis Regina. Hoje resolvo dar um descanso a nossos bravos soldados de Dunga, mas lembro que o general, em represália à repercussão do entrevero entre Daniel Alves e Júlio Baptista, resolveu fechar o treino de sábado aos jornalistas. Se segredo ganhasse jogo, o time da penitenciária - hoje as temos até de segurança máxima (RSRSRS) - ganhava todas as competições. Bem no domingo, 13, a tabela da Copa começa de lascar: Argélia e Eslovênia se enfrentaram, às 8h30 da madrugada daqui, no Peter Mokaba Stadium, em Polokwane. Acho melhor a gente saber um pouco dessas seleções, com base em informações dos Guias Lance e Placar Copa 2010, antes de entrar no confronto propriamente dito. Duas seleções inexperientes A seleção argelina, 31a. no ranking da Fifa, é a mais francesa das africanas na Copa, com a maioria de seus convocados originários da Europa. Nesta de 2010, completa sua terceira participação no torneio (foi 13a. em 1982 e 22a. em 1986). A Argélia já teve seu Zidane, Djamel, que jogou as Copas de 1982 e 1986 com os africanos. Seu filho famoso, Zinedine - o da cabeçada em Materassi, na final da Copa de 2006 -, defendeu com mestria os bleus. Na África do Sul, agora, o astro francês promete torcer para os argelinos - até que fase? Para o especialista Abdelghani Aichuon, de La Tribune, citado no Guia Lance Copa 2010, "ter conquistado o direito de disputar a Copa do Mundo deu ao povo argelino uma alegria da mesma intensidade de quando a equipe venceu a Copa da África. Só que o grupo em que a Argélia foi sorteado conta com fortes adversários: Inglaterra, Estados Unidos e Eslovênia. A dificuldade fará com que os dedicados jogadores se dediquem ainda mais para fazer ainda mais história pela nossa seleção". A Eslovênia, país do leste europeu, sempre teve autonomia no futebol - mesmo com a criação da Iugoslávia, em 1929, reunindo mais 5 repúblicas (Bósnia-Herzegovina, Croácia, Macedônia, Montenegro e Sérvia). O esporte foi levado até lá por húngaros e austríacos, em 1900. A Federação Eslovena de Futebol é de 1920, ano em que foi disputado o primeiro campeonato nacional. Dissolvido o bloco socialista das 6 repúblicas iugoslavas, na década de 1980, a Eslovênia tornou-se independente em 25 de junho de 1991, mas antes disso sua seleção estreou vencendo a da Croácia por 1 a 0. De lá para cá, o futebol evoluiu no país, conquistando a preferência popular, reforçada em participações na Eurocopa de 2000, Copa do Mundo de 2002 e agora na de 2010. Tem apenas 2 gols na competição, para a qual se classificou na repescagem nas duas edições. Ocupa o 23o. lugar no ranking da Fifa. No estádio Peter Mokaba, em Polokwane, as duas seleções ficaram no 1 a 0, para a Eslovênia, numa partida em que oportunidades de gol foram criadas com parcimônia e quase sempre em cobranças de falta ou escanteio. O jogo, horroroso, ou melhor, a pelada ficou mais feia ainda aos 31 do primeiro tempo, com a agressão de um argelino, em cotovelada desferida no rosto de um esloveno, em lance sem bola na área adversária. E ficou por isso mesmo; quem viu foi só a câmera - e Blatter ainda se recusa a usar recursos eletrônicos em casos extremos. Pouco depois, Radosavljevic tomou uma bolada na cara, em jogada grotesca de um argelino que tentava tomar-lhe a bola, numa forte pernada pelo alto; quase foi a nocaute. Chute a gol, mesmo, só aos 41 num arremate de Birsa, de fora da área, para espetacular defesa de Chaouchi, espalmando para escanteio. Um dos tantos que resultou em nada. Enquanto tomava um cafezinho caseiro no intervalo, pensava: coitada da jabulani! Nesse confronto de zebras da Copa, só toma coice. Bem que Felipe Melo chegou a comparar a redonda com patricinhas, ou seria mulher de malandro? A síntese do índice de inexperiência dos dois times foi o camisa 9, Ghezzal: entrou no segundo tempo para ajudar a Argélia a mudar a história, vista da tribuna de honra por Zinedine Zidane. Mas, em 4 lances de que participou, recebeu amarelo, no primeiro, por segurar um esloveno pela camisa; não demorou muito, invadiu a área adversária com disposição, subiu alto e a mão dele, mais ainda, ajeitou a bola para a tentativa de arremate. Levou o segundo amarelo e mais o vermelho. Deve ter-se inspirado no uruguaio Lodeiro, que inaugurou a distribuição de cartões vermelhos na competição, em tempo de jogo semelhante. Era o presente que a Eslovênia queria, ao ficar com um jogador a mais. Não demorou, e aos 34, Koren, de fora da área, chutou sem maiores pretensões, a bola indo mansa, e Chaouchi engoliu o segundo frango da Copa. Não tão suculento como o da inauguração da rodada do Grupo C. A Eslovênia agradece a força dos frangueiros de sábado e de domingo, que colocou a sua seleção na liderança. Zebra por zebra, prevaleceu a esverdeada eslovena. Mais duas quase no mesmo nível Eu estava com o pressentimento de que na partida de abertura do Grupo D, logo mais, no Loftus Versfeld Stadium, em Pretória, em outro confronto de europeus do leste e africanos, Sérvia e Gana não acrescentariam muita coisa a favor do futebol e de seus apreciadores. Sérvios e ganeses, 16o. e 32o. no ranking da Fifa, respectivamente, judiaram menos da jabulani. Os africanos, com domínio e toque de bola mais apurados; os europeus do leste privilegiando a força física, sobretudo na marcação. Não que os jogadores de Gana amaciem nas divididas. Aos 18 do primeiro tempo, Zigik recebe cartão amarelo ao parar avanço cadenciado de dois adversários, na esquerda; aos 25, Vorsah também mereceu o dele, ao dar carrinho por trás em atacante sérvio. Na cobrança da falta, os europeus mostraram que também são cerebrais: em jogada bem ensaiada, faltou a técnica para o domínio da bola e o arremate, já na área ganesa. Quatro minutos depois, em cobrança de falta direto pro gol, deram a entender que ainda são versáteis, sobretudo Stankovic e Kolarov, que dividem a responsabilidade por esses arremates. Pantelic, aos 32, avançou bem e conclui mal o chute pela sua esquerda, com a bola indo morrer nas redes, mas pelo lado de fora. A Sérvia variou mais as suas jogadas de ataque, enquanto Gana abusava dos cruzamentos, benfeitos e mal concluídos, quando não rebatidos pela implacável zaga sérvia. Aos 38, Stankovic mandou o chamado míssil e quase complica a vida de Kingson, que defendeu no susto, em dois tempos. No segundo tempo, aos 14, Asamoah devolveu o susto ao time sérvio, quando subiu no 5o. andar em cabeceio que foi triscar na trave, para desespero de Stojkovic. Aí o jogo começou a entrar na fase das substituições, a começar pela Sérvia, mas aos 21 Lukovic pôs vinagre a mais no seu próprio tempero, ao tomar o segundo amarelo e ser expulso. Mesmo assim, foram da Sérvia as três chances de gol, a partir dos 33, em que Kingson salvou a pátria ganesa em duas defesas precisas: a primeira em chute à queima roupa e, na segunda, ao desviar cruzamento da esquerda do ataque sérvio. Aos 36, em mais um arremate, este de fora da área, Kingson desviou de ponta de dedos por cima do travessão. O goleiro ainda iniciava os contra-ataques, rápidos. Não bastasse estar com um jogador a menos, a Sérvia viu Kuzmanovic fazer pênalti, aos 37, ao desviar com a mão cruzamento perigoso, na sua área. Ainda bem que o juiz argentino viu o lance irregular também. Gyan bateu forte, no alto do canto à direita do goleiro, e converteu o primeiro pênalti da Copa em um bom resultado para as pretensões ganesas. Restou aos sérvios irem ao ataque, como desse, e propiciarem mais contra-ataques de Gana. Num deles, a conclusão do ataque africano foi perigosa, com a bola passando rente à trave esquerda de Stojkovic, ainda não refeito do gol que tinha sofrido; no lance o juiz deu amarelo ao jogador de Gana, por entender erradamente que ele havia matado a bola com a mão. Foi mais no grito dos sérvios, que deram uma de bandeirinha. Aos 46, Gyan assustou de novo a zaga sérvia, ao dominar bem a bola e chutar cruzado: caprichosamente a jabulani, cansada de receber críticas injustas, ou ser maltratada em campo, bateu na trave e voltou pro campo de jogo. Não havia mais tempo pra nada, a não ser aguardar a comemoração, como se fosse de título, tanto dos jogadores africanos quanto da colorida e ritmada torcida ganesa. Chucrutes salvam o domingo Jô Soares costuma dizer, e pelo jeito tem comentarista esportivo que concorda com ele, que "os alemães são aquele povo que joga algo parecido com futebol". Se isso for verdade, está errado o futebol, não a Alemanha, que neste domingo (13) aplicou a primeira goleada da Copa, ao bater a Austrália por 4 a 0, em Durban. Finalmente, uma cidade que dá o próprio nome ao estádio. Belíssimas imagens chegam até nós tanto do estádio como da cidade portuária. Pelas praias e até por ser chamada de cidade dos 365 dias de verão, ali os australianos deveriam sentir-se à vontade. Mas quem ditou o ritmo do jogo foram os alemães. Os gols saíram com naturalidade, de Podolski, Klose, Müller e Cacau -, nascidos de jogadas rápidas e passes precisos. Müller, uma das apostas do técnico Joachim Löw, assim como Özil, Martin, Cacau (este brasileiro, nascido em Santo André, no ABC Paulista), entre outras jovens revelações, formam com os experientes Klose, Lahm, Schweinsteiger, Mertesacker (Galvão Bueno chamou o becão de tudo, menos do jeito que tem de ser, com todas as letras no lugar certo) uma seleção que, mais uma vez, pode brigar pelo título. Não é por acaso que a Alemanha, em 17 edições da competição, é tricampeã do mundo, em 7 finais das quais participou, sediou duas Copas, tem o segundo maior artilheiro daa Copas (Gerd Müller) e briga para superar, nesta, a marca de 15 gols de Ronaldo Fenômeno. Façanha para a qual Klose deu o primeiro passo ontem, ao marcar um dos 4 da goleada. Só não gostei do que li, como saído da boca do técnico alemão: "Eu quero que a gente consiga humilhar os adversários. Tenho a consciência tranquila de que fizemos até agora tudo o que deveríamos ter feito". Até agora, mesmo!!! Não há por que humilhar alguém, nhô Quim! Onde iria parar o flairplay? Basta jogar futebol, à maneira tedesca, pelo que vi neste jogo aprimorada a ponto de a Austrália não ameaçar a meta de Neuer, ter Cahill expulso por entrada violenta em Schweinsteiger (o primeiro cartão vermelho desta Copa aplicado, de cara, sem necessidade de advertência com o amarelo), além de ficar com outros quatro jogadores amarelados. Enquanto isso, sua seleção se deu ao luxo de estar no final da partida com 4 atacantes, como se quisesse ampliar o marcador. Pelo cartão de visitas, a estréia alemã no segundo jogo do Grupo D deve ser motivo de análise dos adversários imediatos e dos que podem cruzar o caminho dos selecionados da Bundesliga - todos jogam em times alemães e têm a menor média de idade de todas as 17 seleções da Alemanha que estiveram em Copas. Quando será que teremos, no Brasil, um técnico corajoso ao ponto de formar uma seleção canarinho só de jogadores brasileiros, atuando em equipes daqui? Frases da Copa "A cerimônia de abertura da Copa rolando, e a Globo passando Ana Maria Braga. a vovózela" (Twitter @microcontos-toscos) "Quis prestar uma homenagem aos brasileiros. Tenho certeza de que vocês serão campeões." (Matk Hovy, funcionário público sul-africano que criou a trombozela, combinação de trombone e vuvuzela. Com ela conseguiu arrancar sorrisos de Dunga, acreditem) "A Argentina... sofreu por falta de contundência" (manchete do jornal La Nacion) Na estrada________________________________________________________ As frases que vêm a seguir rolam na internet como alternativas ao que foi escrito nos ônibus oficiais das delegações. Confira algumas:
Por hoje, é isso. Lembro que o texto desta coluna sai também no site www.cliqueabc.com.br fotos: ebc |
Muito além das vuvuzelas…
Johnny Clegg é um dos filhos mais célebre da África do Sul. Cantor, compositor, dançarino, antropólogo e ativista musical cuja música contagiante, tem uma vibrante mistura de pop ocidental e ritmos Africano Zulu. Explodiu no cenário internacional e quebrou todas as barreiras em seu próprio país. Na França, onde goza de uma enorme prestigio, ele é carinhosamente chamado Le Blanc Zulu – Zulu Branco. Ao longo de três décadas, Johnny Clegg já vendeu mais de cinco milhões de álbuns. Ele já conquistou o público em seus audaciosos shows, ganhou vários prêmios nacionais e internacionais por suas músicas e por suas opiniões abertas sobre o apartheid, as perspectivas dos trabalhadores migrantes na África do Sul, e a situação geral no mundo de hoje. história Johnny Clegg é tão corajoso, arrojada e colorida como o arco-íris do seu país, que ele chamou de lar para mais de 40 anos. |